Algaravia
Encontrei as chaves perdidas de papai
Estavam lá, estáticas e bem seguras
Na algibeira interna
Do meu sobretudo negro
***
Agora sou eu que não me encontro mais
Acordo pelo amanhã
E contiguo a mim
Uma angustia
Infinda
De ser uma outra pessoa
Alheia do que fui até a pouco
***
Desaprendi
A compor em versos com poesia
Desaprendi a contemplar o vago
E o vazio inquebrantável
Do noturno silêncio oblíquo
Em noite perdida no campo santo
***
Encontrei as outrora chaves perdidas de papai
Agora a luz do dia faina
O meu corpo oco e insípido
Inerte em duas rodas velozes
***
Encontrei as chaves perdidas de papai
E minha nova paixão
Surge sempre benfazejo
Ao final do expediente
Texto de Clarisse Cristal, bibliotecária, poetisa e cronista em Balneário de Camboriú, Santa Catarina.
Benedita/Benediction (o teatro estático)
Para a atriz Sabrina Viana
In my opinion
your epigraf was not correct,
the editor was wrong,
the text ended and the poet died
Clarisse Cristal
As sinfônicas valsas burlescas
Vislumbradas
Aos sintécticos sabores celestes
De sons sibilinos a meio tom
Suspensos no ar
***
Sim! As luzes da ribalta
Do teatro mágico
Do espetáculo estático
À meia luz
Ofuscaram os olhos meus
***
Ajustamos todos nós
As nossas Clepsidras imagéticas
Que brilhes tu nos palcos
Da vida
E em total triunfo
Magnificente aljôfar astral
***
Sim! Os estridentes risos inodoros
Dos públicos virtuais
Que quedaram em queda livre
No tempo e no espaço
***
Sim! Tem os aplausos inefáveis
Suspensos no ar
Das plateias em êxtases
Sim! As profundas e milenares
Lágrimas cristalinas
Da audiência quimérica
Perdidas no tempo atemporal
Samuel da Costa é contista e poeta em Itajaí, Santa Catarina.
Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br
Cumplicidade (às vezes sou poeta)
Tentei olhar em teus olhos, não consegui
Tentei ao menos te escutar, impossível...
Entendi, melhor assim, liberta de sombra
Estava enganada, e esquecendo de mim.
***
Hoje busco, vejo- te em todos os lugares
Minha outra metade, minha cumplicidade
E, mesmo se quisesse tê-lo, seria loucura
Tocar em ti são infindas incertezas, dor...
***
Então, melhor transbordar de amor, viver,
viver sem dor, trocando conversas fúteis
Mesmo que tudo se desfaça, tentar seguir.
***
Tu és a poesia que sempre esteve comigo
Fiz de ti o protagonista das minhas prosas
Aparência!? Desconheço, Alma, cumplicidade!
Texto de Fabiane Braga Lima, é novelista, contista e poetisa em Rio Claro, São Paulo.
Contato: bragalimafabiane@gmail.com
Da Minha Janela
Tantas vezes eu te vi
Da minha janela,
Com o vento soprando
A nossa história
E o sol refletindo
Tudo de bom que existia
Entre a gente.
Eu me debruçava
Só para ver atentamente o seu olhar
E os seus cachinhos que
O vento não deixava no lugar.
Clarisse da Costa
***
Da Minha Janela
A Janela de madeira
Me viu te esperar
Com o olhar distante
Muitas vezes querendo chorar.
Até a flor de hibisco
Chorou comigo,
Murchou no fim de tarde
Deixando o dia triste.
Mas eu consegui ver a sua beleza
No amanhecer de domingo,
Com flores abertas e o sol
Adentrando o quarto.
Clarisse da Costa
***
Da Minha Janela
Da minha janela
Fiquei esperando você chegar.
Senti a brisa do vento
E a luz do sol entrar.
No rádio tocando aquela canção
Trouxe-me tantas saudades,
Lembrei de cada sorriso,
Do arco íris depois da chuva
E do galo ao longe a cantar.
