segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Re: Hoje é o seu Dia Amigo!

Eterna canção

 

Nosso amor é inevitável, não há como fugir

Caminho sobre o infinito como uma bela canção

Então meu amor, segure a minha mão, e ouça

A nossa eterna canção, o fruto da nossa paixão...

Aconchegue-se em meus braços e tranquilo adormeça

Deixe-me sentir a tua pela macia e poder tocá-la

***

Na madrugada gélida em nossa cama, beijá-lo

Todo o infinito nos conduzira, não temas....

Apenas adormeça, enquanto lhe acaricio...

***

Mas meu amor, lembre-se: "De pequenos

instantes reciproco desta epopeia, só nossa"

Vamos tatuar a nossa história e nos despedir

Nada se apagará,

O nosso amor ficará marcada para sempre

Com a tua voz melodiosa, despeça-me…

Mesmo t' amando

Texto de Fabiane Braga Lima, é novelista, contista e poetisa em Rio Claro, São Paulo.

Contato: bragalimafabiane@gmail.com

 

 

 

Dos nossos múlti-plos silêncios 

És inspiração, luz e emoção!

Tens a leveza no olhar…

És menina solta,

Pronta para voar!

Clarisse da Costa

 

Hoje silencio todos os meus versos e rimas

Minha alma pede paz

E necessita se distanciar

Das ardências, ânsias, fúrias

Calo-me, pois preciso do silêncio

***

Tens a realidade liquefeita

Como senhora tirana tua?

Então não se cale e esbraveje

Crie sintéticas asas e voe

Para o além da realidade fluída

Para muito além dos astros-mortos

***

Inquieta escrevo e descarrego

Tenho a sensação terrível do medo

Consome, me toma como refém...

Sem direção e infindas incertezas.

***

Escreva apaixonadamente

Ebúrnea sacrossanta poetisa 

Que repousa tranquila

Em um límpido rio claro 

Componha uma nova realidade

Que não seja então somente tua 

Que seja mim também

***

Maldita inquietude que m'domina

Minha mente parece encarcerada

Sinto-me prisioneira, de mãos atadas.

***

És bem quista

E benfazeja nos versos meus 

Tu és absoluta

 Nas vastidões infinitas

 Dos negros estros meus

Flutuas e flanas vívida na verve

Que componho

 Com negras tintas digitais 

Em páginas em branco

***

Aquieto-me, pois o mundo grita

Chora de dor.... maldição, ganância

Esperança, loucura ou solução!?….

Dueto de Fabiane Braga Lima, é novelista, contista e poetisa em Rio Claro, São Paulo. Contato: bragalimafabiane@gmail.com

Samuel da Costa é contista e poeta em Itajaí, Santa Catarina. Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br

 

 

 

 

— Chega? Já se deu por satisfeita por hoje, senhora Fá Rodrigues Butler? — Sibelly Lopez soprou no ouvido de Fá, ambas estavam no outro lado da rua, contemplando os cinco corpos sem vida no chão e três homens, que trôpegos, corriam em desespero pela rua a baixo.

            — Por hoje sim! Tenho uma festa para dar, bons amigos para receber e uma filha pequena para pôr na cama. No mais, não fiz nada de errado, estas pobres criaturas são nada mais, que reles joguetes nas mãos do destino. Pessoas boas estão dormindo, em uma hora desta, pelo menos deveriam estar penso eu. — Fá sorriu por dentro enquanto falava e olhava para os corpos, sem vida a poucos metros delas. — A caçada terminou, já peguei o que bem queria, depois negra ninfa, acertamos as nossas diferenças, em outra hora em outro lugar. Não aqui bem no meio da rua.

            — Verdade anjo negro! Na rua, não é mesmo um bom lugar, para darmos espetáculos, mais tarde falamo-nos. Mas, sabes que temos muito o que conversar!

