quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018


ATÉ NA VITÓRIA O INÍCIO É SOFRIMENTO
Benê Cantelli

          Terminando uma palestra, encerrei dizendo que o vitorioso em qualquer atividade, principalmente esportiva, se dá pelo sofrimento, até na subida ao Pódio. Apenas não sente quem por estar com as mãos na taça, já está com sua vitória escrita. Falta apenas provar.
          Incrível como a experiência do sofrimento é o caminho da vitória e do sucesso. A própria Bíblia, norma de conduta dos cristãos, se lê no primeiro capítulo da Carta de São Tiago: “Tendes por grande alegria, o passardes por muitas tribulações. Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações. 3. ^Sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência. 4. Mas, é preciso que a paciência efetue a sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma. 5. Se alguém de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus - que a todos dá liberalmente, com simplicidade e sem recriminação - e ser-lhe-á dada."
          Não poucas vezes ponho-me a refletir: Será que sofremos em razão de merecidos castigos? Será que o advento de problemas em nossas vidas é a resposta devida como castigo?
         De repente, não mais que de repente, lembro-me da mensagem, que Deus não castiga ninguém. O que sofremos é restolho ou consequência daquilo que fizemos.
         Por isso a misericórdia divina está de prontidão o tempo todo. Em verdade, além de não nos castigar, está sempre pronto para nos perdoar. Esse é o nosso Deus.
         Sem embargo, penso que a vida nos entrega mais dissabores do que benesses. Mais “coisas ruins” do que “coisas boas”. Aliás, já ouvi, também, e não poucas vezes, a expressão: “Quanto mais eu rezo, mais assombrações, aparecem”.
          Não deixa de ser muito esquisito, mas é comum ouvir essa frase, como um resmungo ou reclamação endereçada a Deus, dando a entender, que Ele é o culpado.
          Não posso me omitir ou escudar-me. Tive muitas vezes esse pensamento, e sempre colocando outras pessoas em evidência ou em paralelo com Deus, mostrando o que faço e o que outros deixam de fazer. Ledo engano e crasso pensamento, até porque, não sou juiz de ninguém e o que interessa a Deus, com relação ao outro, é apenas aquilo que devo fazer de benfazejo e caridade. Esse deve ser meu único testemunho.
          Vou referir-me, neste contexto, ao que vejo e escuto de pastores evangélicos: Fazem apologia da vitória, do enriquecimento, das curas milagrosas e, em raríssimas ocasiões fazem alusão à cura interior e o papel importante do sofrimento na formação do caráter cristão. São medíocres quando afirmam que todo sofrimento Jesus já carregou na cruz e deles não somos partícipes.  Quando colocados em xeque, mudam a versão dizendo que Jesus, os Profetas, Apóstolos e outros, sofreram apenas para nos dar exemplo.
          E do livro de Jó que colhemos este conhecimento: "Pois o mal não sai do pó, e o sofrimento não brota da terra, é o homem quem causa o sofrimento como as faíscas voam no ar. (Jó 5, 7)".     O fato, portanto, sobre o qual não há diversidade é nem contraditório é que: O sofrimento nos aproxima de Deus, como o perigo coloca a criança mais rápida sobre os braços da mãe.
          Entendo, enfim, que se estou sofrendo é um sinal de que Deus quer me ouvir ou falar comigo. É como a febre em nosso corpo, ela não é outra coisa a não ser um aviso de que algo não vai bem. Creio que, ao entender assim, minha relação com Deus será muito melhor.
          É tudo o que preciso para ser FELIZ.
          Bom dia. Melhores tempos.
                                                              Professor e Campista
                                                            bncantelli1@gmail.com


