Cadeira 18 - Simone Possas Fontana

Simone Possas Fontana
Cadeira nº. 18

Patrono: Orlando Daroz

[ Publicações da Autora neste site ] [ Vídeos de Simone Possas Fontana ]

Simone Possas Fontana, escritora, gaúcha, mora em Campo Grande-MS; membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18; membro correspondente da Academia Riograndina de Letras; membro da UBE/MS-União Brasileira de Escritores; formada em Letras; pós-graduada em Literatura. Contista da Revista Criticartes, participante de várias antologias, em 2011 lançou o livro “MOSAICO”, em 2012 “A MULHER QUE RI” e em 2015 “PCC”. Atualmente dedica-se a elaboração de seu quarto livro: “PEDRO OTÁVIO – O PROMOTOR”.
Livros publicados.
Blog: www.simonepossasfontana.wordpress.com

Contato: simonepossasfontana1@gmail.com

A FUGA

          Está na mídia e não sai dos meus pensamentos, a imagem das pessoas deslocando-se, movendo-se, fugindo, batendo retirada de seus lugares de origem, atravessando fronteiras, fugindo da fome, da guerra, do desemprego, da escassez de saúde, educação, infraestrutura e emprego.
          E eu aqui, neste país tropical e abençoado por Deus, fazendo torcida para que nossos governantes saibam cuidar das finanças e economias desta nação.
          Quem me dera ver o encolhimento das despesas públicas como fim do cartão corporativo, redução da quantidade de ministérios, assim como do número de cargos auxiliares! Não deveria haver cargo por indicação; mas através de concurso para trabalhar nos órgãos públicos, em todos os níveis: federal, estadual e municipal.
          Quem me dera ver os políticos trabalhando pelo bem da comunidade e não para encher os próprios bolsos! E se reduzíssemos seus salários pela metade? Certamente permaneceriam apenas os que querem trabalhar em prol da sociedade.
          Quem me dera ver meus irmãos brasileirinhos serem atendidos em hospitais e postos de saúde equipados, sem filas e com equipes de médicos e enfermeiros treinados e bem remunerados!
          Quem me dera ver as escolas públicas ensinando como há quarenta anos, quando, além dos textos dos livros, instruíam lições de cidadania, a respeitar os adultos, aos professores, aos pais, enfim, moldavam com firmeza e dignidade, a índole dos jovens com a finalidade de formar adultos de bom caráter.
          Quem me dera ver o homem do campo ser devidamente recompensado pelo esforço de sol a sol, com preços moderados no maquinário, na semente e no adubo, assim como com preço justo ao vender sua produção.
          Quem me dera ver cidades com ruas sem buracos, bairros iluminados, casas com luz elétrica e água encanada, esgoto, recolhimento de lixo, enfim, infraestrutura básica em funcionamento.
          Quem me dera ver o fim dos conflitos, o fim do desemprego, o fim da violência, o fim do tráfico, o fim de furtos, roubos e assaltos.
          Quem me dera o povo aprendesse a votar!!! Votar conscientemente sem aguardar, em troca, presentinhos, churrascos, dentaduras, cestas básicas, etc.
          Quem me dera ver alegria no lugar da tristeza; amor no lugar do ódio e rancor; esperança no lugar do desânimo e descrença; sorriso no lugar das lágrimas!
          Quem me dera ver o bem triunfar e o mal se esvair!
          Oxalá tudo isso aconteça!
          Não quero ter que sair do meu país!
          Tomara.

Simone Possas
(escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI e PCC,
formada em Letras, pós-graduada em Literatura
contista da Revista Criticartes,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com)



A Hora de Dizer Não



                                               No que consiste a corrupção?
                                               É fazer degeneração
                                               É por dinheiro ter sedução
                                               Aceitar presentes sem objeção
                                               Afastando-se da reta condução.
                                               Grudada no político ladrão
                                               Que não quer se livrar dessa perdição,
                                               Pois traz luxo e muita ostentação.
                                               Briga, se altera e discute com tesão
                                               Mesmo contrariando a Constituição
                                               Induzindo ao outro com persuasão.
                                               Do que consiste a prevaricação?
                                               Crime praticado contra administração
                                               Para retardar ou deixar de praticar ação,
                                               Faltar ao dever do cargo, pela própria satisfação,
                                               Por funcionário público, sem boa intenção.
                                               Por dinheiro e poder todos tem obsessão,
                                               Pesquisar pouco para se ter essa percepção.
                                               O país sofre diariamente essa agressão
                                               Vemos nos processos em tramitação
                                               Vemos nas notícias sobre o mensalão
                                               Avisos de suspeição, protelação e desvalorização
                                               Confusão, aberração, repressão e muita ilusão
                                               Divulgação de fatos com retidão
                                               Isso sem falar na Petrobras ebulição
                                               Juiz Moro, meu herói, em eclosão
                                               Prisões de corruptos em propagação.
                                               O que podemos fazer por nossa nação
                                               Que sofre com toda essa deterioração?
                                               Tenho uma divulgação, comunicação ou revelação
                                               Para conclusão, finalização e solução:
                                               Deixarei de ser bundão
                                               Neles não vou votar mais, NÃO!