***

 

            Fá Rodrigues Butler não andou muito para chegar em casa e deixar a cena trágica que se desenrolou a pouco e deixar a figura trágica Sibelly Lopez para trás. Parou por poucos segundos apenas, na entrada conjugada das imponentes torres gêmeas Kitanda e Xoclengue, entre as duas piras em chamas eternas e adentrou. Ela passou por elas e as chamas das piras se acenderam ainda mais, uma chama azul na pira a esquerda e uma chama amarela na direita subiram aos céus, pareciam querer transcenderem o cosmo. Fá sentiu seu negro arco-íris despontar dentro dela, com todas as forças do universo, era a glória dos deuses imortais eminentemente diante dela por fim. Enfim o gosto da liberdade, mesmo que efêmera, tive o seu devido efeito na dama da noite, depois ela sabia que iria arcar com as consequências, que inevitavelmente viriam e não muito tarde. Mas, ela não pensou muito nisso, agora tinha uma festa para dar e sagra a deusa de ébano era premente, pelo menos um pouco.

            Ela adentrou no hall do prédio, de forma imponente passou por três seguranças bem vestidos com ternos à italiana, duas zeladoras limpavam o chão de mármore  Nero Marquina  com seus tons escuros e abundantes veios brancos. Passou também pela porteiro velho e decrépito sentado por detrás de balcão imponente e seus telefones decorativos. Todos sequer pensaram em olhar para a moradora ilustre, ou mesmo dar lhe um boa noite. Todos simplesmente evitaram olhar nos olhos famintos de Fá. Ela parou entre os dois elevadores privativos que eram separados por alguns metros. Um levaria a dama da noite para casa, agora o outro iria direto para o salão de festas. Ela decidiu tomar o elevador de acesso ao salão de festa da torre Kitanda, ela não queria ver a velha mãe, mais tarde a veria, mas não agora, Fá queria evitar as perturbações de sempre. Ela parou diante do elevador, o parelho portas de mogno, ricamente detalhado, com seus entalhes da escola barroca e a porta em ferro e bronze abriu-se sozinha. O parelho parecia estar mais que faminto, para capturar a negra alma torturada de Fá. Ela adentrou no elevar e ele subiu automaticamente ser fazer ruidos, um arrepiou correu pela alma imortal dela, o alarme de Fá disparou naquela hora extrema.

            Ao chegar até o último andar torre Kitanda, Fá saiu do elevar com um peso enorme na costa, ela pressentiu nuvens negras se formando no horizonte. No limiar do salão de festas, duas estátuas vivas completamente nuas, davam o tom do que estaria por vir, cada uma em um ponta da entrada e entreolhando-se no desespero da equidistância. Eram duas transexuais recobertas com uma leve pintura corporal branca, olhos pintados de negro, grinaldas brancas, unhas pintadas de vermelho vinho e completamente idênticas. Elas estavam em cima de colunas jônicas de mármore Ebony Crystal, que mediam meio metro, estavam completamente imóveis e pareciam sem vida. Fá passou por elas, como se elas não existissem, como se fossem meros enfeites, peças decorativas, um prelúdio de um tétrico teatro horror que se avizinhava.

             Fá ficou parada diante das duas monumentais portas de madeira Lignum Vitae, ricamente decoradas com entalhes com simbolismo pagã do norte da Europa. Ela ficou ali parada esperando-as que fossem abertas, e os segundos se arrastaram e se transformaram em minutos, até elas se abrirem lentamente. Ela, um tanto nervosa, adentrou no salão de festas com os passos comedidos, e logo avistou um trono vazio, ao fundo e ao centro do amplo salão de festas, em cima de uma pequena plataforma e com duas pequenas escadarias de acesso nas laterais, a imponente peça não deveria estar ali, mas estava. Do piso até a o fim das escadarias era recoberto com uma manta vermelha vívida e viscosa.

            — Por aonde andava a nossa mais que querida anfitriã? — A voz metálica cravou nos ouvidos de Fá como se fosse punhais. Ela se virou e viu o coronel Moreira César sentado em uma poltrona, estava usando um uniforme de gala da polícia militar do início do século XlX. No colo dele uma criança de dois anos dormia complacentemente.