A LOUCA


            Ao descer do ônibus já deveriam ser quase oito horas da noite. Estava escuro. O coletivo seguiu para o seu destino pelo asfalto e eu ainda tinha que caminhar cerca de 2 km na estrada de chão até chegar à chácara de meu irmão Gabriel, sua esposa e filhos. Ainda bem que havia uma pequena lua para me ajudar a seguir pela estrada sinuosa.
            Já conhecia bem o caminho. Antes do meu irmão e sua família morarem nessa casa, meus pais já haviam morado com meus dois irmãos menores e solteiros: Tadeu e Tiago. Quando Tadeu e Tiago foram estudar na cidade, meus pais resolveram mudar-se também e ofereceram a chácara para o Gabriel. Gostou da ideia e mudou-se com a família, pois adorava cuidar das galinhas, patos, horta... Enfim, da vida no campo.
            Encaixei bem a alça da mochila no ombro, ergui a gola da jaqueta jeans por causa do ar frio, meti as mãos nos bolsos e comecei a andar. De repente vi um vulto bem do meu lado. Como não havia visto aquele rapaz? Ao perceber, ele já estava ao meu lado ameaçando-me com uma faca.
            - Aí dona! Passa a carteira! – disse-me ele.
            Virei meu rosto rapidamente para ele, escancarei minha boca mostrando bem todos os dentes, soltando uma sonora e estridente gargalhada, enquanto apontava o dedo indicador para sua cara.
            O rapaz ficou me olhando meio desconfiado.
            Esbugalhei mais os olhos, mostrei mais meus dentes, aumentei a gargalhada e me babei de tanto rir.
            Junto a essa performance, eu falava ao rapaz, mas ele nada entendia porque eu gargalhava junto com a fala: - Olha sua cara, moço! O que aconteceu? Credo! Você não tem vergonha de sair para a rua com essa cara toda pintada? É branco? Vermelho? Verde? Branco, vermelho e verde? Tudo misturado? Não estou conseguindo entender! Pode me explicar?
            Rapidamente emendei a fala com um tom bem alto, não lhe dando chance de responder: - Não estou acreditando no que estou vendo! E ainda tem a cara de pau de vir conversar comigo com essa cara toda manchada ou pintada? Você não viu que estava assim? Ninguém avisou? Escuta aqui, cara, você não tem amigos, não?
            Nessa altura já não estava mais gargalhando, mas meus olhos continuavam esbugalhados e com meus dentes à mostra: - Infelizmente não tenho espelho aqui. Vem comigo! Segue-me! Vou conseguir emprestado um espelho e você mesmo poderá ver que não estou exagerando!
            Fui caminhando e levando o rapaz comigo, mas sempre sem parar de falar: - Ah, todos falam que sou louca, mas não é loucura! Não estou inventando isso! Você mesmo verá com o espelho. Dizem que não estou louca, que já estou curada, mas como posso estar curada, se nunca fui louca? Curada do quê? Quando estou muito alterada como agora, eles vêm com aquelas agulhas enormes e picam meus braços. Olha só meus braços como estão cheios de picadas.
            Nesse momento tentei puxar a manga da jaqueta jeans para cima, mas não consegui. A performance continuou          e a caminhada pela estradinha de chão também. Já havíamos percorrido quase a metade do caminho:
            - Até que você não é de se jogar fora. Está meio “passado”, desarrumado, desajeitado, mas acho que, para começar, um banho resolve em parte. E esse cabelo? Quanto tempo faz que não passa por um corte e uma lavada? Não! Não vem me dizer que não tem dinheiro! Existem muitos salões de beleza que dão cursos e precisam de modelos para ensinar aos alunos e nada cobram! E esses dentes? Deixa-me ver esses dentes! Abre a boca! MAIS! ARREGANHA ESSA BOCA! NOSSA! CRUZES! Já passou da hora de visitar um dentista, não acha? Não precisa responder. Já sei o que vai dizer: “Não tenho dinheiro, dona”. Pois eu digo a você: vai a um posto de saúde. É isso aí: banho, cabelo e dentes. Do contrário, você não arruma namorada! Quem vai querer você assim? Por falar nisso, tem namorada? Claro que não! Quem vai chegar perto de você? E não se esqueça de tirar essa tinta horrorosa de sua cara!
            Tudo isso falei numa velocidade impressionante, num tom de voz bem alto e sempre com os olhos bem esbugalhados. As ideias iam surgindo e eu ia esparramando palavras em cima do rapaz. Não dei qualquer chance de diálogo ou de resposta. Foi tudo muito rápido!
            Nesse ponto, já estávamos em frente da porteira que dá entrada para a casa do sogro do meu irmão, que fica no lado esquerdo da estradinha de chão. A casa do Gabriel fica cerca de 500 metros dali, no lado direito da estradinha.
            Paramos em frente, fui abrindo a porteira e falando: - Espera aqui. Vou correndo lá na casa buscar o espelho para você ver essa máscara horrível que você está! Cá, cá, cá, cá! Não sai daí! Vou super-rápido! Apenas um minuto!
            Entrei na chácara, fechei a porteira e fui caminhando rapidamente em direção à casa dos sogros do meu irmão. Bati palmas e Dona Beatriz apareceu à porta.
            - Boa noite, Dona Beatriz! Tudo bem? Desculpa chegar a essa hora na sua casa, mas estou indo à casa do Gabriel, porém antes preciso de um espelho emprestado. A senhora pode me emprestar?
            Olhando-me assustada, Dona Beatriz achou meio estranho o fato de eu pedir um espelho àquela hora da noite, mas me emprestou e eu fui em direção à porteira, no entanto o rapaz não estava mais lá. Retornei então à casa da Dona Beatriz e contei o que havia ocorrido. Ela me disse que eu deveria me acalmar, pois deveria ter sido minha imaginação ao caminhar pela estradinha de chão, numa noite enluarada. Então telefonou para o Gabriel para que ele viesse me buscar. Escutei quando ela informou ao meu irmão que eu estava muito agitada.
            Logo que o Gabriel chegou, contei tudo a ele novamente, da mesma maneira como havia narrado para Dona Beatriz. Percebi que trocaram um olhar. Ambos falaram que eu deveria me acalmar que eu estava muito agitada, que deveria ser fruto da minha imaginação por causa da noite enluarada, etc.
            Seria imaginação? Estou louca? Já fui louca? Tenho que tomar calmantes? Será que tomei meus remédios hoje? Será que não havia ninguém me acompanhando na estrada? Não havia faca? Nem tentativa de assalto?
            Por via das dúvidas, na saída, ao passarmos pela porteira da chácara da Dona Beatriz, sem que meu irmão percebesse, larguei o espelho em cima do tronco de madeira. Quem sabe apareceria alguém com a cara pintada precisando de um espelho?
            Continuamos nossa caminhada pela estrada de chão em direção à casa do Gabriel quando ele me olhou, olhei para ele e sorrimos um para o outro em cumplicidade: - Puxa mana, você está se tornando uma excelente atriz! Conseguiu enganar até minha sogra! – disse-me ele dando risada.
            Essa estória não é baseada em fatos reais. Qualquer semelhança com a realidade trata-se de mera coincidência. Ela e seus personagens foram por mim inventados; são frutos da minha imaginação (ou será que não? Cá cá cá cá cá).

