ALB Mato Grosso do Sul:
A LOUCA
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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018
ATÉ
NA VITÓRIA O INÍCIO É SOFRIMENTO
Benê Cantelli
Terminando uma palestra, encerrei
dizendo que o vitorioso em qualquer atividade, principalmente esportiva, se dá
pelo sofrimento, até na subida ao Pódio. Apenas não sente quem por estar com as
mãos na taça, já está com sua vitória escrita. Falta apenas provar.
Incrível como a experiência do
sofrimento é o caminho da vitória e do sucesso. A própria Bíblia, norma de
conduta dos cristãos, se lê no primeiro capítulo da Carta de São Tiago: “Tendes
por grande alegria, o passardes por muitas tribulações. Considerai
que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações. 3. ^Sabendo
que a prova da vossa fé produz a paciência. 4. Mas, é preciso que a paciência
efetue a sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma.
5. Se alguém de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus - que a todos dá
liberalmente, com simplicidade e sem recriminação - e ser-lhe-á dada."
Não poucas vezes ponho-me a refletir:
Será que sofremos em razão de merecidos castigos? Será que o advento de
problemas em nossas vidas é a resposta devida como castigo?
De repente, não mais que de repente,
lembro-me da mensagem, que Deus não castiga ninguém. O que sofremos é restolho
ou consequência daquilo que fizemos.
Por isso a misericórdia divina está de
prontidão o tempo todo. Em verdade, além de não nos castigar, está sempre
pronto para nos perdoar. Esse é o nosso
Deus.
Sem embargo, penso que a vida nos
entrega mais dissabores do que benesses. Mais “coisas ruins” do que “coisas
boas”. Aliás, já ouvi, também, e não poucas vezes, a expressão: “Quanto mais eu
rezo, mais assombrações, aparecem”.
Não deixa de ser muito esquisito, mas
é comum ouvir essa frase, como um resmungo ou reclamação endereçada a Deus,
dando a entender, que Ele é o culpado.
Não posso me omitir ou escudar-me.
Tive muitas vezes esse pensamento, e sempre colocando outras pessoas em
evidência ou em paralelo com Deus, mostrando o que faço e o que outros deixam
de fazer. Ledo engano e crasso pensamento, até porque, não sou juiz de ninguém
e o que interessa a Deus, com relação ao outro, é apenas aquilo que devo fazer
de benfazejo e caridade. Esse deve ser meu único testemunho.
Vou referir-me, neste contexto, ao
que vejo e escuto de pastores evangélicos: Fazem apologia da vitória, do
enriquecimento, das curas milagrosas e, em raríssimas ocasiões fazem alusão à
cura interior e o papel importante do sofrimento na formação do caráter
cristão. São medíocres quando afirmam que todo sofrimento Jesus já carregou na
cruz e deles não somos partícipes.
Quando colocados em xeque, mudam a versão dizendo que Jesus, os
Profetas, Apóstolos e outros, sofreram apenas para nos dar exemplo.
E do livro de Jó que colhemos este
conhecimento: "Pois o mal não sai do pó, e o sofrimento não
brota da terra, é o homem quem causa o sofrimento como as faíscas voam no ar.
(Jó 5, 7)". O fato, portanto,
sobre o qual não há diversidade é nem contraditório é que: O sofrimento nos
aproxima de Deus, como o perigo coloca a criança mais rápida sobre os braços da
mãe.
Entendo, enfim, que se estou sofrendo é um
sinal de que Deus quer me ouvir ou falar comigo. É como a febre em nosso corpo,
ela não é outra coisa a não ser um aviso de que algo não vai bem. Creio que, ao
entender assim, minha relação com Deus será muito melhor.
É tudo o que preciso para ser FELIZ.
Bom dia. Melhores tempos.
Professor e Campista
bncantelli1@gmail.com
A LOUCA
Ao descer do ônibus já deveriam ser
quase oito horas da noite. Estava escuro. O coletivo seguiu para o seu destino
pelo asfalto e eu ainda tinha que caminhar cerca de 2 km na estrada de chão até
chegar à chácara de meu irmão Gabriel, sua esposa e filhos. Ainda bem que havia
uma pequena lua para me ajudar a seguir pela estrada sinuosa.
