Nesta newsletter, resgatamos textos publicados no Jornal RelevO e já devidamente esquecidos. Dessa vez, trazemos as centrais da edição de outubro de 2020. Campanha “empregue um carioca barraqueiro” substitui departamentos de RH Brasil adentroStartup capixaba trouxe um novo conceito para vários conceitos e planeja IPO para 2021. ![]() Jornal RelevO, edição de outubro de 2020. Quem postulou que a menor distância entre dois pontos é uma linha reta certamente não ouviu um carioca puto da cara. “Vai direto no cérebro”, relata Tamires Leão, engenheira em Porto Alegre (RS). “Chega sempre rasgando”, pondera Márcio Nakata, empreendedor em Palmas (TO). O que eles têm em comum? Ambos são clientes – satisfeitíssimos – da Coé, nova queridinha do mercado brasileiro. Tanto Leão como Nakata recorreram à Coé para amenizar problemas de gestão. No primeiro treinamento na sua pequena fábrica de compensados naval, a Compensados Naval, Nakata relembra a reação de Waguinho Paquetá, representante da Coé, diante de uma dinâmica de grupo com bolas de pilates: “Ele baixou as calças, vestiu um chapéu cata-ovo e óculos escuros e começou a rebolar, apontando os dois dedos médios para todos em movimentos pendulares. A gente não falou nada, pois achava que era parte da dinâmica… Aí o Waguinho encerrou a interação dizendo ‘tesão…’. Nunca mais aconteceu qualquer dinâmica na empresa”, reconhece. Leão, hoje na construtora Risco Redentor, aponta a importância da Metodologia do Pescotapa da Coé. Em uma live de reunião do setor de compras, Xande da Portela se revoltou com uma funcionária que havia feito slides para a reunião de trabalho, então promoveu um Zoom-bombing. “A Lú tava lá falando de uma parábola do velho e do forte,‘quem mexeu no meu queixo’ e sei lá que porra, aí o Xandão abriu o áudio da janela virtual dele e começou a rolar um tiroteio, que não era de videogame… A Lú pediu demissão uma semana depois – ou pediram a demissão por ela, não sei, ninguém nunca mais teve notícias”, comenta a engenheira. Muitas vezes, a Coé se encarrega de projetos pontuais, solucionando saias justas no curto prazo com vara longa. Exemplos não faltam: em uma empresa pequena de contabilidade de Florianópolis, ninguém conseguia usar o banheiro depois do almoço por culpa de um só funcionário. A Coé foi acionada, então enviou um carioca para resolver o problema. Não deu outra: no segundo dia, Lari, de Jacarepaguá, agiu antes mesmo do intervalo de almoço. Quando os funcionários se alinhavam para bater o ponto, ela disparou, dois tons acima da conversa habitual: “ÔOO cavalo; sim, tu meishhhmo; vê se cuida desse shtômago shcroto aí; quando tu shplode lá no vaso shculacha todo mundo, hahaha. E outra: aproveita pra pegar um Sol porque tua cara parece um open bar de esperma”. O avanço foi tão grande que a empresa aproveitou para abolir o ponto eletrônico. “Nossa qualidade de vida melhorou muito”, confessa um funcionário, que quis ser identificado como “Amigo da Lari”. Foi com o mote “empregue um carioca sem noção” que a startup Coé, fundada em Vitória (ES), fez duas grandes promessas: resolver conflitos internos dentro das empresas e substituir por completo os departamentos de RH delas. Para tanto, o método era um tanto inusitado: contratar um – apenas um – carioca suburbano extrovertido, homem ou mulher. Nas palavras da Coé, um caburtido. O retorno foi surpreendente. “Meu, a parada é realmente disruptiva. Na boa, sem exagero ou piadinha. O que disrompe mais um ambiente tranquilo do que um carioca de corrente e camisa com dois botões abertos berrando enlouquecidamente, mano?”, indaga Fred Lavezzi, assessor de investimentos em São Paulo. O fluminense Marco Fanti, natural de Petrópolis (RJ), é tido como um dos grandes cases de sucesso dentro da Coé. Ele já deixou seu legado em mais de 18 empresas ao redor do país em apenas dois anos. Sua primeira obra de impacto foi adaptar o conceito de hora-extra de uma empresa de telefonia para “laje sinistra”, em que todo fim de expediente esticado terminava em uma piscina improvisada no saguão. Hoje, Fanti orienta os novos contratados da Coé. “Pra que serve o RH, porra? Fazer pergunta burra, marcar happy hour no Zoom e agendar palestra de inteligência emocional? Mermão, vai tomar no cu! Isso tudo a gente faz mais rápido e ainda tira uma graninha por fora”, Fanti exaspera. “Ou você não acha que o Jorjão, que cuida do estacionamento do Posto 7 do Leme, manja mais de estratégia de convencimento que qualquer executivo brasileiro?”