Simone Possas
(escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com)


Nota da Autora:
- Conto escrito em agosto/2010
- Publicado no blog: simonepossasfontana.wordpress.com.br
- Publicado no livro Mosaico, Editora Gibim.
- Publicado no site: www.recantodasletras.com.br


terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

A Fila do Inferno




Nesses últimos dias o povo soteropolitano tem passado por grandes provações, com essa atualização do título de eleitor, para usar a biometria.
Todos nós sabemos que o brasileiro gosta de fazer tudo na última hora, mas da forma que foi feita, impondo aos eleitores a passar   o dia inteiro sob o  sol e/ou chuva, é um verdadeiro atentado à democracia, se o TSE inventou que queria colocar a biometria, pelos seus motivos, que também proporcionasse uma forma melhor de fazer esse infame recadastramento, fazendo com que as pessoas sofram menos  do que já sofrem, com  um país corrupto como esse.
Através dessa fila do inferno, muitas pessoas foram passar a noite para enfrentar o caos durante o dia, teve muita gente que passou mal, saindo carregado,  com medo de perder o pouco das vantagem  de ser cidadão brasileiro, principalmente porque não deveríamos nem ser obrigados a votar, que no final iremos votar até em quem não queremos, mas  isso já é o outro assunto.
Com tanta bandalheira e corrupção, ainda somos obrigados a pegar essa tal fila do inferno, onde nessa mesma fila, falamos mal, esbravejamos, prometendo que esses tais, não irão ser eleitos, mas no final termina tudo igual, condenado sendo eleito e “santinho” sendo desmascarado e condenado,  até quando Brasil iremos sofrer?




