O maior jornal impresso independente do Brasil, segundo o NYTUma ligeira reflexão sobre o marketing da pureza. NYT = Not Your Therizinosaurus???Olá, assinante e colaborador(a) do RelevO. No Informe Mensal de hoje, trazemos apenas um recado, que celebra assinaturas não canceladas, sugestões de parcerias duvidosas não verbalizadas e amizades que perduram porque ninguém tenta furar o olho de ninguém. 1.Antes de tudo, feliz 2025! Aos nossos assinantes, anunciantes e distribuidores, os exemplares foram despachados no primeiro dia útil de janeiro. As entregas dos correios estão funcionando bem. Em caso de extravio, atraso ou malote tomado por pelos de pets, não deixe de entrar em contato conosco. E o ano começa com um argumento possivelmente audacioso, mas fundamentado em autoevidências: em circulação ininterrupta desde setembro de 2010, o RelevO é o maior jornal impresso independente do Brasil. Melhor: é o maior jornal impresso independente de literatura do Brasil. Essa afirmação não só não nos orgulha, mas também nos deixa especialmente preocupados, isto é, tanto com o tamanho do mercado literário brasileiro como com o fato de que, bem, somos nós mesmos a deflagar essa comenda, logo o periódico com mais propensão ao descaso com rótulos, títulos e prêmios – nenhum clube quer nos condecorar – e que mais passa o chapéu para seguir circulando. Temos mais predisposição para circo itinerante, um leão sôfrego aceitando pipoca, do que para o uso de ternos em longas cerimônias. Nunca soubemos preparar discursos. E, afinal, o que significa ser independente e/ou maior em um mercado que frequentemente não quer dizer nada ser maior por simples falta de ressonância? O que temos a dizer sobre um certo jeito de fazer cultura impressa em tempos tão refratários ao formato? Segundo a pesquisa Retratos da Leitura 2024, 53% dos entrevistados brasileiros se declararam não leitores. Comecemos com uma discussão nada simplória: o que é ser independente? Quando mencionamos independência, geralmente pensamos em autonomia política e – modernamente – econômica, um sentido geopolítico. Mas sabemos que somos, enfim, apenas um impresso que imprime 6 mil exemplares por mês. Conhecemos o nosso cercadinho. Independência, para o RelevO, é a soma de consistência com a não escolha de caminhos que geram certos compromissos estranhos com a origem da grana, o famoso toma-lá-dá-cá. Não aceitamos dinheiro público nem de empresas que comprometam a integridade do que publicamos. Por exemplo, não receberemos grana de parceiros editoriais fundados em 1919 que defendam bandeiras que já soavam antiquadas em 1919. Negamos patrocínio de bets muito antes de isso ser considerado uma epidemia social. Nossa sobrevivência vem do apoio direto de assinantes e de anunciantes. Com esse aporte, executamos um esforço logístico contínuo, até acima das nossas capacidades, que garante a entrega do periódico em pontos culturais de 24 estados da federação. As exceções são Acre, Amapá e Rondônia – não por falta de tentativa.¹ Com relação aos assinantes, o jornal chega em todos os estados e até no exterior, com leitores em Portugal, na Espanha, nos Estados Unidos e na Inglaterra, além de mais 10 países. Da soma dos aportes de assinantes e de anunciantes, direcionamos quase 40% do caixa para a distribuição em pontos culturais do Brasil todo sob o argumento de que não faz sentido um periódico literário brasileiro ser restrito somente a quem pode pagar. No RelevO, quem paga a assinatura também patrocina o envio para os pontos gratuitos. Sim, parece uma operação impensável, mas foi assim que resolvemos, com menos de R$ 10 mil por mês de orçamento – e com prejuízo em nove dos últimos 12 meses –, o nosso gap de distribuição. E foi assim que persistimos, testemunhando diversos projetos mais espertos ruírem brevemente, passada a empolgação inicial. Para nós, ser independente também significa não adular o público, tampouco ser porta-voz de interesses pessoais do [e]leitorado. Ao contrário, é aceitar os riscos que vêm com a liberdade de ser fiel à nossa missão editorial de tentar sempre surpreender o leitor e a leitora com conteúdos que julgamos literariamente interessantes, ao