quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Mais da Simone em 05/09/2018


IMPORTÂNCIA DA RECOMENDAÇÃO DE LIVROS PARA AQUISIÇÃO DO HÁBITO DA LEITURA

 

 

          Através de estudos, ficaram demonstrados que são três os objetivos para entender o valor do costume de ler: por prazer, para estudar e para se informar. Na leitura feita por prazer desenvolve-se a imaginação, cria-se imagens, representações e fantasias, enriquecendo o vocabulário; a leitura dirigida para o estudo é a mais exigida pelos docentes desde os primeiros conhecimentos no ensino fundamental e a leitura feita de forma relaxada e serena é uma das melhores maneiras de aquisição de informações, através de livros didáticos, artigos científicos, textos informativos, etc.

          Claro está que para efetuar qualquer um desses três tipos de leitura, deve-se adquirir o hábito, pois através dele desenvolve-se o intelecto e adquire-se conhecimento. Não precisa ser um costume monótono e invariável, existem leituras de entretenimento e diversão assim como livros técnicos. Esses últimos fornecem conhecimento sobre determinado assunto, enquanto os outros aperfeiçoam o vocabulário e incentivam a argumentação e raciocínio.

          Esse hábito da leitura deve ser inserido na vida desde criança. Os pais devem dar o exemplo lendo para ela e mostrando como pode ser divertido ter esse hábito. Além disso, podem despertar a curiosidade, ofertando livros para a criança manusear, tendo uma pequena biblioteca, criando histórias, estimulando a embarcar em aventuras e dando chance de iniciar a pensar sobre o que está contido nos livros ao falar sobre eles. Os efeitos serão: excelente qualidade no desempenho escolar, facilidade na alfabetização, pronúncia correta e fixação da grafia das palavras, facilidade na comunicação e, consequentemente, um adulto mais firme, seguro e habilitado.

          O adulto que se utilizou da leitura desde criança, está muito mais preparado para a vida, pois criou o costume de ler. Consequentemente lê muito e escreve bem. A leitura melhora a aprendizagem, incentivando a atividade da memória, aperfeiçoando a aptidão suscetível de interpretação, impulsionando o raciocínio, oportunizando ao leitor amplas noções sobre vários temas e matérias e capacitando-o a fundamentar bem suas ideias e opiniões.

          O professor, sabedor que o hábito da leitura desenvolve o intelecto e facilita a aquisição de conhecimento, deve desconstruir aquele pensamento de que a leitura é um costume monótono, pois leituras de entretenimento são tão eficazes quanto os textos técnicos, trazendo benefícios para a vida acadêmica. Deve incentivar seu aluno a ler texto que o agrade, de variedades e curiosidades com linguagem leve e divertida, diariamente. Essa leitura diária feita sem muita pretensão, relaxante, sem o “massacre” da obrigação, auxilia na memória fazendo o estudante armazenar uma maior quantidade de informações.

          Difícil tarefa para o professor, pois se defrontará com dois grupos distintos de alunos: aqueles que receberam incentivos à leitura através da influência da família e aqueles que têm ojeriza por não terem adquirido esse hábito. Seu papel então é o de incentivar a leitura demonstrando reação favorável, informando os textos adequados de acordo com a conveniência e idade deles, assim como estimulando o costume de se utilizar do livro como origem de informação e busca. Não deve pressionar nem obrigar. A leitura deve ser feita por prazer. Isso levará ao uso continuado da leitura provocando a capacidade de analisar, adquirindo conhecimento, aprendendo a debater, questionar, criticar e opinar sobre o livro.

          Em sala de aula, deve provocar o aluno para a criação e organização ou a ampliação de uma biblioteca com acervo de livros para leitura despojada, visando convencer aqueles que ainda não tem o hábito da leitura, assim como livros para pesquisa. Deve ser um local atrativo, estético e aconchegante, ter boa disposição dos livros e com acesso e manuseio facilitados. O conteúdo do acervo deve ser variado para satisfazer os diferentes leitores.

          Pode ainda propor outras atividades diversas como concursos, mural e dramatização de textos criados pelos alunos, saraus com leitura de poesias, reuniões para contar histórias, oficinas, debates, etc. Isso levará o aluno a familiarizar-se com a leitura, desenvolver a capacidade de criar, inventar e imaginar; adquirir instrução; debater ideias; aperfeiçoar o conhecimento e obter valor e distinção.

          O professor deve recomendar literatura de boa qualidade, despertando motivação, com gêneros variados que ao mesmo tempo em que são utilizados para diversão, incentivo na imaginação, com personagens atrativos, também servem para estudar, aumentar o conhecimento de outras culturas, comportamentos, posturas e valores. Será atingida assim, a finalidade de produzir um leitor que pratique com eficiência o hábito da leitura e propenso à crítica e à análise.

