terça-feira, 17 de abril de 2018


A PEDAGOGIA DE PESTALOZZI

          Não sou perita em educação, por isso não opino sobre, mas posso pensar sobre. Nada me impede, num país democrático em que vivo, de ler e pensar sobre o assunto.
          Isso consegui logo após ler PESTALOZZI – UM ROMANCE PEDAGÓGICO, do psicanalista Walter Oliveira Alves. Com essa leitura conheci um pouco mais sobre o pedagogo Johann Heinrich Pestalozzi e seus métodos de educação.
          Aprendi que Pestalozzi, quando criança, em Zurique, por volta dos anos de 1750, mesmo sendo retraído, aprendia muito depressa, pois prestava especial atenção nas aulas que lhe despertavam interesse, aprendendo com rara facilidade. E isso o fez pensar sobre o futuro da educação...
          Quando adulto via na educação, o único remédio eficaz para os males do mundo. Mas os obstáculos estavam na própria sociedade, nos costumes, nas escolas, na Igreja.
          A sociedade estava corrompida pelos maus costumes e pelos preconceitos; as escolas ensinavam palavras e a Igreja ensinava dogmas que deveriam ser aceitos sem contestação. Era necessária uma educação que levasse a criança a compreender os fatos da vida. A educação tinha que partir das impressões pessoais que levavam à verdadeira compreensão e as palavras e explicações deveriam vir em seguida. A religião deveria ser compreendida e sentida, e não aceita com dogmas impostos.
          Esse é o germe do que seria chamado, mais tarde, de método intuitivo, em que a criança é levada a trabalhar com todos os sentidos, com a inteligência e com o sentimento simultaneamente. A criança observa - que inclui olhar, ouvir, tocar, comparar e analisar - determinado objeto ou fenômeno utilizando os órgãos dos sentidos, a inteligência e o sentimento, até compreender exatamente do que se trata. Depois, se expressa pela linguagem oral e escrita, pelos desenhos, figuras, modelagem e até pela dramatização.
          A criança deve ser capaz de pensar, sentir e agir para formar os conceitos por si mesma, pela sua própria experiência, e não por ensinamentos dados prontos. O educador não vai apresentar definições à criança, mas levá-la a perceber, compreender e sentir o real significado do conteúdo em estudo.
          Em 1798 a Suíça foi invadida pelos franceses. Pestalozzi publicou diversos panfletos em que pregava a união e a paz. Exortou o governo a aplicar a justiça, a moralidade e a proporcionar a boa educação para o povo. Iniciou aí o gigantesco trabalho de resgatar a dignidade das crianças, retirando-as das ruas, dando-lhes abrigo, comida e roupas.
          Se tivesse usado de pressões, regulamentos, sermões, ao invés de conquistar o coração de suas crianças, ele as teria aborrecido e afastado do seu alvo. Primeiro que tudo, ele despertou nelas, nobres e puros sentimentos morais, para depois poder obter sua atenção, atividade e obediência.
          Era enérgico, mas amoroso, despertando um respeito profundo que nascia no calor do sentimento de carinho, gratidão e amor. Não apenas lecionava religião: vivia a religiosidade. Foi capaz de criar um ambiente onde reinava um sentimento elevado, confiança e fé. Deus não era louvado num altar ou templo, mas estava presente na natureza e por toda parte.
          As crianças recebiam uma educação abrangente, baseada no respeito e no amor, que incluía o aspecto intelectual, emocional, espiritual e físico.
          A grandeza de Pestalozzi era igual a sua humildade e simplicidade. Um gigante na dedicação, firmeza, persistência e no seu imenso amor à causa da educação e às crianças.
          Assim eram os métodos educacionais de Pestalozzi em Zurique no século XVIII. E nos dias atuais aqui no Brasil? Como anda nossa educação?
Simone Possas

segunda-feira, 2 de abril de 2018


AO QUERIDO VELHINHO


Seus olhos tristes e cansados
Enrugados, entreabertos, caídos,
Denotam muitos anos passados,
De muitos rancores sofridos.

Seus ouvidos não são como antes,
Sua voz treme ao falar.
Suas mãos: ásperas e arrogantes,
Nas costas, uma curva a se formar.

Suas pernas tremem ao andar,
Seus cabelos são brancos e ralos.
Anda triste em sua vida a vagar,
Ensaia um sorriso, que lhe é raro.