Simone Possas Fontana
(escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
Membro da UBE/MS-União Brasileira de Escritores,
Membro da Academia de Letras do Brasil-Seccional MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
autora dos LIVROS MOSAICO, A MULHER QUE RI e PCC,
formada em Letras pela UCDB e pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes)




 Adeus Querida!

               Os dois colegas se encontram na sombra de um ipê na Avenida Afonso Pena, em frente ao prédio da prefeitura:
               - Bom dia, companheiro! Tudo bem? Parece que está um tanto vexado!
               - Bom dia, cara! Vexado?!?!? Estou apavorado!
               - Por quê? O que aconteceu? Fala logo! Desembucha!
               - Calma! Vou te contar: ela vai embora amanhã.
               - Jura? Puxa vida! Depois de tanto tempo juntos.
               - É verdade... Ela está comigo a mais de cinquenta anos!
               - Credo! Tudo isso? É uma vida.
               - Sim. É uma vida... É tanto tempo de convivência... Ela me conhece por dentro... - concorda cabisbaixo.
               - Entendo porque você está triste, afinal foram cinquenta anos cuidando de sua alimentação, cara!
               - Bem... Não é bem assim, porque nos últimos dez anos ela já estava negligente, tratando de minha alimentação de uma maneira bastante preguiçosa e lenta!
               - Não fale assim... Não seja ingrato.
               - Reconheço a importância dela em minha vida, mas agora vou dar um basta. Chega! Cansei de sofrer.
               - Sofrer? Nunca vi você reclamar de nada! - diz o amigo incrédulo.
               - É, meu amigo. Os últimos dez anos não foram nada agradáveis. Foram muitos sofrimentos. Quero mudar de vida!
               - Está certo. Concordo com você! Tem que extirpar o mal pela raiz. É isso aí, companheiro. Se não presta, joga fora! Tenho que ir. Faça o que seu coração mandar e depois me liga para contar. Se precisar de algo, basta me telefonar. Ok?
               - Ok, amigão. Obrigada por me escutar. Nessas horas de angústia e carência é muito importante ter a opinião dos amigos próximos. Até mais! Daqui uma semana, quando a poeira baixar, eu te ligo para contar como foi todo o babado.
               Depois de despedirem-se, os amigos vão um para cada lado.
               O amigo cabisbaixo vai caminhando e meditando:
               - Já pensei em tudo. Vou fazer assim: hoje à noite vou deitar-me na cama e vamos conversar.
               O homem cabisbaixo chega em casa, toma banho, janta e vai para o quarto. Deita-se e a acaricia. Passa a mão levemente sobre ela e lhe fala de maneira mansa:
               - Querida, amanhã você vai embora... Não nos veremos nunca mais, mas foi bom enquanto durou. Já está tudo combinado e resolvido.
               - Não! Por favor! Não faça isso comigo! Prometo que vou trabalhar direitinho. Não vou mais fazer você sofrer! - parece ter escutado uma voz feminina como resposta, mas continua na sua divagação:
               - Por favor, digo eu! Não insista! Adeus, querida! Não tem mais volta, mas não se preocupe, pois será rápido e você nada vai sentir. Amanhã às 13 horas, você vai para o lixo, com um golpe rápido e certeiro, após uma incisão perfeita do bisturi, SUA VAGAL… SUA...

...VESÍCULA PREGUIÇOSA E CHEIA DE PEDRAS!!!!!!