          É necessária e importante sua orientação para intermediar as leituras de interesse lúdico com outros ensaios narrativos.


Simone Possas Fontana
escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: www.simonepossasfontana.wordpress.com



INTERVALO DA VIDA


No intervalo da higiene matinal, caminho.
No intervalo da caminhada, tomo chimarrão.
No intervalo do chimarrão, leio jornais.
No intervalo da leitura dos jornais, tomo café da manhã.
No intervalo do café da manhã, escrevo um livro.
No intervalo do livro, recebo/envio e-mails.
No intervalo da Internet, almoço.
No intervalo do almoço, trabalho.
No intervalo do trabalho, janto.
No intervalo do jantar, assisto tv.
No intervalo da tv, tomo banho.
No intervalo do banho, amo.
No intervalo do amor, durmo.
No intervalo do sono, rezo.
No intervalo da prece, acordo.
Acordo para mais um intervalo da vida ou uma vida de intervalos.



Simone Possas Fontana
escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,






Acadêmica Simone Possas


05 de setembro de 2018.


Canção a Deus



                                               Aqui estou na tua frente
                                               E chorando me torno mais gente
                                   BIS      Contigo que eu tanto amei
                                               Contigo que eu tanto amei

                                               Muito rezo por meu amigo
                                               E a ele dou a boa vinda
                                   BIS      Se está aqui ou já tenha ido
                                               A ele dou a minha vida.

                                               Gosto muito do meu irmão
                                               E a ele dou a minha mão
                                   BIS      A ele que eu tanto amei
                                               A ele que eu tanto amei.

                                               Procuro pela minha paz
                                               Certeza tenho de que me darás
                                   BIS      Peço a Ele a quem tanto amei
                                               A Ele a quem tanto amei.


Simone Possas Fontana
escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com


Nota da Autora:
- Canção escrita aos 17 anos de idade.
- Publicada no blog: simonepossasfontana.wordpress.com.
- Publicada no Suplemento O Peixeiro, do Jornal Agora de Rio Grande-RS em abril/2013
- Publicada no site: www.recantodasletras.com.br
- Publicada no livro: VII Coletânea da Academia Riograndina de Letras (Editora Casa Letras, 2013)