Já conhecia bem o caminho. Antes do
meu irmão e sua família morarem nessa casa, meus pais já haviam morado com meus
dois irmãos menores e solteiros: Tadeu e Tiago. Quando Tadeu e Tiago foram
estudar na cidade, meus pais resolveram mudar-se também e ofereceram a chácara
para o Gabriel. Gostou da ideia e mudou-se com a família, pois adorava cuidar
das galinhas, patos, horta... Enfim, da vida no campo.
Encaixei bem a alça da mochila no
ombro, ergui a gola da jaqueta jeans
por causa do ar frio, meti as mãos nos bolsos e comecei a andar. De repente vi
um vulto bem do meu lado. Como não havia visto aquele rapaz? Ao perceber, ele
já estava ao meu lado ameaçando-me com uma faca.
- Aí dona! Passa a carteira! –
disse-me ele.
Virei meu rosto rapidamente para
ele, escancarei minha boca mostrando bem todos os dentes, soltando uma sonora e
estridente gargalhada, enquanto apontava o dedo indicador para sua cara.
O rapaz ficou me olhando meio
desconfiado.
Esbugalhei mais os olhos, mostrei
mais meus dentes, aumentei a gargalhada e me babei de tanto rir.
Junto a essa performance, eu falava ao rapaz, mas ele nada entendia porque eu
gargalhava junto com a fala: - Olha sua cara, moço! O que aconteceu? Credo!
Você não tem vergonha de sair para a rua com essa cara toda pintada? É branco?
Vermelho? Verde? Branco, vermelho e verde? Tudo misturado? Não estou
conseguindo entender! Pode me explicar?
Rapidamente emendei a fala com um
tom bem alto, não lhe dando chance de responder: - Não estou acreditando no que
estou vendo! E ainda tem a cara de pau de vir conversar comigo com essa cara
toda manchada ou pintada? Você não viu que estava assim? Ninguém avisou? Escuta
aqui, cara, você não tem amigos, não?
Nessa altura já não estava mais
gargalhando, mas meus olhos continuavam esbugalhados e com meus dentes à
mostra: - Infelizmente não tenho espelho aqui. Vem comigo! Segue-me! Vou
conseguir emprestado um espelho e você mesmo poderá ver que não estou
exagerando!
Fui caminhando e levando o rapaz
comigo, mas sempre sem parar de falar: - Ah, todos falam que sou louca, mas não
é loucura! Não estou inventando isso! Você mesmo verá com o espelho. Dizem que
não estou louca, que já estou curada, mas como posso estar curada, se nunca fui
louca? Curada do quê? Quando estou muito alterada como agora, eles vêm com aquelas
agulhas enormes e picam meus braços. Olha só meus braços como estão cheios de
picadas.
Nesse momento tentei puxar a manga
da jaqueta jeans para cima, mas não
consegui. A performance continuou e a caminhada pela estradinha de chão
também. Já havíamos percorrido quase a metade do caminho:
- Até que você não é de se jogar
fora. Está meio “passado”, desarrumado, desajeitado, mas acho que, para
começar, um banho resolve em parte. E esse cabelo? Quanto tempo faz que não
passa por um corte e uma lavada? Não! Não vem me dizer que não tem dinheiro!
Existem muitos salões de beleza que dão cursos e precisam de modelos para
ensinar aos alunos e nada cobram! E esses dentes? Deixa-me ver esses dentes!
Abre a boca! MAIS! ARREGANHA ESSA BOCA! NOSSA! CRUZES! Já passou da hora de
visitar um dentista, não acha? Não precisa responder. Já sei o que vai dizer:
“Não tenho dinheiro, dona”. Pois eu digo a você: vai a um posto de saúde. É
isso aí: banho, cabelo e dentes. Do contrário, você não arruma namorada! Quem
vai querer você assim? Por falar nisso, tem namorada? Claro que não! Quem vai
chegar perto de você? E não se esqueça de tirar essa tinta horrorosa de sua
cara!
Tudo isso falei numa velocidade
impressionante, num tom de voz bem alto e sempre com os olhos bem esbugalhados.
As ideias iam surgindo e eu ia esparramando palavras em cima do rapaz. Não dei
qualquer chance de diálogo ou de resposta. Foi tudo muito rápido!
Nesse ponto, já estávamos em frente
da porteira que dá entrada para a casa do sogro do meu irmão, que fica no lado
esquerdo da estradinha de chão. A casa do Gabriel fica cerca de 500 metros
dali, no lado direito da estradinha.