. [Imita voz infantil, esganiçada] “Qual palavra te define? Qual é o significado da sua tatuagem? Você pretende engravidar?”. [Volta ao normal, isto é, dois tons acima do interlocutor] “Ah, vai se fudê, porra: escolhe um MC e acabou!”, ele se acalma. “Chamo isso de apostolado educativo”. Mas nem só de galhofa, chacota e sacanagem vive Fanti. “Depois das hard skills e das soft skills, nosso mercado está desenvolvendo as Guanabara skills – e exportando”. Segundo ele, trata-se de um misto da técnica envolvida nas hard skills com o jogo de cintura e a casca grossa necessários às soft skills, mas com muito mais intensidade – e tamborim. O fato é que até os mais céticos têm se rendido. “É incrível: o carioca barraqueiro é um fenômeno de teambuilding. Todo mundo odeia ele, ao mesmo tempo ninguém quer comprar briga, exceto outro carioca. Então fica um negócio interessante, porque todos se unem contra a figura do indivíduo inconveniente – que não dá a mínima –, promovendo um ideal comum”, confabula Sara Fohlman, fundadora de um instituto paulista de desenvolvimento organizacional. “O ódio afetivo ao carioca e a tudo o que o Rio de Janeiro representa de mais falcatrua em matéria de Brasil se converteu no fim do brainstorming”, sintetiza. Para contratar seus cariocas, a Coé também inovou no processo seletivo. Nada de entrevista ou currículo, com questionários invasivos e dinâmicas conduzidas por toupeiras: basta enviar um áudio no zap ou um stories promovendo a briga entre dois cariocas. “A gente reconhece o caburtido que ilumina esse país em menos de três segundos; é inimitável”, aponta o CEO da Coé, Luiz Vendetta. “É muito menos uma questão de sotaque e tom de voz do que aura mesmo”, ele complementa, descalço. “Na moral lék quando ushcara falô pra mim kieuia sê gerente de RH eu num botei fé tambéinnn; falei ‘coé vô zuá sishcára’. Marh aí num é que peluvishtueu sou bom mearhmo?”, relata Marcinho “Açaí” Freitas, que começou na Coé e agora deixou a companhia – “nunca foi sorhtxi, sempre foi Deushhh” – para assumir um cargo gerencial na Ambev em São Paulo. “Dô migué uma veish pusemâna pra jogá um futivôlei, parhcêro, maizush carasabi e só o homem lá em cima podimi julgá”. “Outra coisa”, ele adiciona: “o Vaishcu kisifoda”. A história de Marcinho rodou o Rio, que pouco a pouco estabelece um clamor popular capaz de alçá-lo à figura de herói local. Cotado para se candidatar ao cargo de governador, ele repele a ideia: “koé lék, tá querendo me botar tornozeleira eletrônica? Aqui é tudo no sapatinho; honeishtidade, peixe”. A Coé planeja dar novos passos em seu projeto ambicioso de extinção dos RHs do Brasil. Vendetta antecipará para dezembro o lançamento do audiobook CLT na Raba, obra que destrincha técnicas para entender a CLT, com destaque para o capítulo 3, intitulado “Hora-Extra e Guaraviton”. Para o Carnaval 2021, a Coé pretende organizar um ciclo de palestras sobre gestão no horário de almoço das empresas, com participações de DJ Marlboro, do mascote da Biscoito Globo e de Eri Johnson. “Eles que querem participar, e muito. Esses eventos culminarão na nossa oferta pública inicial (IPO) ainda no primeiro semestre. Depois disso, todo brasileiro poderá investir na Coé, fomentando a indústria nacional; o sonho é injetar 2% ao PIB a partir desse modelo tipicamente nosso”. Os caburtidos da startup, prestes a se tornar uma scaleup, já têm feito – e matado – aulas de inglês. “O céu é o limite; ou Volta Redonda”, brada Marco Fanti. |
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quarta-feira, 12 de novembro de 2025
Finalmente, a extinção do RH?
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