Casquinha de Amendoim

            Olá! Aqui estou novamente: Ana, a faxineira feliz! Vou contar-lhes o que aconteceu na última segunda-feira:
            - Ana! Como você consegue varrer e assobiar ao mesmo tempo? E esse sorrisão? Está feliz por encontrar tanto lixo para varrer?
            - Ô Dona Isabel! Não vejo lixo; vejo alegria!
            - Alegria? Mulher de Deus! Onde está a alegria? Essa casquinha de amendoim torrado parece que proliferou! Estava no chão da sala, depois se espalhou para o banheiro e sacada e até nos quartos ela chegou! Pode me explicar cadê a alegria nisso? – disse minha patroa, exaltadamente.
            - Posso. Vou dar um exemplo: a senhora está andando na rua e encontra flores espalhadas pelo chão, que caíram de um ipê, de uma sibipiruna ou outra árvore. O que a senhora vê e pensa?
            - Vejo um monte de lixo e penso: - Nossa! Que calçada suja! Onde andará a dona dessa casa que não a varre logo!
            - Pois eu vejo um lindo tapete de flores! Onde a senhora vê lixo, vejo flores! – expliquei de maneira educada.
            - Hum...
            - Outro exemplo: - Se a senhora está fazendo caminhada pelas ruas da cidade e encontra uma calçada muito irregular, cheia de buracos, lajotas quebradas e com piso levantado pelas raízes das árvores. O que pensa?
            - Resmungo, falo mal e ponho a culpa nos donos das casas que não consertam as calçadas e no prefeito que não fiscaliza adequadamente para as pessoas poderem transitar com segurança. – rispidamente respondeu-me.
            - Ham ham. Pois eu vejo aquele equipamento que tem nas academias... Aquele que a senhora me explicou num dia desses... Aquele que fica no sobe-e-desce-sobe-e-desce...
            - Step?
            - Isso! Subo e desço os buracos e obstáculos das calçadas como se estivesse fazendo exercícios num step da academia!
            - Tá. Entendi. E quanto as cascas de amendoim?
            - Vejo essas casquinhas de amendoim como um sinal de alegria! Aqui neste lar teve alegria ontem, pois sei que houve reunião da família ou de amigos; se confraternizaram, deram risadas, conversaram. Já pensou encontrar uma casa sempre limpinha e brilhando? Sem casquinha no chão? Lembra casa vazia, triste, solitária, apática e depressiva! – relatei calmamente.
            - Ah! Entendi!
            - Sabe aqueles gritos das crianças brincando na quadra de esportes, que sempre lhe incomodam? Para mim lembra saúde! Criança que fica amuada, retraída num canto pode estar triste ou doente!
            - É. Sei disso. Você tem razão, mas esse é meu jeito! Gostaria de ser como você Ana! – sentando no confortável sofá e indicando elegantemente com umas batidinhas de mão, para eu sentar ao seu lado.
            - Não diga uma coisa dessas, Dona Isabel! Imagina! A senhora é uma arquiteta competente. Estudou muito e trabalha bastante! E eu sou uma simples faxineira!
            - Uma faxineira feliz! Como consegue?
            - Ah Dona Isabel... É como se eu tivesse recebido um convite para levar alegria aos outros! – disse-lhe humildemente.
            - Um convite? Como assim?
            - É... Não sei explicar direito. É como se eu tivesse essa missão: transformar as casquinhas de amendoim em alegria!
            - Mas você não tem problemas para resolver?
            - Tenho minhas necessidades, fraquezas e angústias – como todos têm!
            - E não fica triste nunca? – quis saber mais.
            - Fico às vezes. Hoje mesmo ainda vou ao hospital visitar minha neta, mas quero chegar alegre! Sei que lá tem médicos e enfermeiros competentes e que está recebendo o tratamento adequado. Procuro sempre ver sempre o lado bom das coisas! Mas quer saber quando fico mais triste? Quando enfrento o coração de pedra e cabeça dura de muitos. É essa dureza no coração que tento quebrar com minha alegria e otimismo.
            - É essa sua “missão”, como você diz?
            - Sim! É nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições e nas angústias sofridas que sinto uma vontade enorme de dar uma palavra de carinho. É para os empobrecidos e rejeitados da sociedade! – tentei explicar-lhe.
            - Mas isso é missão das autoridades, Ana!
            - Pode até ser, Dona Isabel, mas eu coloco essas autoridades e todos os responsáveis pelo bem comum, nas minhas orações para que sejam conduzidos na justiça e na honestidade; para que as lideranças das comunidades sejam acolhidas e valorizadas.
            - Isso é bonito de se ouvir...
            - Bonito seria se conseguisse livrar os corações da arrogância e do orgulho... Isso alimenta o desprezo por pessoas e grupos. Sei que isso não é fácil, mas queria ser uma luz na vida das pessoas... Transmitir amor...
            - Mas você é uma luz, minha querida! Você é uma sábia, mesmo sem ter frequentado uma universidade! – disse-me.
            - Pois é... As pessoas se admiram como a senhora e outras até se escandalizam ao ouvir falar de amor. Como uma simples faxineira pode saber usar palavras adequadas para transmitir a paz? Sou gente simples. Meu trabalho é manual; não tenho tempo para meditar e pensar em Deus, mas eu digo: para falar de amor não precisa ser especialista!
            - Estou lhe entendendo, mas você fraqueja às vezes? Pergunto por que quero mudar, mas tenho medo...
            - Enfrento obstáculos... Algumas pedras no caminho, mas é preciso superar os preconceitos, mudar a mentalidade, ver além da aparência e enxergar as pessoas como irmãs.
            - É muito difícil para mim... Acho que isso é para padres e freiras.
            - Aí você se enganou, pois independe de religião! Têm pessoas que ajudam aos outros fazendo arte com as mãos ao esculpir madeira, pintar, escrever, curar doentes... Outras ajudam com música e assim por diante. E eu? Aproximo-me das pessoas e conto histórias...
            -... e transforma casquinhas de amendoim em alegria! – completou alegremente.
            - Isso mesmo!
            - Como posso ser útil? – disse-me segurando minhas mãos.
            - Dona Isabel! Sua vida é um convite para ir além! Com sabedoria e no suor de cada dia, invista em favor dos outros! Desdobre-se no amor generoso!
            E continuei: - É importante não se esquecer de agradecer. Eu AGRADEÇO A OPORTUNIDADE DE AGRADECER! E lembre-se sempre das alegrias das CASQUINHAS DE AMENDOIM.
           

Simone Possas Fontana
escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com