Marcelo de Oliveira Souza,IWA -  Salvador - BA - Brasil
Escritor e  Organizador do Conc Lit Poesias sem Fronteiras
Instagram: @marceloescritor


Marcelo de Oliveira Souza, IWA - Salvador - BA - Brasil


Escritor Carioca Radicado na Bahia ganha mais dois prêmios pela  ALTO


O Escritor Carioca Radicado na Bahia, Marcelo de Oliveira Souza, IWA; organizador do concurso literário Poesias sem Fronteiras e do Prêmio Literário Escritor Marcelo de Oliveira Souza,  iwa; autor dos livros A Sala de Aula; Conto e Reconto; Confissões Poéticas;  Sobrevivendo e Mundo Poético, tem o prazer de comunicar que ganhou o diploma referente ao 13° lugar no Prêmio Literário Gonzaga de Carvalho, pela Academia de Letras de Teófilo Otoni MG com a crônica “Na Carona” ainda foi laureado por essa mesma entidade com o troféu de diploma por sua  divulgação das atividades acadêmicas.
Onde faz a questão de externar o seu agradecimento pelas honrarias à presidenta Maria Augusta de Andrade Farina, secretário Wilson Colares da Costa, vice-presidente Antônio Jorge de Lima Gomes e a todos que compõem essa majestosa entidade, reiterando que estaremos sempre à disposição para colaborar e divulgar essa entidade que valoriza todos os escritores do Brasil, que integram o seu quadro acadêmico.  
Agradecemos a todos e todas que acompanham a nossa trajetória e se regozijam com as nossas vitórias.



Marcelo de Oliveira Souza, IWA -  Salvador - BA - Brasil
Escritor e  Organizador do Conc Lit Poesias sem Fronteiras
Instagram: @marceloescritor
3 anexos


Reflexão do Carnaval - 11/02/2018.


No Brasil o Carnaval é uma festa primorosa, a mais amada e até a mais odiada do mundo, pelas suas diversas vertentes, os que amam ficam desesperados para que não termine; os que odeiam, saem do sério, ficam enclausurados dentro da psicose, ódio à festa momesca.
Ser extremista nunca é bom, não existe verdade absoluta, precisamos analisar friamente os números e ver se a dita “Festa da Carne” tem a sua serventia, onde aqui em Salvador, o evento começa praticamente uma semana antes, na região da Barra, zona mais do que nobre da nossa capital.
Dizem aqui,  que a melhor festa é justamente a que começa antes, menos pessoas, mais turismo para nossa soterópolis.
A grande dificuldade de muita  gente aceitar essa festa é às vezes sobre a questão da violência, num país que está dominado por esse sofrimento, de norte a sul. Outras pessoas ainda comentam que diante dessa crise toda, como fazer carnaval?
Só que esse evento, movimenta muito dinheiro na cidade, nosso “pequeno cabeçudo”  que o diga, soube aproveitar o evento e fazer uma bela festa.
A nossa cidade está entre as mais visitadas nessa época, abaixo justamente do Rio de Janeiro, que tem um grande problema nas mãos, a má gestão, só para iniciar, mas não quer dizer que os nossos conterrâneos, estejam alheios a toda essa problemática, onde as duas escolas de samba, vencedoras desse ano fez um festivo relatório de todo sofrimento que passa o Rio e o resto do nosso país, onde as letras serão temas para muita discussão e reflexão, mostrando todas essas mazelas pelo  qual passa o nosso “gigante adormecido”.
As escolas mostraram brilhantemente que Carnaval não é festa de alienado, infelizmente alienado tem em todos os eventos, até quem não festeja pode ser também alienado alheio a todos os problemas nacionais.
Acredito que a nossa sociedade está mudando, devido a diversos fatores, inclusive a globalização é uma verdadeira revolução digital, as notícias caminham tão rápido que não conseguimos acompanhar, durante a questionável festa teve muita facilidade de informação, presenciamos atos jamais noticiados pela mídia, pois a mesma não pode estar em todos os lugares, a imagem é uma subjetiva reportagem, cada um vê e faz a sua reflexão sobre o Carnaval, onde uns já oram, rezam,  para que a festa não termine, outros imploram ao deus festivo, que não termine a gandaia, o mundo ilusório, pois após a quarta acinzentada, o “Gigante Adormecido”, desperta moderadamente  para seus problemas.