            — Tire essas tuas mãos imundas dela, seu animal sujo e nojento! ─ Gritou bem alto Fá, a plenos pulmões, em nanossegundos ela se projetou na frente do coronel e tirou a criança dos braços do coronel. — Nunca! Mais nunca mais mesmo coloque as tuas mãos sujas nela  novamente seu aminal. Valentina minha querida venha até aqui agora mesmo. — Era calma o tom de voz da dona da festa, mas cheio de força.

            — Chamou madame?

            — Valentina! Leve Agnes até os meus aposentos, na torre Xoclengue, leve-a agora mesmo. —  E passou a criança, que ainda dormia, passou das mãos da mãe para as mãos da governanta — Fique com ela, até a festa terminar e não quero que mais ninguém chegue perto dela hoje e também que você não saia perto dela hoje à noite um só minuto. Fique ao lado dela a noite toda, não saia do lado dela um segundo que seja. Me ouviu?

            — Mas senhora e a festa? Tenho tantas coisas para providenciar ainda...

            — Vá! E agora mesmo! É uma ordem!

            A serviçal saiu com a criança no colo em direção a saída lateral do salão de festas, enquanto a dona da festa a seguia com os olhos atentos.

            — Moreira César agora é com a gente — Falou com fúria assassina ao voltar-se os ferinos olhos verdes para o militar, esse que parecia se divertir com a coisa toda. O homem deixou a postura debochada de lado e ergueu e postou como um militar graduado que era.

            —  Espero que não tenhas aprontado das suas hoje. Espero que não tenhas recoberto as ruas da minha cidade com sangue de novo. Custa muito caro apagar as suas pegas, os seus rastros pela cidade afora, toda vez que tu resolves passear ou dar uma festa deste tipo. Esse pulso magnético chama muita atenção de muita gente.

            — Baixe o tom da tua voz coronel, estás na minha casa e não lhe devo satisfações dos meus atos. Pelo que sei, estou fazendo um bom trabalho, que aliás deveria ser teu, eu faço um bom trabalho sinal. E vai acabar quando tiver que acabar, esses como é que vocês chamam mesmo….

            — Pontos nulos no céu!

            — Isso mesmo, são provas contundentes das insignificâncias de vocês. Chega coronel, não vou debater amenidades com você, não hoje. Chega tenho mais o que fazer.    Ela deu as costas para o coronel, mas no fundo ela sabia do terreno pantanoso que estava se metendo, e ela intuiu, se uma peça insignificante como aquela ousou enfrentá-la é porque vinha coisas ruins por aí.

            Ao caminhar pelo salão de festas, Fá sentiu uma viscosidade brotar no chão, ela olhou para baixo e viu uma camada fina de sangue fresco e o um forte olor de cobre, era um mal sinal,  que denunciava que a rainha de ébano estava no recinto. O alarme de Fá estava ligado em alerta total. Ela olhou para o enorme salão vazio e de repente não muito longe estava uma banda de jazz se aprontavam para tocar no pequeno palco. Fá reconheceu as figuras, que outrora estavam esquálidas na viela escura, que ela deixará no chão há poucos minutos passados. A banda estava usando ternos brancos e com gel no cabelo e sapatos lustros um guitarrista, um contrabaixista, um baterista e por fim duas mulheres vestida elegantemente dividiam o posto de vocalista da banda. Em um instante os músicos ficaram estáticos, mudos, como se fossem estátuas vivas antes de começarem a tocar. Sim, era obra de Sibelly Lopez, pensou Fá, assim como os dois seres andróginos postados na entrada do salão de festas. O sangue fresco no chão desapareceu por completo, sem deixar vestígio algum e um forte olor da negra flor halfeti tomou conta do ar. Era ela o tempo todo, operando nas sombras como de costume, Fá Rodrigues Butler desejou o impossível naquela extrema. Ela desejou ardentemente, que a soberana deusa de ébano estivesse morta àquela hora, ou simplesmente, desaparecesse no ar, que ela fosse chorar suas mágoas eviterna em algum canto escuro de uma dimensão qualquer, que fosse para outra perdida e esquecida por fim. Mas a realidade imposta era bem outra, e Fá procurou-a em toda a parte, em desespero, foi encontrá-la na janela oeste do salão de festas e estava olhando para baixo. Muito apavorada Fá Rodrigues Butler se aproximou furtivamente da deusa de ébano. 