Final de Semana

            19 horas. Sábado. Estamos saindo da igreja. Felizes e com as almas lavadas. Alma lavada mesmo, porque a missa foi tão boa que ficamos emocionados. Eu e o G soltamos as vozes nas canções.  Foi muito bom!
            Vamos ao aniversário do D, primo do G que mora próximo a nossa casa. Toca o celular. G atende sem parar o carro.  É minha cunhada E querendo dicas de barzinho com música ao vivo. G indica o bar e combina que nos encontraremos lá em 1 hora. Acho que esse telefonema foi abençoado! Já faz algum tempo que estávamos esperando por essa oportunidade de encontrar a família, bater papo e nos divertir.
            Chegamos à casa do primo do G, mas ficamos pouco tempo. Apenas cumprimentamos o aniversariante, fizemos uma horinha por ali e corremos para o bar. Estávamos ansiosos para encontrar meu irmão, cunhada e sobrinho.
            Fomos ao bar Toda Hora. Cerveja gelada... Música ao vivo... Músicas das antigas... Voltamos ao passado, recordando nossa adolescência.
            Cunhada E, com seu novo corte de cabelo e macacão tomara-que-caia preto e branco (também novo), cantou, sacudiu os ombros, levantou os indicadores, estava feliz; parecia que havia bebido cerveja, mas ela estava apenas tomando refrigerante!
            Se ela estava feliz, imagina eu!
            Meu irmão F, que normalmente é quieto, estava falante e alegre! Contamos também com a presença do meu sobrinho D, o qual nos apresentou sua nova namorada. D também não bebeu cerveja, pois estava tomando remédios, por causa de uma provável dengue. Estava fazendo os exames solicitados pelo médico e não quis abusar.
            Todos na mesa cantamos e nos divertimos. Foi uma excelente reunião familiar!
            Depois de muita cantoria, decidimos fazer um lanche numa pizzaria próxima do bar. Estava lotada, mas a cerveja gelada, a pizza deliciosa e o ambiente agradável da nossa mesa não deixaram o mau humor chegar, mesmo com a demora da segunda pizza!
            Combinamos almoçar um churrasco na casa do mano F no domingo próximo.
            Domingo levantamos cedinho, como sempre fazemos. Tomamos chimarrão, lanchamos e fui para o computador esperar chegar às 10 horas, que era o horário combinado para o churrasco, mas às 9 horas o G já queria ir! Cedinho ele comprou a carne e refrigerante (já havíamos bebido bastante cerveja na véspera)! Estava muito ansioso. Parecia uma criança. Não posso negar que eu também estava “louca” para ir. Então fomos!
            Não me arrependi de ter ido cedo, porque estava tudo muito gostoso.
            Ao chegarmos, mano F tinha acabado de passar café; D e E estavam acordando. Fomos à área de lazer porque o F já iria aprontar as carnes nos espetos.
            Quando acordaram, após os cumprimentos normais, dei à E um jogo de paninhos estampados com frutas, coloridos, para enfeitar a cozinha dela. Havia comprado o pano na cidade de Pedro Juan Caballero-PY no feriado de carnaval quando lá estive. Cortei os paninhos e fiz bainha. Disse-me que vai fazer bicos de crochê ao redor de cada pano. Fiquei feliz porque gostou de minha lembrancinha.
            Enquanto o “churras” estava assando, F perguntou se eu queria tomar chimarrão e rapidamente a E já o preparou para nós. D ligou o videocassete e assistimos um DVD muito engraçado do Guri de Uruguaiana. Soltei o riso... Deixei correr frouxo... Na verdade, dei muuuuuuuuuuuitas gargalhadas! Estava muito divertido!
            Minha sobrinha C e seu marido C chegaram mais tarde, um pouco antes do almoço, na hora do tira-gosto: coraçãozinho de frango e linguiça.
            E preparou arroz branco, mandioca e uma salada MA-RA-VI-LHO-SA: rúcula, azeitonas verdes, pepinos em conserva. Pelo menos acho que era isso que continha a salada; porque só vi de longe; não quis me servir porque não gosto de rúcula (Ah se fosse almeirão!). Nada falei para minha cunhada porque a salada estava tão bonita e todos comiam com tanto gosto, que tenho certeza de que estava deliciosa!
            Após o almoço, E foi lavar as louças. Ajudei a retirar a mesa e a terminar de limpar a cozinha. Ficamos apenas os dois casais: eu/G e F/E, batendo papo ao redor da mesa, enquanto os outros dois casais: D/namorada e C/C foram para a sala de televisão.
            Aí bateu aquela preguiçazinha pós-almoço e fomos embora.
            Sabe qual foi nosso comentário dentro do carro ao retornarmos para casa?
            - Estava muito bom! Não é, nega? Ambiente tranquilo... Gostoso...
            - Sim amor! Estava excelente! Fazia muito tempo que não passávamos um final de semana tão bom assim!
            OBRIGADA MANO F, E, D E C!
            ESPERAMOS PODER RETRIBUIR A HOSPITALIDADE EM BREVE!


Simone Possas Fontana
escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com



           FUTURO POETA

                        Não sei SOBRE o que escrevo.
                        Talvez fale das matas e dos rios.
                        Também não sei se devo
                        Falar do verde e ar puro.
                        Será que todo mundo viu?
                        Não sei POR QUE escrevo.
                        Talvez para desabafar,
                        Talvez um pouco de medo
                        Que tudo irá acabar.
                        Não sei ONDE escrevo.
                        Será em casa, na rua,
                        No quintal, no arvoredo.
                        Minha cabeça não é a mesma.
                        Será melhor a tua?
                        Não sei QUANDO escrevo.
                        Ao clarear ou entardecer.
                        Será tarde ou será cedo?
                        Será antes do padecer?
                        Não sei COMO escrevo.
                        Será em verso ou em prosa?
                        Não quero parecer um peso,
                        Nem quero ficar famosa.
                        Não sei QUANTO escrevo.
                        Verso muito ou verso pouco.
                        Demais não sei se devo,
                        Serei considerado um louco.
                        Tentarei de várias maneiras
                        Escrever, pois estarás lendo.
                        Cuidarei não sairá besteira,
                        Pois gentil estarás sendo.
                       