Marcelo de Oliveira Souza,IWA -  Salvador - BA - Brasil
Escritor e  Organizador do Conc Lit Poesias sem Fronteiras
Instagram: @marceloescritor



AS OITO ROSAS


Eram oito rosas reunidas. O dia estava perfeito: sol e calor! O que mais uma rosa poderia querer?
            Tinha rosa com pétalas amarelas, brancas, pretas e mechadas.
            Tinha rosa de todas as idades: de trinta a oitenta anos. Tinha desde a rosa exuberante por sua longa experiência de vida até a rosa novata e aprendiz.
            Tinha rosa avó, rosa mãe, rosa madrasta e rosa tia.
            Tinha rosa solteira, casada, separada, viúva e rosa namorada.
            Tinha rosa cozinheira, psicóloga, professora, funcionária pública, do lar, aposentada, artesã, pintora, tradutora, artista e política.
            Todas tinham algo em comum: o sorriso e o amor pela literatura!
            Tudo começou porque a rosa mais nova estava triste, pois percebera que o tempo ia passando rapidamente, ela se envolvia com afazeres diversos e não estava mais se encontrando com as outras rosas. Então resolveu chamar as rosas-amigas para uma reunião festiva com café, tapioca e muita conversa boa.
            A rosa anfitriã, afável e cordial como lhe era peculiar, conseguiu que todas as rosas se sentissem como se estivessem em seu próprio jardim! Decorou com muito carinho a mesa do lanche com as cores da Inglaterra: vermelho, azul e branco. Essas cores predominavam nas toalhas, nas louças, nos arranjos florais, nas cadeiras e até nos guardanapos e nos cartões com os nomes de cada rosa. Uniu elegância e simplicidade; graciosidade e singeleza; exuberância e candura.
            Às quatro horas da tarde do sábado, as rosas foram chegando. Cada uma trazia um “agradinho” para o lanche: queijo, doce de leite, chocolate, morangos, etc.
            A rosa psicóloga trouxe para a rosa anfitriã um lindo tapete de crochê confeccionado por ela mesma. Outra trouxe arranjos em origami. E todas chegavam com livros de sua autoria para trocar entre elas.
            Assim que todas chegaram, a rosa anfitriã pegou uma placa que estava na parede e mostrou para lerem. Todas aprovaram com muita alegria. Na placa estava escrito: proibido falar sobre religião e política.
            Após muitas gargalhadas, a reunião festiva prosseguiu.
            Nem todas as oito rosas se conheciam pessoalmente, claro. Algumas se conheciam apenas pela internet, mas a alegria reinava como se amigas de infância fossem. Às vezes conheciam a obra, mas não conheciam a autora! E esse encontro era a oportunidade que faltava para saber quem é ou pelo menos ter uma noção da rosa-autora.
            Todas as rosas falavam entre si, conversavam sobre tudo, desde artesanato, culinária, maquiagem e família, até relacionamentos conjugais, sexo, depressão e suicídio. E como não poderia faltar num encontro de rosas-escritoras, falaram em livros, capítulos, prefácio, editoras, etc.
            Nessa festa apareceu até um cravo! Mas esse cravo não brigou com a rosa como na cantiga popular infantil. Era um cravo estrangeiro e como ele não entendia muito bem a língua portuguesa, não se escandalizou com as conversas que ouviu!
            Ao lado da mesa do lanche, foi preparada outra onde foram colocadas as obras literárias para a troca entre as rosas. Após escolher o livro, cada rosa-leitora dirigia-se até a rosa-autora  para a sessão de dedicatória, além da apresentação de vários projetos literários das rosas poderosas e criativas, tudo registrado com fotos feitas pelo gentil cravo.
            No final, todas as sorridentes rosas reuniram-se num glamoroso e colorido ramalhete. Ou num jardim? Ah! Não importa! O que interessa é que estava tudo perfeito!


Simone Possas
(escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com)