Texto de Clarisse da Costa é cronista e poetisa em Biguaçu, Santa Catarina.
Contato: clarissedacosta81@gmail.com
Da Minha Janela
Não sei, o novo sempre vem
Arredado de mistério.
O tempo nem sequer dá espaço
Para as descobertas.
Fico pensando como é
O amor do outro lado do planeta,
Sem as paredes mórbidas
De alguns sentimentos inóspitos.
Da minha janela tudo parece
Tão tranquilo.
A roupa no varal na direção do vento.
O passarinho banhando na água.
É visível a singularidade
De cada momento.
Texto de Clarisse da Costa é cronista e poetisa em Biguaçu, Santa Catarina.
Contato: clarissedacosta81@gmail.com
Point Blank 1ª parte
Raimundo Nonato Corrêa Júnior era parecido fisicamente com o do pai, exceto no temperamento, isso saíra à mãe diziam. Não levava desaforo para casa, coisa normal para quem vive no recôncavo baiano. E ao saber que o prefeito, a pretexto de pressões sociais, que a população da pequena cidade fizera, que cairá sobre seus ombros, despediu o pai de Raimundo embora da prefeitura.
O guarda-livros Raimundo Nonato Corrêa, muito popular e amigo de todos, fora pego desviando verbas da prefeitura. Pai de oito filhos e funcionário público respeitado.
Muitos atribuíam o fato como obra do próprio prefeito de acusar o guarda-livros de desfalque. O medo do prefeito era que Mundinho, como Raimundo Nonato era conhecido, ser chamado a concorrer nas próximas eleições para prefeito. Era a muito que Raimundo era assediado pela oposição. Mas, quem mesmo não absolveu a demissão de Raimundo foi o filho mais jovem da família Corrêa.
Samuel da Costa é contista e poeta em Itajaí, Santa Catarina.
Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br
Point Blank 2ª parte
A mauser destravada, que apontava para o vazio da caatinga, com seu mato ralo e árvores tortuosas. O jovem, mirrado e bem alinhado, não ligou para o sol abrasador sobre sua cabeça, nem a boca seca que pedia água. E a arma não parecia pesar nada, nas mãos do rapaz, de seus quatorze anos de idade, que nunca pegara em uma arma antes na vida.
Ele mesmo se espantou com a facilidade e naturalidade da coisa toda. E como era fácil esperar o carro do prefeito passar e diminuir na curva. O prefeito, com seu terno branco inconfundível e, como ele deveria estar ao lado do motorista e não no banco traseiro. A ira animal que tomava conta de Raimundo Nonato Corrêa Júnior parecia não ter fim e tinha que dar um tiro na cara do Cabra safado'' que tanto prejudicou seu pai e sua família.
Samuel da Costa é contista e poeta em Itajaí, Santa Catarina.
Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br
Oração do Amigo
Senhor Deus pai,
Por nossos amigos, olhai
Agradeço a fortuna que dais
Amigo presente do Pai.
Onde quer que esteja
Amigo, encontrai,
A paz e tranquilidade, festejai
Presente de Deus, aceitai.
Agora e sempre, estás
No nosso coração, orai
Que na nossa energia, vibrai
Amigo de sempre rogai.
Nesse dia como em todos
As preces milagrosas, fortificai
Irmão da nossa jornada
Em nosso coração, completai.
A vida é uma roda, girai!
Um dia estamos alegres, celebrai
N'outro dia, tristes, vigiai
Mas sempre teremos amigos em Cristo
Amigos como ti... Insisto...
Que nessa vibração
Seu coração, vibrai
Junto ao meu, celebrai
Agora e sempre! Amém!
Marcelo de Oliveira Souza, IwA
Homenagem ao Dia Internacional do Amigo
2x. Dr. Honoris Causa em Literatura
Instagram: marceloescritor
Do blog: http:/marceloescritor2.blogspot.com
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