Simone Possas Fontana
escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: www.simonepossasfontana.wordpress.com


Nota da Autora:
- Poesia escrita em julho/1980, aos 18 anos de idade
- Publicada no suplemento O Peixeiro do Jornal Agora, de Rio Grande-RS em março/1981
- Publicada no blog: www.simonepossasfontana.wordpress.com.br
         

  
HOJE FIZ ALGUÉM SORRIR
(texto escrito aos 17 anos de idade)

- HOJE FIZ ALGUÉM SORRIR,
pois visitei uma velhinha esquecida pelos filhos e netos. Seu marido faleceu há alguns anos. É muito solitária.
- HOJE FIZ ALGUÉM SORRIR,
pois fui gentil com um idoso que pedia informações na fila do Correio. Ficou muito agradecido e até vi lágrimas em seus olhos.
- HOJE FIZ ALGUÉM SORRIR,
pois dava ajuda necessária a todos que me pediam, sempre com um sorriso nos lábios, mesmo que tivesse que forçar um pouco, porque estava cansada no final de expediente.
- HOJE FIZ ALGUÉM SORRIR,
pois deixei entrar em minha casa uma menina muito pobre. Viu televisão e lanchou. Ao se despedir, meio encabulada falou: “- É a primeira vez que alguém não me trata como mendiga.”. Essas poucas palavras fizeram-me refletir: quantas vezes poderíamos fazer as pessoas felizes e não o fazemos por falta de tempo? Preguiça talvez? Ou ainda, quem sabe, por vergonha???
- HOJE FIZ ALGUÉM SORRIR,
pois ajudei minhas irmãs nas tarefas escolares, mesmo que isso me fizesse perder meu programa favorito na tv ou deixar de ir a uma festinha. E confesso: senti-me muito mais feliz de ver a felicidade estampada nos rostinhos agradecidos de minhas irmãs do que se tivesse assistido a algum filme ou ido a alguma festa!
- HOJE FIZ ALGUÉM SORRIR,
e esse alguém era minha mãe. Ela sorriu porque tem orgulho de me ter como filha. Não por ser o que sou, mas por amá-la tanto quanto me ama.
- HOJE FIZ ALGUÉM SORRIR,
ao sentir que uma amiga estava com problemas. Deixei ela se abrir e desabafar. Não lhe dei conselhos porque acho que não tenho capacidade para tanto. Apenas a escutei, deixe desabafar e contei-lhe alguns detalhes de minha vida, que também não é perfeita. Depois de agradecer e abraçar-me, ela chorou.
- HOJE FIZ ALGUÉM SORRIR,
e descobri o que é ser amigo já que fiz o bem para algumas pessoas. Como é bom saber amar! Gostaria de ter um alto-falante em minhas mãos para poder gritar a todo volume como é fácil ser gentil e amável com as pessoas. Repito: como é bom saber amar!
- HOJE FIZ ALGUÉM SORRIR,
Porque eu amei!


Simone Possas Fontana
escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: www.simonepossasfontana.wordpress.com



                                                        Hoje Recebi Um Sorriso
(texto escrito com 17 anos de vida)