Paramos em frente, fui abrindo a
porteira e falando: - Espera aqui. Vou correndo lá na casa buscar o espelho
para você ver essa máscara horrível que você está! Cá, cá, cá, cá! Não sai daí!
Vou super-rápido! Apenas um minuto!
Entrei na chácara, fechei a porteira
e fui caminhando rapidamente em direção à casa dos sogros do meu irmão. Bati
palmas e Dona Beatriz apareceu à porta.
- Boa noite, Dona Beatriz! Tudo bem?
Desculpa chegar a essa hora na sua casa, mas estou indo à casa do Gabriel,
porém antes preciso de um espelho emprestado. A senhora pode me emprestar?
Olhando-me assustada, Dona Beatriz
achou meio estranho o fato de eu pedir um espelho àquela hora da noite, mas me
emprestou e eu fui em direção à porteira, no entanto o rapaz não estava mais
lá. Retornei então à casa da Dona Beatriz e contei o que havia ocorrido. Ela me
disse que eu deveria me acalmar, pois deveria ter sido minha imaginação ao
caminhar pela estradinha de chão, numa noite enluarada. Então telefonou para o
Gabriel para que ele viesse me buscar. Escutei quando ela informou ao meu irmão
que eu estava muito agitada.
Logo que o Gabriel chegou, contei
tudo a ele novamente, da mesma maneira como havia narrado para Dona Beatriz.
Percebi que trocaram um olhar. Ambos falaram que eu deveria me acalmar que eu
estava muito agitada, que deveria ser fruto da minha imaginação por causa da
noite enluarada, etc.
Seria imaginação? Estou louca? Já
fui louca? Tenho que tomar calmantes? Será que tomei meus remédios hoje? Será
que não havia ninguém me acompanhando na estrada? Não havia faca? Nem tentativa
de assalto?
Por via das dúvidas, na saída, ao
passarmos pela porteira da chácara da Dona Beatriz, sem que meu irmão
percebesse, larguei o espelho em cima do tronco de madeira. Quem sabe
apareceria alguém com a cara pintada precisando de um espelho?
Continuamos nossa caminhada pela
estrada de chão em direção à casa do Gabriel quando ele me olhou, olhei para
ele e sorrimos um para o outro em cumplicidade: - Puxa mana, você está se
tornando uma excelente atriz! Conseguiu enganar até minha sogra! – disse-me ele
dando risada.
Essa estória não é baseada em fatos
reais. Qualquer semelhança com a realidade trata-se de mera coincidência. Ela e
seus personagens foram por mim inventados; são frutos da minha imaginação (ou
será que não? Cá cá cá cá cá).
Simone
Possas
(escritora
gaúcha de Rio Grande-RS,
membro
da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro
correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro
da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora
dos livros MOSAICO, A MULHER QUE RI, PCC
e O PROMOTOR
graduada
em Letras pela UCDB,
pós-graduada
em Literatura,
contista
da Revista Criticartes,
blog:
simonepossasfontana.wordpress.com)
Nota da Autora:
- Conto escrito
em agosto/2010
- Publicado no
blog: simonepossasfontana.wordpress.com.br
- Publicado no
livro Mosaico, Editora Gibim.
terça-feira, 13 de fevereiro de 2018
A Fila do Inferno
Nesses últimos dias o povo
soteropolitano tem passado por grandes provações, com essa atualização do
título de eleitor, para usar a biometria.
Todos nós sabemos que o brasileiro
gosta de fazer tudo na última hora, mas da forma que foi feita, impondo aos
eleitores a passar o dia inteiro sob o sol e/ou chuva, é um
verdadeiro atentado à democracia, se o TSE inventou que queria colocar a
biometria, pelos seus motivos, que também proporcionasse uma forma melhor de
fazer esse infame recadastramento, fazendo com que as pessoas sofram menos
do que já sofrem, com um país corrupto como esse.
Através dessa fila do inferno, muitas
pessoas foram passar a noite para enfrentar o caos durante o dia, teve muita
gente que passou mal, saindo carregado, com medo de perder o pouco das
vantagem de ser cidadão brasileiro, principalmente porque não deveríamos
nem ser obrigados a votar, que no final iremos votar até em quem não queremos,
mas isso já é o outro assunto.