            — Ponto nulo no céu! Que coisa mais ridícula, não acha minha cara? Fá minha querida amiga como estás? — Sibelly olhava da janela para quatro corpos enfileirados, com os braços aberto, em cima de grade de um muro, os quatro olhavam para o alto da torre Kitanda. — O teu senso de humor é atroz, Fá minha querida, você passou de todos os limites desta vez. Mesmo assim adoro o seu estilo, minha querida!

            — Não me ameace Sibelly, não aqui na minha casa! — Fá levantou a voz, mas de repente lembrou-se de quem estava na frente dela. A imagem de Sibelly elegante e delicada é substituída na mente de Fá, em uma mulher trajada de uniforme militar surgiu empunhando uma AK-47 em uma mão e na outra uma pistola Tokarev TT-30 que olhava para com sede de sangue nos olhos. Depois ela estava semeando um campo com as mortíferas Mina-S, as temidas minas antipessoal terrestres alemãs, como se não fosse nada. Ela mirando e disparando em um tanque Merkava com um lança granadas RPG-7 e depois logo marchando pela neve no Sibéria, depois no deserto de Gobi sempre a frente de uma coluna de soldados. Sibelly em meio a bombas explodindo, colunas de fumaças, gritos de horror, choros desesperados e corpos ensanguentados. Ela na frente de batalhão dando ordens unidas, passando a tropa em revista no meio de uma floresta úmida.

            Fá dá um passo para trás com um medo abissal de Sibelly, Fá jamais tivera tanto medo antes, mas agora estava aterrada. O pavor povoava todo o seu cerne mais que profundo, ela levantou a mão esquerda e tentou apontar para a mulher na frente dela, mas não conseguiu. Uma força poderosa a fez abaixar a mão, e balbuciou algumas palavras incompreensíveis, que morriam na boca de Fá, em vez de falar, ela escutou a outra proferir tranquilamente:

            — Nunca! Mais nunca mesmo, se esquece de quem somos e do quem você é. Se nós desafiemos de novamente, sua estúpida, não serás destroçada, pura e simplesmente em praça pública à moda antiga, te juro com todas as minhas forças. Será um pesadelo, bem pior do que a tua débil mente infantil poderia criar e acreditar sua.

            Outra imagem foi projetada na mente de Fá, Agnes adulta, completamente nua, estava em uma pira de sacrifícios deitada. Agnes estava ornada com vestes brancas de puro linho. Homens com uniformes nazistas de alta patente adentram no que parecia ser uma câmara de sacrifícios humano, eram cinco e, estavam com os rostos cobertos por uma escuridão sobrenatural. Fá intuiu com pesar no coração, que fossem os mesmos, que ela vira na rua a pouco menos de uma hora surrando os três moradores de rua. A sala iluminada à meia luz por primitivas tochas, mas Fá pode ver o sorriso de satisfação nos lábios de Agnes. E por mais que se tenta Fá não conseguiu ver os olhos dos oficiais nazistas, só o que pareciam ser as bocas e narizes, eles não sorriam e nem falavam nada. O oficial de maior patente elevou no ar um athame, o objeto cortante emanou um feixe de luz que cegou Fá. Ela aterrada, voltou para a realidade presente, Sibelly Lopez havia desaparecido e na frente dela, só o vento frio da janela aberta, o céu encoberto por nuvens negras e raios que de instantes em instantes rasgavam o céu.