invés de publicar quem assina o jornal apenas por isso, numa relação de ganha-ganha em que o universo perde. Em contrapartida, nos dias atuais, o vaticínio da independência é bem mais que um ideal para chamar de seu: é um posicionamento muitas vezes associado ao marketing em um mundo marcado pela influência de grandes conglomerados e produções cada vez mais submetidas à lógica dos algoritmos. Independência é pop, é original; demonstra propósito, histórico e resiliência; por fim, é customizável e cult. Lembramos do curioso caso de independência da destilaria Ardbeg, em Islay, ilha remota da Escócia, que faz uso do status da autonomia em seus comerciais levemente irritantes e tem como controladora o grupo Pernod Ricard, corporação cujo portfólio apresenta marcas conhecidas como Absolut, Ballantine's, Chivas Regal, Beefeater, Jameson, Malibu, Mumm, Passport, Montilla, Orloff, entre outras. É a famosa independência de boutique. Excelente uísque, aliás, o Ardbeg. Ser independente significa manter-se alheio a tais pressões do espírito do tempo ou não ser mais um nome na grande bacia de algum CNPJ? O que sabemos é que, no RelevO, somos livres para promover a literatura como acreditamos que ela deve ser: um espaço de pluralidade e experimentação com alguma diversão. Também sabemos que não estamos no rol de produtos da Pernod Ricard, embora já tenhamos feito proposta para a Red Bull.² O que significa ser “maior”? Nada. Ser maior geralmente trata de números ou títulos. Para nós, é uma questão de consistência, impacto em seu público-alvo e tradição. Publicamos sem interrupção há quase 15 anos. São 189 edições. Algum mérito há nisso. Mantemos uma base estável de assinantes e de pontos de distribuição – hoje são quase 1000 assinantes e 250 espaços de circulação, entre livrarias, sebos, cafeterias e demais centros culturais – e cultivamos uma rede que valoriza o diálogo por meio das cartas enviadas pelos nossos leitores. Nossa capilaridade é fruto de um trabalho comprometido e coletivo, bancado por nossos assinantes e anunciantes, o que gera, na média, 30 cartas espontâneas, de gente que leu e prestou atenção, por mês. Mais que títulos, este é o nosso principal troféu de reconhecimento externo. “É bonito de se ver” o mundo de dentro, mas sabemos que ser independente também significa enfrentar vulnerabilidades, como oscilações no custo do papel, falta de orçamento e a dificuldade de manter uma equipe integralmente dedicada ao projeto. No final, o discurso da independência fica bonito no cardápio, mas sozinho não paga o boleto da gráfica. Bem. Não somos herdeiros de grandes patrimônios ou ventríloquos de qualquer marca. Aliás, não somos herdeiros de patrimônio algum. Nossa existência é fruto do apoio de leitores que compartilham do nosso compromisso com a cultura. Por isso, somos gratos a vocês que investem no RelevO como um canal de provocações e descobertas. Em 2025, queremos continuar promovendo uma literatura que desafia e conecta. Queremos ser mais promotores de nossa própria existência, reforçando não só o que somos, mas também o impacto que exercemos em nosso diminuto ecossistema. E, para isso, contamos com você: leitor, colaborador e agente cultural que compartilha dos mesmos horizontes. Ou apenas um nóia que quer se concentrar de forma saudável no papel jornal. Assine o RelevO! Saiba que você não apenas recebe um jornal. Você fortalece um projeto que resiste ao efêmero, promove a cultura impressa e defende a literatura em seus próprios parâmetros. Sua assinatura é uma declaração de apoio ao nosso ideal de independência, conceito tão frágil quanto fundamental. “E no veludo desse céu azul / Brilha o medalhão da Cruz do Sul”. Sigamos juntos, reafirmando os valores e a consistência (ou a dureza) que nos trouxeram até aqui. 1 Conhece um ponto cultural nessa região e que gostaria de receber o nosso jornal? Escreva pra gente; indique! 2 Ainda esperamos resposta! O e-mail deve ter caído no spam… |
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quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
O maior jornal impresso independente do Brasil, segundo o NYT
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