            Hoje recebi um sorriso…
            Esse sorriso foi como um aperto de mão, uma palavra amiga, um abraço fraterno.
            Hoje recebi um sorriso...
            E foi um momento muito bacana para mim. Imagine a cena: estou trabalhando e nesse trabalho às vezes tenho que lidar com dinheiro. Faço contas... E mais contas... E ao final da contagem, percebo que está faltando uma certa quantia. Fico preocupada (na verdade, apavorada!). Retorno ao Banco e noto que o erro não foi meu e é aí que recebo um sorriso da atendente de caixa, funcionária novata. Seu sorriso é um pedido de desculpas. Retribuo o sorriso, desculpando-a!
            Hoje recebi um sorriso...
            De uma recepcionista em um consultório médico. Estava nervosa e preocupada, mas ela, com seu sorriso meigo e com muita bondade, conversou comigo deixando-me calma, serena, tranquila. Agradeço a essa moça e a tantas outras que sabem, com seus sorrisos, deixar os pacientes à vontade enquanto esperam o momento de serem atendidos pelos médicos.
            Hoje recebi um sorriso...
            De um conhecido que não via há bastante tempo. Passou rápido por mim, cumprimentou-me e sorriu! Foi como se tivéssemos parado na rua, nos abraçássemos e ele me dissesse: “- Poxa cara! Quanto tempo faz que não batemos um papo?”. Obrigada aquele companheiro que sabe a importância de um sorriso para um amigo distante!
            Hoje recebi um sorriso...
            Foi dos componentes do grupo de jovens o qual participo. Sorrisos sinceros e alegres que diziam: “Como é bom te ver novamente! Como é bom te termos aqui!”. Obrigada a esses amigos que, com seus sorrisos, sabem se fazer cativar.
            Hoje recebi um sorriso...
            De dois amigos que estavam num ônibus, prontos para viajarem para uma cidade distante. Acenaram e sorriram. Sorriram com lágrimas, já sentindo saudades mesmo antes de partirem. Nessa conversa silenciosa, na troca de sorrisos, captei a mensagem: “Não te preocupes. Voltaremos logo”. Sorri de volta de maneira fortalecedora e encorajadora, como um tapinha nas costas a dizer: “Boa viagem. Vão com Deus!”
            Hoje recebi um sorriso...
            Que me deixou feliz pelo resto do dia: foi o sorriso de minha mãe! Aconteceu assim: estava de mal comigo mesma, pois tudo o que fazia dava errado e compreendia o porquê minha mãe estava zangada comigo. Tinha toda a razão! Algo mudou. Foi uma troca de carinho mútua. Pela manhã ela sorriu e retribuí amigavelmente. A partir daí, tudo mudou, pois entendi que aquele sorriso era como uma bandeira branca em tempo de guerra. Ela só queria mais amor! Só queria paz! Nada como um sorriso para pedir isso! Obrigada mãe! Obrigada por teres entendido que o sorriso que dás é muito importante para quem o recebe principalmente para alguém que a ama, como eu!

            Como seria bom que todos transmitissem amor através do sorriso! Ao acordar pela manhã, se me levanto com um sério semblante, todo o meu dia será em vão, pois sinto que não estarei disposta a amar, mas se recebo um sorriso, tudo muda! Por outro lado, se me levanto sorrindo, sei que o meu dia de trabalho terá somente alegrias, pois saberei suavizar os problemas que surgirem.

            É tão agradável chegar a algum lugar e ser recebida com um sorriso! É como um sinal de boas vindas! É a certeza de ser querida naquele lugar!

            Ainda bem que existem pessoas que distribuem amor através do sorriso!
            Desejo que o meu sorriso seja também um meio para levar o amor e o carinho às pessoas que necessitem.


Simone Possas Fontana
escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: www.simonepossasfontana.wordpress.com



04 de outubro de 2018.