            — Maldita! Malditos todos! — Fá gritou a plenos pulmões e jogou no chão uma taça de champagne, que surgiu nas mãos dela sem ela o saber como. A fina peça, delicadamente entalhada artesanalmente, de cristal Bohemia se se espatifou no chão de mármore, chamou a atenção de todos ali presentes. Fá não se espantou em ver o enorme salão de festas com os convidados que se materializaram do nada, outra obra de Lopez considerou a dona da festa. A jovem senhora calculando, o profundo mal-estar, causado pela desagradável cena, ensaio um sorriso e mil pedidos de esculpas. Ela sorriu e voltou-se para a pequena multidão, que olhava para ela atônitos. E ela levando as mãos ao alto bateu palmas e disse bem alto:

            — Vamos à festa, a banda… E a banda? Toquem meus caros, toquem!

            A fina flor da classe artística provinciana, da pequena cidade portuária, estava toda lá, uma pequena massa de rebeldes locais, de toda a ordem, estava presente na festa de Fá. De pintores, músicos, artistas plásticos, tatuadores de certo renome, editores revistas de arte e literatura, escultores, donos de jornais independentes, professores universitários progressistas, badalados disc jóqueis, web designers, escritores independentes, produtores  e artistas de teatro,  ácidos diretores e produtores de TVs e rádios, críticos literários, músicos de relevância local, designers de moda, donos de galerias de arte e toda a sorte de espíritos livres que gravitam no meio artísticos e cultural da pequena cidade e cercanias, pessoas toleradas pela velha elite conservadora.

            Os garçons, garçonetes e todos os convidados formaram um corredor humano, diante de Fá, os poucos convidados desavisados acresceram o corredor humano. A anfitriã viu no fim do corredor o trono, e lá estava ela, Sibelly Lopez, toda dona de si, segurava um respiro do narguilé na boca. No alto do trono, acima dos mortais, a deusa de ébano então sorriu para Fá. Elevou-se do trono e bateu palmas, todos ergueram as taças e copos em suas mãos, olharam para Sibelly Lopez e em uníssono saudaram: — Salve a rainha da noite! Salve a deusa da escuridão!

            Fá não teve escolha, atravessou o corredor humano lentamente derrotada, ela olhava para belíssima mulher negra majestosa sentada em um trono. Sibelly Lopez evitou olhar para a outra que se aproximava, a mulher postada no trono de mármore era a expressão máxima do poder encarnado e tinhas os olhos frios de uma déspota cruel que iria proferir uma pena de morte. E quando Fá naquela hora queria que seu coração para- ao se ajoelhar diante do trono. 

Texto de Clarisse Cristal, bibliotecária, poetisa e cronista em Balneário de Camboriú, Santa Catarina.

 

 

 

 

 

 

 

Passagens do Tempo

 

Passamos por várias etapas da vida e cada uma delas fica com aquela saudade deixada. O chinelo rasgado depois de correr ao brincar de pique esconde, o choro depois de ralar o joelho…

A avó sentada na cadeira de balanço, no rádio à pilha aquela antiga canção que fala da vida campeira e no rádio do jovem sentado na calçada aquele rap no último volume bem no início dos anos dourados do hip hop brasileiro.

São tantas coisas… O tempo passa e algumas coisas vão ficando para trás. Eterno mesmo é aquele famoso prato que quase toda casa humilde tem, caía no chão e não se partia. Mas a memória tem o dom de resgatar muitas dessas coisas, aquele beijo tímido, as figurinhas que vinham nas balas, a mãe mandando entrar na casa pois já estava ficando noite...

Claro que com a tecnologia e a nova era das mensagens instantâneas algumas coisas vão perdendo sentido, como se tivessem saído de moda. Ainda eu ouço dizer que cartas de amor são coisas de crianças, como se falar o que sente fosse algo infantil, uma brincadeira de criança. Eu, sinceramente, vou ser criança a vida inteira, então, escrever o que sinto faz parte da minha essência e amar acho que vai ser a minha eterna sina!

E eu nem ligo para o que está na modinha das rádios, eu ainda ouço músicas antigas, espero receber cartas de amigos, danço mesmo que os joelhos não deixem e canto mesmo que desafinada.

E digo mais, não se espante se for a mesma música do Djavan. Envelhecer não significa ter que parar de viver e fazer o que se gosta. Talvez eu esteja com o meu cabelo branco lembrando das novelas antigas, falando que elas eram as melhores e no filme da tarde vendo o filme "Lagoa Azul" com um gole do meu café.