Sua esposa no desamparo o deixou,
Pois morreu e ele ficou a lhe amar.
Antes tivesse ido, mas ficou,
E não ficasse a saudade chorar.

Não quer ajuda de ninguém,
Pois prefere sozinho morar.
Trabalha pouco, recebe seu vintém,
Resolvo então, vou ajudar.

Tenta mostrar-se alegre
Para todos não preocupar.
Faz-me rir embora não se entregue,
Quer ser amado e só quer amar.

Quero proteger-lhe com carinho,
Pois é isso que ele mais precisa;
No resto da vida abrir caminho,
Ao meu caro avô, antes de sua ida!
Simone Possas Fontana

Nota da Autora:
- Poesia escrita aos 17 anos de idade, em homenagem a meu avô Manoel Antunes da Conceição
- Publicada no blog: simonepossasfontana.wordpress.com.br
- Publicada no Jornal Diário de Santa Maria em março de 2014
- Publicada no Suplemento O Peixeiro do Jornal Agora, de Rio Grande-RS em maio/1982 e setembro/2012
- Publicada no site: www.recantodasletras.com.br




A Semana Santa Perdeu a Razão 

Choro, tristeza, consternação. 
O Sofrimento de Cristo 
É triste lembrança, 
Que senti desde criança. 
O homem que amou 
E sofreu ingratidão 
Seu renascimento é milagre, 
Comemoração... 
Mas as pessoas novamente 
O agridem sem consideração. 

Das festas populares 
Lembramo-nos da lição. 
O homem traído 
Teve compaixão. 
O traidor virou personagem 
De bandido, político, ladrão 
Na “folia” tem gente 
Que “perde a mão”! 
Do cálice de vinho 
Vira engradado de cervejão. 

O ovo de páscoa 
É motivo de ostentação 
O peixe, é moeda de cotação. 
Até baba de saia apareceu 
Que é a nova ideia 
De transformação. 
Todas essas são as mensagens 
De que o homem 
Não aprende a lição. 
Nessa festa de união 
Os crimes aumentam, 
Corpos mutilados 
Jogados ao chão. 
Motivos de acidente, 
Bebedeira, assalto 
Ou simples agressão. 
E nessa “comemoração” 
A Páscoa se transforma 
Num epílogo 
De uma Semana Santa 
Que perdeu sua razão. 

Marcelo de Oliveira Souza,


Homenagem aos 469 anos de Salvador.

Cidade de Salvador

Dia de feira

Tô com fome

Vou ali comprar!

São Joaquim, Sete Portas

Ali é o lugar.

Santo Antônio, Bonfim

Hora de rezar.

Campo da Pólvora, Curuzu

Você vai ficar.

Cidade baixa, na Ribeira

Tem sorvete lá!

Cidade Alta, no Lacerda

Vou te enxergar.



Todos os Santos

Na baía, é de encantar

Do Centro Histórico ou

Da Barra, a gente vai lembrar.

Tudo bonito,

Tem sorriso de encantar.

Sou carioca ou baiano

Aqui vou morar

Essa cidade é muito linda

Vamos nos deleitar!

É da garota ou menina

Salvador, aniversário

Você vai gostar.



No seu dia

É todo dia

Tem tudo de encantar...

Trio elétrico, carnaval,

Caruru, acarajé e vatapá...

Numa poesia...

Um mundo, uma alegria

Salvador contagia

Eu vou comemorar!


Marcelo de Oliveira Souza,iwa


Homenagem aos 469 anos de Salvador. 

Escritor Carioca radicado na Bahia ganha prêmio pela FEBLACA.


O Escritor Carioca Radicado na Bahia, Marcelo de Oliveira Souza,IWA; organizador do concurso literário Poesias sem Fronteiras e do Prêmio Literário Escritor Marcelo de Oliveira Souza, iwa; autor dos livros A Sala de Aula; Conto e Reconto; Confissões Poéticas; Sobrevivendo e Mundo Poético, tem o prazer de comunicar que ganhou mais um prêmio, dessa vez foram o Prêmio Caneta de Ouro, diploma e medalha de Paladino da Cultura Brasileira, destinado a escritores e apoiadores culturais, cujos trabalhos ou ações mereceram especial destaque na defesa, promoção e valorização da cultura brasileira.
As citadas honrarias foram oferecidas pela Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências e Artes, que fica em Niterói RJ.
Agradecemos ao Dom Alexandre da Silva Ruricovick Carvalho, pela sensibilidade e pela sua inestimável contribuição a cultura nacional, pois todos nós trabalhamos para esse fim.