Metamorfose Mundial

            Tenho dezessete anos e este é meu desabafo!
            Estou impressionada e decepcionada com o mundo atual. Tudo gira em torno de dinheiro. DINHEIRO, DINHEIRO E MAIS DINHEIRO!
            Queria que houvesse mudança: uma metamorfose mundial!
            Se vou ao médico queixando-me de um resfriado, ele aceita e receita alguns remédios, sem avisar-me que esses medicamentos são fortes, que podem causar distúrbios intestinais, problemas no fígado, etc., e não adianta reclamar, pois o dinheiro da consulta já está nas mãos desses profissionais desumanos que não se importam com o sacrifício que fazemos para pagá-los. Parece que não sabem que é necessário trabalhar metade do mês para pagar o que se gasta em uma hora num consultório médico. Isso sem falar que o preço das consultas cresce assustadoramente!!!
            Só querem o dinheiro. DINHEIRO, DINHEIRO E MAIS DINHEIRO!
            E assim vai aumentando minha raiva do mundo. Este mundo cão onde só o potencial é aceito, onde a fama é glorificada, onde tudo gira em torno do dinheiro, onde o pobre é massificado cada vez mais e sufocado por esse bando de desumanos como canibais esfomeados.
            Se vou ao dentista para obturar um dente, saio de lá com várias consultas marcadas para extrair um aqui, ajeitar um ali, tratar uma pequena cárie ou um canal, etc. E assim vai todo nosso esforço quinzenal em uma cadeira de dentista.
            Tudo gira em torno do dinheiro. DINHEIRO, DINHEIRO E MAIS DINHEIRO!
            Aí eu me pergunto: por que não existem mais profissionais honestos? Profissionais humanitários? Por que tornar as coisas mais difíceis? Poderiam ser tão fáceis! Tão simples! Talvez a resposta do porquê esteja acontecendo tantas barbaridades contra nós, seja que eles (os poderosos) já tenham passado por isso; já tenham sofrido o bastante e agora queiram se vingar, escravizando o pobre operário. É a única razão que encontrei!
            Algumas pessoas culpam a Deus, mas Ele não tem culpa do que está acontecendo. Ele nos deu um mundo maravilhoso onde só existia paz, onde tudo era amor e harmonia. O mundo está mudado! Acontecem muitas lutas e imperam o ódio, o rancor e o egoísmo. O capital reina. Violência gera violência e assim o pobre fica por baixo de toda essa podridão, onde o superficial domina. Pobre esse que tem que fazer milagres para sustentar sua família e, ainda por cima, existe um tipo de profissional que tira, desonestamente, desse infeliz para encher os próprios bolsos e gastar em supérfluos, apenas para dizer que possui.
            Estou com raiva deste mundo! Tenho vontade de chorar, gritar, de falar tudo o que tiver vontade para esses falsos profissionais. Sei que se fizer isso certamente serei processada por calúnia ou difamação. Estou cansada de ver tanta gente humilhada pelos poderosos que se dizem profissionais.
            Tudo gira em torno do dinheiro. DINHEIRO, DINHEIRO E MAIS DINHEIRO!
            Estou procurando um lugar onde não se precise de dinheiro. Talvez encontre.
            Quem sabe encontre no campo? Convidar minha família para passar algumas horas no campo. Livres, despreocupados e agradecer por esse tempo de permanência juntos, sem falar em dinheiro.
            Quem sabe encontre na criança? Ela é pureza e alegria. Não existe maldade. Passar a tarde brincando com essa criança, talvez me liberte, me sinta mais gente e esqueça um pouco esse terrível problema.
            Quem sabe encontre no ombro amigo? Tenho muitos amigos e orgulho-me disso. Sempre que precisam correm a pedir meu auxílio e sempre que noto que precisam de ajuda, vou socorrê-los. Só que desta vez, eles estão com o mesmo problema que eu: procuram um lugar onde não se fale somente em dinheiro; onde o dinheiro não seja o essencial; onde exista paz!
            Já sei onde encontrarei essa paz que procuro: EM MIM! No silêncio do meu coração converso com Deus! Não preciso de hora marcada para chegar nem para sair. Não preciso pagar consulta, pois a única forma de pagamento que Ele exige é amor! E amor tenho bastante para distribuir a todos! Conversamos mansamente. Será uma consulta onde a palavra dinheiro não entrará em cogitação. Somente amor, muito amor.
            Nessa conversa silenciosa agradeço Sua existência; agradeço por este “lugar” só nosso onde consigo me sentir em paz, longe do barulho ensurdecedor das máquinas de fabricar dinheiro!
            Agradeço por existirem os campos, as crianças, os amigos e, sobretudo, por Você existir. Você é minha segurança, minha paz, o meu TUDO!


Simone Possas Fontana
escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: www.simonepossasfontana.wordpress.com




Meu Tio Elcyr

            Na verdade, ele não é meu tio; não tem meu sangue, mas é meu tiozinho de coração, de amor e de família!
            Foi casado durante muitos anos com minha tia (esta sim, tia verdadeira) e me deu três primas-lindas-amigas. Vejam que alegria! E como se isso não bastasse, casou-se novamente e me deu mais duas primas-lindas-amigas. Alegria novamente!
            Recordo-me com muita saudade desse tio tão querido; dos meus tempos de infância, quando chegou a Rio Grande-RS para visitar-nos. De longe já se sabia que era ele quem havia chegado, pois trazia sempre pendurado no cinto, um chaveiro com muitas chaves, que faziam muuuuuuito barulho (hehehehe).
            Uma vez chegou com seu carro (um Chevette cor de caramelo), todo faceiro, ansioso para mostrar o novo som que havia instalado. Entramos no carro, estacionado em frente a nossa casa, no Bairro Lar Gaúcho. Ele ligou o carro e disse: “- Olha como é potente! Escuta só como é bom este som! Ele circula dentro do carro, fazendo a volta nos quatro alto-falantes! É estéreo! Uma maravilha!”. Eu ficava como se estivesse encantada; de olhos (e ouvidos) bem abertos!
            Sempre que meus pais e eu íamos a Pelotas, passávamos na casa dele para visitá-lo. E como eu ficava feliz quando isso acontecia! Ele era pura gentileza, alegria, elogio, contentamento e amizade! Adorava conversar com as filhas – minhas primas Adriana, Andréia e Carla – e eu adorava ficar escutando essa conversa. Nunca o vi brigar, gritar ou bater nelas; apenas conversava, explicava a diferença entre o certo e o errado e dava conselhos.
            Meu tio é sabedoria, paciência, alegria, gentileza, elogio e... música! Ah! Ele adora ouvir uma boa música! Mesmo não sabendo tocar qualquer instrumento, sabe ouvi-la. É versátil! Gosta tanto de guarânia, polca paraguaia e música sertaneja de raiz quanto gosta de rock e música clássica. Nos nossos passeios de carro, sempre cantava uma música que era mais ou menos assim: “Lua bonita se tu não fosses casada, eu pegava uma escada para ir no céu te beijar. Porque casar-se com um homem tão sisudo que come, dorme e faz tudo dentro do teu coração?...”.
            Há uns três anos, tive a satisfação de recebê-lo em minha casa. Eu e meu marido tivemos a oportunidade de viajar com ele. Essa é outra de suas paixões: viajar! Sempre achei engraçado quando passávamos em alguma cidade com cemitério pequeno e ele dizia: “- Ah! Aqui eu quero morar! Não morre quase ninguém nessa cidade! Olha só o tamanho desse cemitério!”
            Minha infância foi muito feliz por vários motivos – e um deles foi a existência do tio Elcyr! Ah! Se toda criança tivesse a alegria de ter a presença dele em sua vida! Tenho certeza de que sua infância seria bem melhor! EU TIVE ESSE PRIVILÉGIO!
            Pois esse meu tio querido do coração foi acometido de uma grave doença e esta manhã recebi a notícia de que está hospitalizado. Por esse motivo estou triste. Deus sabe o que faz! Se Ele achar que meu tio já cumpriu sua missão aqui na Terra, vai levá-lo para usufruir de sua companhia. Que vá em paz e até breve!
            Por outro lado, se Deus achar que meu tio querido deve permanecer aqui conosco e continuar a nos alegrar com sua companhia, que seja assim: vamos continuar viajando – Foz do Iguaçu, Ponta Porã, Concepcion, Assunção, etc. Venha logo! Estamos lhe esperando!
            Então, até breve tio: seja aqui na Terra ou lá no Céu!