Texto de Clarisse da Costa é cronista e poetisa em Biguaçu, Santa Catarina.

Contato: clarissedacosta81@gmail.com

 

 

 

 

Clarisse Cristal e o mergulho na escuridão

 

Talvez não seja um sonho.

Enfim...

E ela esteja lá...
Na alcova minha

À meia luz!
Esperando por mim...
Enquanto na vitrola...
Toca o mais puro lamento negro,
A mais cristalina negra dor.

 

            ''Nunca me interessei por revisitar cenários'' — Disse Clarisse Cristal para si mesma, mas com uma enorme vontade de gritar ao máximo do impossível e para além do provável, para quem quisesse e não quisesse ouvir. A frase feita, que não era dela e sim um batido clichê que ela nem lembrava de onde tirou tal frase. Pois ao chegar no terraço todos os elementos, que podia lembrar, estavam todos lá disposto bem diante dela. O balcão de mármore Carrara, o bar com vários tipos de bebidas, copos e taças para todos os gostos, marcas e preços, as cadeiras espreguiçadeiras de praia gêmeas as famosas outdoor dubbele chaise lounge, a mureta com o peitoril com detalhes artesanais, as mesas e cadeiras distribuídas simetricamente. E por fim uma pequena piscina e a bela vista para o mar. Em uma olhada rápida no quiosque do terraço e Clarisse notou um grande retrato em preto e branco, com a assinatura de um fotografo famoso da atualidade. Era o professor Muteia elegantemente trajado, como de costume, mas de maneira casual, ladeado de uma jovem e bonita jovem mulher elegantemente vestida, também de maneira casual. Ele sentado em uma imponente poltrona e ela em pé e com as mãos em volta do pescoço do africano em terno carinho: — Então esta é famosa Agnela a misteriosa esposa de Muteia! — Pensou Clarisse em um lampejo.

            — Belo local de trabalho professor Mutéia!

            — É Muteia sem acento, há um enorme hiato, no meu sobrenome e que se estende na minha vida cotidiana também. Podes de me chamar pelo meu prenome que é Adérito. Vamos sentar logo e começar a entrevista, pois não tenho muito tempo menina/mulher.

            Foram andando lentamente se afastando do quiosque e indo em direção de uma mesa a poucos metros da pequena amurada de frente para o mar. O emérito professor luso-africano afastou uma cadeira de forma cavalheiresca e ofereceu para a jovem dama. Adérito ocupou uma cadeira em frente de Clarisse, depois dela se sentar, o luso-africano ergueu a não esquerda e estalou os dedos e um mordomo apareceu para atendê-los. Clarisse deu uma olhada melhor no homem e viu que era mais que um mordomo era um mordomo vitoriano que os servia.

            — Secretário me traga uma chávena de chá de menta gelado e os meus charutos, o que queres, minha querida Clarisse Cristal?

            — O chá de menta gelado para mim está bom, mas dispenso os charutos!

            — Sim senhor e madame! Vou trazer duas chávenas de chá de menta gelados e os charutos!

            O homem desapareceu tão rápido, como surgiu e por fim os dois estavam em um lugar reservado e sozinhos novamente. Clarisse tinha preparado muitas perguntas, como boa profissional que era, para fazer fugir dos muitos óbvios, pois ali quem estava diante dela não era uma pessoa qualquer. E com pessoas extraordinárias, os roteiros prévios raramente funcionam bem.

            — Então como é mesmo o nome do veículo em que trabalhas miúda?

            — Revista Astro-domo, de literatura, estética, comportamento e artes em geral!

            — Interessante, já a conheço de fato. É bem pós-moderna por sinal, pois estão em todas nas plataformas digitais, pelo que sei. Diferentes de algumas revistas e jornais que eu colaboro.

            — Então o professor conhece a nossa pequena revista então?

            — Liga o gravador miúda e vamos logo começar a trabalhar!

