Eram oito rosas reunidas. O dia
estava perfeito: sol e calor! O que mais uma rosa poderia querer?
Tinha
rosa com pétalas amarelas, brancas, pretas e mechadas.
Tinha
rosa de todas as idades: de trinta a oitenta anos. Tinha desde a rosa exuberante
por sua longa experiência de vida até a rosa novata e aprendiz.
Tinha
rosa avó, rosa mãe, rosa madrasta e rosa tia.
Tinha
rosa solteira, casada, separada, viúva e rosa namorada.
Tinha
rosa cozinheira, psicóloga, professora, funcionária pública, do lar,
aposentada, artesã, pintora, tradutora, artista e política.
Todas
tinham algo em comum: o sorriso e o amor pela literatura!
Tudo
começou porque a rosa mais nova estava triste, pois percebera que o tempo ia
passando rapidamente, ela se envolvia com afazeres diversos e não estava mais
se encontrando com as outras rosas. Então resolveu chamar as rosas-amigas para
uma reunião festiva com café, tapioca e muita conversa boa.
A
rosa anfitriã, afável e cordial como lhe era peculiar, conseguiu que todas as
rosas se sentissem como se estivessem em seu próprio jardim! Decorou com muito
carinho a mesa do lanche com as cores da Inglaterra: vermelho, azul e branco.
Essas cores predominavam nas toalhas, nas louças, nos arranjos florais, nas
cadeiras e até nos guardanapos e nos cartões com os nomes de cada rosa. Uniu
elegância e simplicidade; graciosidade e singeleza; exuberância e candura.
Às
quatro horas da tarde do sábado, as rosas foram chegando. Cada uma trazia um
“agradinho” para o lanche: queijo, doce de leite, chocolate, morangos, etc.
A
rosa psicóloga trouxe para a rosa anfitriã um lindo tapete de crochê
confeccionado por ela mesma. Outra trouxe arranjos em origami. E todas chegavam
com livros de sua autoria para trocar entre elas.
Assim
que todas chegaram, a rosa anfitriã pegou uma placa que estava na parede e
mostrou para lerem. Todas aprovaram com muita alegria. Na placa estava escrito:
proibido falar sobre religião e política.
Após
muitas gargalhadas, a reunião festiva prosseguiu.
Nem
todas as oito rosas se conheciam pessoalmente, claro. Algumas se conheciam apenas
pela internet, mas a alegria reinava como se amigas de infância fossem. Às
vezes conheciam a obra, mas não conheciam a autora! E esse encontro era a
oportunidade que faltava para saber quem é ou pelo menos ter uma noção da rosa-autora.
Todas
as rosas falavam entre si, conversavam sobre tudo, desde artesanato, culinária,
maquiagem e família, até relacionamentos conjugais, sexo, depressão e suicídio.
E como não poderia faltar num encontro de rosas-escritoras, falaram em livros,
capítulos, prefácio, editoras, etc.
Nessa
festa apareceu até um cravo! Mas esse cravo não brigou com a rosa como na
cantiga popular infantil. Era um cravo estrangeiro e como ele não entendia
muito bem a língua portuguesa, não se escandalizou com as conversas que ouviu!
Ao
lado da mesa do lanche, foi preparada outra onde foram colocadas as obras
literárias para a troca entre as rosas. Após escolher o livro, cada
rosa-leitora dirigia-se até a rosa-autora
para a sessão de dedicatória, além da apresentação de vários projetos
literários das rosas poderosas e criativas, tudo registrado com fotos feitas
pelo gentil cravo.
No
final, todas as sorridentes rosas reuniram-se num glamoroso e colorido
ramalhete. Ou num jardim? Ah! Não importa! O que interessa é que estava tudo
perfeito!
Simone Possas
(escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do
Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia
Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de
Escritores,
autora dos livros MOSAICO, A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com)
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