Marcelo de Oliveira Souza,IWA


domingo, 25 de março de 2018

A NOTÍCIA


A NOTÍCIA

            O telefone tocou. Atendi. Era o Sr. Lotário.
            - Simone? – perguntou a voz masculina.
            - Sim. Pois não. – respondi automaticamente.
            - Bom dia, Simone!
            - Oh! Bom dia, Sr. Lotário! – retruquei alegre, pois há quase dez anos trabalhei numa empresa, na qual o Sr. Lotário era diretor e meu chefe. Tempos bons aqueles...
            - Puxa! Reconheceu minha voz depois de tanto tempo? – disse-me entre incrédulo e feliz.
            - Bom, não tenho uma notícia boa para te dar. – continuou, agora com outro tom de voz.
            - É... Imaginei isso, Sr. Lotário... Já faz tanto tempo que não nos vemos e não conversamos. Para o senhor ligar aqui em casa, deve ser uma notícia muito importante. – respondi seriamente, procurando uma cadeira para sentar, já prevendo que não seria uma boa notícia.
            - Então... hã... bem... – titubeou. Não sabia como entrar diretamente no assunto sem me assustar ou magoar.
            Já estava assustada, com os olhos arregalados, coração acelerado, suor nas palmas das mãos. Criei coragem:
            - Pode falar, Sr. Lotário.
            - Tá. Aconteceu um assalto no Cartório do 7º Ofício e o Sadi estava lá. Pronto! Falei! – despejou ele ao telefone.
            - E daí? Ele foi assaltado também? Houve tiros? Alguém se machucou? – perguntei aflita.
Silêncio do outro lado da linha.
            - Sr. Lotário, o Sadi foi ferido? Está machucado?
            O silêncio continuou.
            Meu amigo Sadi... Sadi era meu companheirão: colega na empresa e amigo fora dela. Lembrando-me dele, recordo das viagens, passeio de trem, risadas, banho de cachoeira, acampamentos, bares, cervejinha. Para mim, ele continua sendo meu amigo do peito. Penso sempre no Sadi com carinho e recordo-me com saudade daqueles bons momentos. Em poucos segundos revi toda nossa amizade, que continua até hoje, mesmo que a falta de tempo e oportunidade não nos tem deixado tão próximos como gostaria.
            - O que aconteceu com o Sadi? Alô! Sr. Lotário! O senhor continua na linha? – nesse momento já estava quase gritando e andando de um lado para o outro da sala. Aquele silêncio me enervava, afligia, queria uma resposta!
            - Sim. – respondeu com um “sim” fraco, sem vida, sem vontade de falar, parecia que estava arrependido de ter me telefonado, mas não podia deixá-lo desligar. Ele tinha que me contar o que acontecera.
            - O Sadi está ferido? Machucado? Ele morreu? – nesse momento eu já estava chorando.
            - Sim. – respondeu-me tristemente.
            Fiquei sem fala, sem resposta e desliguei chorando, não acreditando no que eu acabara de saber.
            Acordei com o rosto banhado de lágrimas. Suspirei aliviada. Fora apenas um pesadelo. Mesmo assim fui correndo telefonar para o Sadi para saber se estava tudo bem com ele.

Simone Possas
(escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com)



O Milagre da Água

O Milagre da Água 

Seca, secura 
do mal, uma amargura 
Corpos Esquálidos 
Caídos, Fedidos. 

O sertão perdido 
Parecendo punido 
Da dor, um prurido... 
Desejado belo 
Vira bicho fedido. 

Na gosma, vem o alarido 
Com o corpo repartido 
Alimento da ave carniceira 
Onde de repente 
O céu se fecha 
Cuja água aplaca o sofrimento 
Por um momento... 
Para depois tudo recomeçar. 


Marcelo de Oliveira Souza,IWA -  Salvador - BA - Brasil
Escritor e  Organizador do Conc Lit Poesias sem
Fronteiras
Membro da Academia de Letras do Brasil
Academia de Letras de Teófilo Otoni
International Writers and Artists Association