            A repentina pressa do emérito luso-africano fez um alarme disparar em Clarisse Cristal, as pessoas como a formação dele não tendem a ter muita pressa quando estão trabalhando. Adérito foi forjado em parte pela velha e refinada escola europeia. Esperaram, por um tempo sem saber o motivo, e entreolharam-se com uma profundidade abissal. O clima só foi quebrado com a volta do secretário. Ele voltou com uma bandeja de prata recoberta por um delicado pano branco de linho egípcio, os serviu de forma solene e sem nada dizer e se retirou também de forma solene. A jovem entrevistadora achou tudo muito exagerado e por demais refinado para uma simples entrevista.

            — Então professor, o senhor quer estabelecer alguns parâmetros a entrevista antes de começarmos de fato?

            — Creio que não, minha cara e jovem amiga. Fico mais que contente em poder ser entrevistado por alguém mais próximo de mim. Quase não se vê muitos negros atuando, aqui no novo mundo, na literatura e no jornalismo cultural para ser mais exato. Está é na verdade a primeira vez que dou uma entrevista para outra pessoa da minha raça neste belo país, que me acolheu tão bem.

            — Então como é ser escritor nos dias de hoje, para o professor? — Clarisse usou um clichê logo de entrada, logo após ligar o gravador digital que estava em cima da mesa.

            — Eu não posso discorrer em belas letras, e em arte no geral, nos dias de hoje sem olhar profundamente para o passado, para que possamos compreender o tempo presente. Se no passado, não muito distante de nós, os escritores escreviam usando então somente municiados de penas, o tinteiro, o mata-borrão e eram iluminados pela luz de velas ou por enfumaçados candeeiros. E tendo a geração seguinte a máquina de escrever, a luz elétrica e a máquina a vapor, dando um ritmo bem mais acelerado para a nova sociedade menos agrária em mais urbana. Isso se refletiu e ainda reflete na escrita e no mundo das artes como um todo. Estamos é claro falando do início do século passado e do fim da anterior a este. A extrema velocidade dos dias de hoje, com o advento da escrita digital, acelerou muito mais a que a dita escrita mecanizada do século passado. Mas estou sendo muito enfadonho e academicista demais minha cara?

            — Não mesmo professor, não mesmo! Prossiga por favor— Ela queria bem dizer sim para com academicismo exacerbado do professor.  

— O escrever é sobretudo o transcender para o além do infinito! É fugir dos óbvios que a realidade nos impõe no dia-a-dia e é não conhecer e ter limites algum! E já antecipando a tua segunda pergunta, minha jovem Clarisse Cristal jornalista da revista astro-domo: O que é a realidade afinal? No conturbado mundo de hoje, a realidade é o que a gente quer que ela seja! — Clarisse Cristal ouve um alto ranger de uma antiga e pesada porta se abrindo atrás dela — E também antecipando a tua terceira e inevitável pergunta eu respondendo que eu navego, ou melhor flano, entre os movimentos literários do neossimbolista e do neo-surealismo. Eu trafego livremente por estes dois movimentos literários, mesmo que esteja fora de moda falar em movimentos literários, no tempo presente. E vós digo que para os padrões da atualidade, estes dois movimentos literários e estéticos são os movimentos literários e estéticos que mais poderia representar a pós-modernidade! — Clarisse Cristal então ouviu passos, eram o barulho típico de salto alto quinze batendo no chão frio e duro do terraço de forma compassada. — Se a pouco me perguntasse sobre a Agnes. Então vós digo, minha querida jovem jornalista entrevistadora da revista Astro-domo, que ela é fruto da minha imaginação fértil então somente. Uma filha dileta e querida na verdade da minha irrequieta mente imaginativa. — Uma sombra surge por detrás de Clarisse e se agiganta — Ela como outras personagens que vem e vão ao sabor do vento e da ocasião. — A mulher passa ao lado de Clarisse e a jovem entrevistadora e a reconhece é a mesma mulher que outrora acompanhava Adérito Muteia na livraria — E é assim, que as personagens do meu fértil mundo imaginativo vão surgindo minha querida amiga, aos pedaços, nevoentos, nebulosos, lânguidos, turvos. — Ela se posta ao lado do professor Muteia e sussurra no ouvido dele e este sorriu — São personagens rebeldes por natureza minha querida amiga — A mulher se afasta lentamente, sobe na mureta, olha para trás, encara bem nos olhos  de Clarisse Cristal, a mulher sorriu para a jovem entrevistadora e então mergulhou. Clarisse atônita e em prantos corre até a mureta, olha para baixo, eram muitos andares até o chão, e Clarisse viu a si mesma, seu próprio corpo sem vida estendido no chão. As pessoas passando ao largo do corpo sem vida sem se importarem-se. Clarisse recuou em choque e decidiu olhar de novo, os muitos andares sumiram e ela não vê mais nada, somente a calçada a beira. E sem nada entender voltou a si, a olhar para Adérito Muteia, que estava estático sentado diante dela no mesmo lugar — Então é isto miúda, em tempos de realidade fluída, nada é de verdade e vivemos em um mundo de muitas mentiras, mundo fugaz, nasce, cresce e evanesce em poucas horas, minutos e até segundos! — Ela estava de volta sentada em frente ao professor, tinha a cabeça pesada, Clarisse não sabe o que pensar e dizer naquela hora. O emérito professor luso-africano sorriu para ela, não de forma sarcástica e sim com terno carinho.