Simone Possas Fontana, manhã de 25/02/2010.
Observação: Tio Elcyr faleceu na tarde deste mesmo dia, após eu ter escrito o texto acima.


Simone Possas Fontana
escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: www.simonepossasfontana.wordpress.com

Minhas Anotações:
- Conto escrito em fevereiro2010 em homenagem ao meu tio Elcyr Fernandes Mesemburg



MILTON E VERINHA

Ela o avista da sua sala e criando coragem encaminha-se até ele.
- Oi. – riscando o chão com o bico do sapato e olhando o que desenhou.
- Oi. O que foi? Nunca viu alguém do lado de fora da sala de aula? – ele responde rudemente, com as mãos cruzadas nas costas e encostado na parede.
- Sim. Já o vi várias vezes encostado nesta parede e sempre fiquei curiosa para saber porque você ficava aqui fora ao invés de lá dentro? O que faz aqui?
- A professora me mandou sair.
- Você estava incomodando a aula?
- Ah! Ela disse que sim. Estava tudo muito quieto, mas queria dar um cascudinho na cabeça de um, beliscar o outro, queria falar, falar...
- Ah tá! Queria chamar a atenção, né?
- Você acha? Pois que seja! – diz emburrado.
- Como se chama?
- Milton.
- Milton, se eu fosse psicóloga ou terapeuta diria que você vem de um lar turbulento, com um pai que bebe muito e após beber fica violento. Violento ao ponto de bater na esposa e nos filhos. Acertei?
- Hã? – diz o menino arregalando os olhos. – Até parece que você vai lá na minha casa e assiste as brigas!
- Viu? Acertei! Mas não fique triste, não! Deixe as brigas para o ambiente de sua casa, já que não pode evitar. Para cá traga apenas seus livros e a vontade de aprender, seu bobo! Está perdendo seu tempo!
- Hã hã. Obrigado Verinha. – diz de cabeça baixa, desta vez sem arrogância.
- Verinha? Como você sabe meu nome?
- Vi seu nome naquele cartaz ali. – apontando com o queixo para o cartaz na parede com fotos e nomes dos melhores alunos da escola. – Você é a melhor em tudo, né?
- Não Milton. Não sou melhor em tudo, mas gosto de estudar e aqui me sinto segura e tranquila. Não importa se tenho problemas em casa ou não. Quando aqui chego, me transformo. Vejo minhas amigas, conversamos, trocamos ideias, estudamos, damos risadas!
- Hum... Que bom. – responde o menino
- Temos um grupo de estudo todas as segundas, quartas e sextas-feiras. Se você quiser participar, será bem vindo.
- Verdade? Mas não sei nada! Não vou ajudar em nada!
- A princípio você vai aprender! Leva suas dúvidas e vamos ajudar a fazer as tarefas!
- Verinha... Tem uma professora na porta de sua sala, com cara de brava, com os braços cruzados, olhando para cá.
- Oh! É minha professora! Nossa! Já se passaram quinze minutos que estamos conversando!
E voltou correndo para a sala de aula.

(Milton tornou-se engenheiro químico de uma importante multinacional e Verinha é escritora).

Simone Possas Fontana
(escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI e PCC,
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Cultura do Mundo,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com)