Com tanta bandalheira e corrupção,
ainda somos obrigados a pegar essa tal fila do inferno, onde nessa mesma fila, falamos
mal, esbravejamos, prometendo que esses tais, não irão ser eleitos, mas no
final termina tudo igual, condenado sendo eleito e “santinho” sendo
desmascarado e condenado, até quando Brasil iremos sofrer?
Marcelo de Oliveira Souza,IWA -
Salvador - BA - Brasil
Escritor e Organizador do Conc
Lit Poesias sem Fronteiras
Instagram: @marceloescritor
Marcelo de Oliveira Souza, IWA - Salvador - BA - Brasil
Escritor Carioca Radicado na Bahia ganha mais dois prêmios pela
ALTO
O Escritor Carioca Radicado na Bahia, Marcelo de Oliveira Souza, IWA;
organizador do concurso literário Poesias sem Fronteiras e do Prêmio Literário
Escritor Marcelo de Oliveira Souza, iwa;
autor dos livros A Sala de Aula; Conto e Reconto; Confissões Poéticas;
Sobrevivendo e Mundo Poético, tem o prazer de comunicar que ganhou o diploma
referente ao 13° lugar no Prêmio Literário Gonzaga de Carvalho, pela Academia
de Letras de Teófilo Otoni MG com a crônica “Na Carona” ainda foi laureado por
essa mesma entidade com o troféu de diploma por sua divulgação das
atividades acadêmicas.
Onde faz a questão de externar o seu agradecimento pelas honrarias à
presidenta Maria Augusta de Andrade Farina, secretário Wilson Colares da Costa,
vice-presidente Antônio Jorge de Lima Gomes e a todos que compõem essa
majestosa entidade, reiterando que estaremos sempre à disposição para colaborar
e divulgar essa entidade que valoriza todos os escritores do Brasil, que
integram o seu quadro acadêmico.
Agradecemos a todos e todas que acompanham a nossa trajetória e se
regozijam com as nossas vitórias.
Marcelo de Oliveira Souza, IWA -
Salvador - BA - Brasil
Escritor e Organizador do Conc
Lit Poesias sem Fronteiras
Face: psfronteiras
Instagram: @marceloescritor
3 anexos
Reflexão do Carnaval - 11/02/2018.
No Brasil o Carnaval é uma festa
primorosa, a mais amada e até a mais odiada do mundo, pelas suas diversas
vertentes, os que amam ficam desesperados para que não termine; os que odeiam,
saem do sério, ficam enclausurados dentro da psicose, ódio à festa momesca.
Ser extremista nunca é bom, não existe
verdade absoluta, precisamos analisar friamente os números e ver se a dita
“Festa da Carne” tem a sua serventia, onde aqui em Salvador, o evento começa
praticamente uma semana antes, na região da Barra, zona mais do que nobre da
nossa capital.
Dizem aqui, que a melhor
festa é justamente a que começa antes, menos pessoas, mais turismo para nossa
soterópolis.
A grande dificuldade de
muita gente aceitar essa festa é às vezes sobre a questão da
violência, num país que está dominado por esse sofrimento, de norte a sul. Outras
pessoas ainda comentam que diante dessa crise toda, como fazer carnaval?
Só que esse evento, movimenta muito
dinheiro na cidade, nosso “pequeno cabeçudo” que o diga, soube
aproveitar o evento e fazer uma bela festa.
A nossa cidade está entre as mais
visitadas nessa época, abaixo justamente do Rio de Janeiro, que tem um grande
problema nas mãos, a má gestão, só para iniciar, mas não quer dizer que os
nossos conterrâneos, estejam alheios a toda essa problemática, onde as duas
escolas de samba, vencedoras desse ano fez um festivo relatório de todo
sofrimento que passa o Rio e o resto do nosso país, onde as letras serão temas
para muita discussão e reflexão, mostrando todas essas mazelas
pelo qual passa o nosso “gigante adormecido”.
As escolas mostraram brilhantemente que
Carnaval não é festa de alienado, infelizmente alienado tem em todos os
eventos, até quem não festeja pode ser também alienado alheio a todos os
problemas nacionais.
Acredito que a nossa sociedade está
mudando, devido a diversos fatores, inclusive a globalização é uma verdadeira
revolução digital, as notícias caminham tão rápido que não conseguimos
acompanhar, durante a questionável festa teve muita facilidade de informação,
presenciamos atos jamais noticiados pela mídia, pois a mesma não pode estar em
todos os lugares, a imagem é uma subjetiva reportagem, cada um vê e faz a sua
reflexão sobre o Carnaval, onde uns já oram, rezam, para que a festa
não termine, outros imploram ao deus festivo, que não termine a gandaia, o
mundo ilusório, pois após a quarta acinzentada, o “Gigante Adormecido”,
desperta moderadamente para seus problemas.