            — A entrevista acabou miúda! Quem sabe um dia possamos nos aprofundar mais sobre estas questões! Qualquer dúvidas que possam surgir depois, entre em contato diretamente comigo como tu bem prover. Sou sim uma pessoa bem ocupado e raramente dou entrevistas, mas para tu posso rever este meu conceito estático. Pelo menos até agora!

            — Claro professor! Sim tenho muitas dúvidas e várias incertezas! — Era sonolento o tom de voz de Clarisse Cristal e nem parecia que era ela que estava falando naquele momento.

Samuel da Costa é contista e poeta em Itajaí, Santa Catarina.

Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



Em segunda-feira, 8 de agosto de 2022 00:46:00 BRT, Mara Núbia <solardasartes1216@gmail.com> escreveu:


Peço licença para te oferecer esta  oportunidade mais que especial.
Segue abaixo.

Abraço,
Mara Viana.


Em sáb, 23 de jul de 2022 10:26, Gaya Rasia <gaya.rasia2020@gmail.com> escreveu:
Olá, amigos

A paixão pelas artes e literatura nos aproxima!

Quis o destino que essa mensagem chegasse aqui!

Desejo paz e bem a todos vocês!

Carinhoso abraço,

Rozelia Gaya Rasia





Em qua., 20 de jul. de 2022 às 11:31, Marcelo ESCRITOR de Oliveira Souza <marceloosouzasom@hotmail.com> escreveu:


Oração do Amigo 

 

Senhor Deus pai, 

Por nossos amigos, olhai 

Agradeço a fortuna que dais 

Amigo presente do Pai. 

 

Onde quer que esteja 

Amigo,  encontrai, 

A paz e tranquilidade, festejai 

Presente de Deus,  aceitai. 

 

Agora e sempre, estás 

No nosso coração, orai 

Que na  nossa energia, vibrai 

Amigo de sempre rogai. 

 

Nesse dia como em todos 

As preces milagrosas, fortificai 

Irmão da nossa jornada 

Em nosso coração, completai. 

 

A vida é uma roda, girai! 

Um dia estamos alegres, celebrai 

N'outro dia, tristes, vigiai 

Mas sempre teremos amigos em Cristo 

Amigos como ti... Insisto... 

 

Que nessa vibração 

Seu coração, vibrai 

Junto ao meu, celebrai 

Agora e sempre! Amém! 

 

 

Marcelo de Oliveira Souza, IwA 

Homenagem ao Dia Internacional do Amigo 

2x. Dr. Honoris Causa em Literatura 

Instagram: marceloescritor 

Do blog: http:/marceloescritor2.blogspot.com 


 

 


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