Água pelo Ralo

            Bom dia! Sou Ana, a faxineira. Creio que já nos conhecemos. Sou aquela faxineira doida que queria (e quer) fazer uma limpeza geral na política retirando o lixo do Congresso, Assembleias Legislativas e Câmara de Vereadores.
            Hoje é dia 25 de dezembro: Natal. Fui fazer minha caminhada matinal diária. Só porque é Natal não posso exercitar-me? Só porque é feriado não posso trabalhar? Posso sim, se eu quiser! Já pensou que alívio você sentiria ao levantar-se depois das 11 horas da manhã e nada encontrar de vestígio de festa da última noite? Sem papel de presentes pelo chão e sem cinzeiros sujos? Louça lavada, casa varrida, roupas na máquina, almoço sendo preparado no fogão. Ufa! Proponho-me a fazer tudo isso. Não tenho preguiça e nem fico triste de trabalhar ou fazer Cooper num feriado.
            São 7h. Todos ainda dormem... Todos? Eu disse: todos? Enganei-me. Antes a rua permanecesse deserta do que encontrar uma dona de casa (ou faxineira como eu) desperdiçando água! Deparei-me com ela na primeira volta que dei no quarteirão (dou seis voltas). Estava no pátio de sua casa com a mão enfiada entre os vãos da grade do portão de ferro e nas mãos, uma mangueira jogando água na calçada da rua!
            Entristeci-me com essa cena; sacudi a cabeça negativamente e continuei caminhando. Agora pasmem: nas segunda, terceira, quarta, quinta e sexta voltas que fiz no quarteirão, aquela senhora continuava jogando água na rua! Foram 2 km de caminhada em 30 minutos. E qual a quantidade de água que foi para o ralo nesse tempo?
            (Primeiro final:) Ah se eu tivesse uma câmera para tirar foto neste instante! Na última volta percebi que ela ia fazendo um montinho de folhas de árvores, somente com a força da água! Sem vassoura para auxiliar! Quanta ignorância! Baixo a cabeça tristemente, aumento a velocidade da caminhada com passadas raivosas. Raiva? Mas hoje é Natal! Triste. Muito triste. Vou embora fazer minha faxina.
            (Segundo final:) Atravesso a rua em direção à casa da senhora. Procuro uma vassoura e uma pá. Nada encontro. Agacho-me umas três ou quatro vezes e vou catando as folhas e colocando-as no lixo, com as próprias mãos. – Bom dia e feliz Natal! – despeço-me com um sorrisão. Feliz. Muito feliz.
            (Terceiro final:) Atravesso a rua em direção à casa da senhora, gritando: - FOGO! FOGO! ALGUÉM AJUDE, POR FAVOR! Um idoso aparece, lentamente... A rua antes deserta, logo está agitada por um grupo de 10 pessoas. 
            - Cadê o fogo? Não estou vendo. Porque está gritando fogo?
            - Amigos, obrigada por terem atendido meu pedido. Se eu tivesse gritado: “SOCORRO! ACUDAM! A VIZINHA ESTÁ JOGANDO ÁGUA PELO RALO!”, vocês teriam se aproximado? Não! Precisava de alguma testemunha para ver este absurdo que estou vendo. Feliz Natal a todos! (Enquanto falava isso, percebo que todos se aproximam da mangueira jogando água, fazendo várias fotografias. Saio mansamente de cena. Vou fazer minha faxina.).
            É o meu jeitinho...


 março de 2017.