Marcelo de Oliveira Souza,IWA -
Salvador - BA - Brasil
Escritor e Organizador do Conc
Lit Poesias sem Fronteiras
Instagram: @marceloescritor
AS OITO ROSAS
Eram oito rosas reunidas. O dia
estava perfeito: sol e calor! O que mais uma rosa poderia querer?
Tinha
rosa com pétalas amarelas, brancas, pretas e mechadas.
Tinha
rosa de todas as idades: de trinta a oitenta anos. Tinha desde a rosa exuberante
por sua longa experiência de vida até a rosa novata e aprendiz.
Tinha
rosa avó, rosa mãe, rosa madrasta e rosa tia.
Tinha
rosa solteira, casada, separada, viúva e rosa namorada.
Tinha
rosa cozinheira, psicóloga, professora, funcionária pública, do lar,
aposentada, artesã, pintora, tradutora, artista e política.
Todas
tinham algo em comum: o sorriso e o amor pela literatura!
Tudo
começou porque a rosa mais nova estava triste, pois percebera que o tempo ia
passando rapidamente, ela se envolvia com afazeres diversos e não estava mais
se encontrando com as outras rosas. Então resolveu chamar as rosas-amigas para
uma reunião festiva com café, tapioca e muita conversa boa.
A
rosa anfitriã, afável e cordial como lhe era peculiar, conseguiu que todas as
rosas se sentissem como se estivessem em seu próprio jardim! Decorou com muito
carinho a mesa do lanche com as cores da Inglaterra: vermelho, azul e branco.
Essas cores predominavam nas toalhas, nas louças, nos arranjos florais, nas
cadeiras e até nos guardanapos e nos cartões com os nomes de cada rosa. Uniu
elegância e simplicidade; graciosidade e singeleza; exuberância e candura.
Às
quatro horas da tarde do sábado, as rosas foram chegando. Cada uma trazia um
“agradinho” para o lanche: queijo, doce de leite, chocolate, morangos, etc.
A
rosa psicóloga trouxe para a rosa anfitriã um lindo tapete de crochê
confeccionado por ela mesma. Outra trouxe arranjos em origami. E todas chegavam
com livros de sua autoria para trocar entre elas.
Assim
que todas chegaram, a rosa anfitriã pegou uma placa que estava na parede e
mostrou para lerem. Todas aprovaram com muita alegria. Na placa estava escrito:
proibido falar sobre religião e política.
Após
muitas gargalhadas, a reunião festiva prosseguiu.
Nem
todas as oito rosas se conheciam pessoalmente, claro. Algumas se conheciam apenas
pela internet, mas a alegria reinava como se amigas de infância fossem. Às
vezes conheciam a obra, mas não conheciam a autora! E esse encontro era a
oportunidade que faltava para saber quem é ou pelo menos ter uma noção da rosa-autora.
Todas
as rosas falavam entre si, conversavam sobre tudo, desde artesanato, culinária,
maquiagem e família, até relacionamentos conjugais, sexo, depressão e suicídio.
E como não poderia faltar num encontro de rosas-escritoras, falaram em livros,
capítulos, prefácio, editoras, etc.
Nessa
festa apareceu até um cravo! Mas esse cravo não brigou com a rosa como na
cantiga popular infantil. Era um cravo estrangeiro e como ele não entendia
muito bem a língua portuguesa, não se escandalizou com as conversas que ouviu!
Ao
lado da mesa do lanche, foi preparada outra onde foram colocadas as obras
literárias para a troca entre as rosas. Após escolher o livro, cada
rosa-leitora dirigia-se até a rosa-autora
para a sessão de dedicatória, além da apresentação de vários projetos
literários das rosas poderosas e criativas, tudo registrado com fotos feitas
pelo gentil cravo.
No
final, todas as sorridentes rosas reuniram-se num glamoroso e colorido
ramalhete. Ou num jardim? Ah! Não importa! O que interessa é que estava tudo
perfeito!
Simone Possas
(escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do
Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia
Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de
Escritores,
autora dos livros MOSAICO, A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com)
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