A VIDENTE


            Fernanda e Tânia são colegas no mesmo escritório. No final de semana saem para festas, bares ou pizzarias. Numa dessas festas, conheceram um rapaz magrinho com cerca de dezessete anos, moreno, barba rala, tatuagem nos braços, brinco numa das orelhas. Suas vestimentas destoavam do restante dos outros homens já que era aniversário de um jovem advogado e este havia convidado colegas do Forum e do Tribunal de Justiça. Os convidados e o aniversariante trajavam calça, camisa e sapatos sociais, alguns ainda estavam com blazer; outros, mais acalorados, de mangas de camisa. Conforme o tempo foi passando, a conversa fluindo, o volume das conversas e o calor foram aumentando, as mangas das camisas foram sendo enroladas nos braços, mas isso não diminuía a elegância dos advogados.
            O rapaz magrinho estava de tênis velho, calça jeans, camiseta muito usada e boné com a aba virada para trás. Tânia notou a diferença, mas não se importou. Fernanda notou e ficou com um pé atrás.
            - Você vai dizer que sou preconceituosa, mas esse rapaz aí é bem estranho, não? – diz Fernanda apontando o magrinho com o queixo.
            - É... Achei que ele é um estranho neste grupo, mas no grupo dele não destoaria nadica.
            - E qual é o grupo dele?
            - Ora Fer, percebe-se de cara que ele é um morador de uma comunidade pobre, né? – responde a intelectual Tânia.
            - Mas até que é bem bonitinho...
            - Hã hã. Venha comigo. – fala Tânia, já puxando a tímida Fernanda pelo braço e encaminhando-se até o magrinho.
            Contando com o desembaraço de Tânia, logo os três novos amigos já estavam em animada conversa. O papo não fluiu com temas de alto padrão, tendo em vista que a diferença cultural era grande, mas o que fez com que as moças permanecessem na prosa foi o que ouviram do magrinho.
            Fernanda e Tânia não se lembram de como foram parar nesse assunto, mas após alguns drinques, estavam cochichando sobre adivinhar o futuro. E o magrinho disse:
            - Minha avó é vidente! E das boas!
            - É? – gritaram as duas.
            - Vixe se é. Tem um montão de freguesas que saem daqui das grãfinagens e vão lá pedir conselho para a velha.
            - Ah Tânia! Sempre tive vontade de fazer umas perguntinhas para alguma vidente, mas você sabe, né? Sou uma medrosa. – disse Fernanda timidamente.
            - Onde mora sua avó? – quis saber Tânia.
            - É logo ali depois dos trilhos. Querem ir lá agora? Ela vai dormir sempre por volta da meia noite. É cedo ainda! Levo vocês lá.
            As duas se olham. Tânia percebe o medo nos olhos da amiga. É o medo do desconhecido, da escuridão.
            - Vamos sua boba. Não temos nada a perder. Essa é sua oportunidade. – fala Tânia, a despachada.
            Os três saem do clarão da festa, para a escuridão da rua. Caminham um quarteirão, atravessam os trilhos do trem, viram a esquerda e ali já não tem mais asfalto e nem calçamento nas ruas. São ruas de terra batida. Caminham mais uns quatro quarteirões. A escuridão é quase total, já que a maioria das lâmpadas dos postes de iluminação pública está queimada.
            - Falta muito? – indaga Fernanda com os olhos arregalados, já quase se arrependendo desse passeio noturno.
            - Não. Já estamos quase chegando. Estão vendo aquela casa lá? É a casa das primas! Minha avó mora quase em frente – diz o magrinho apontando para uma casa vermelha com o muro vermelho.
            - Suas primas? – quis saber Fernanda.
            - Não, sua boba! – responde rindo sua amiga Tânia. – Casa das primas é como se chama a casa das quengas, das mulheres da vida... Entendeu?
            Os três caminham mais um pouco e chegam numa casa bem humilde, com pintura gasta pelo tempo, com o muro e as paredes sujas. O magrinho abriu o portão velho de madeira e foram entrando num corredor escuro ao lado da casa, até chegar na porta dos fundos que estava aberta. Entraram.
            Ali encontraram uma sala pequena, iluminada por uma fraca luz amarela. Calor. Muito calor. Cheiro de comida e suor. Sofá rasgado coberto por uma manta velha, mesa para refeições com quatro cadeiras. Tudo velho e pobre. No fogão velho, a mãe do rapaz magrinho terminava de esquentar o leite e preparar as mamadeiras dos gêmeos.
            - Chegou? Demorou ein? Tava boa a festa dos bacanas? – a mãe perguntou já levando as mamadeiras e as crianças para o quarto, sem nem esperar pela resposta do magrinho.
            - Vó! Trouxe duas amigas que querem conhecer a senhora. – diz o magrinho dirigindo-se para uma senhora numa cadeira de balanço.
            - Oh! Que lindas suas amigas! Venham meninas! Aproximem-se! Não precisam ter medo desta velha feia! – diz rindo, com hálito de alho e mostrando a boca sem dentes. A avó era magra no rosto enrugado e gorda da cintura para baixo. Usava uma blusa estampada bem colorida, com babados nas mangas curtas e no busto; saia vermelha, longa e rodada. Nos pés, chinelos corroídos pelo tempo. Seus cabelos grisalhos e desgrenhados estavam presos num coque quase desmanchado.
            Depois dos cumprimentos, a avó se levanta e diz:
            - Me acompanhem. Vamos até minha salinha preferida. É meu “atelier”, como disse uma freguesa.
            Encaminham-se para outra peça da casa, que não tem porta, mas é dividida por uma cortina de chita colorida, suja e ensebada. A avó segura a pobre cortina para as jovens entrarem.
            - É agora... – pensa Fernanda. – Não vejo a hora de tudo terminar e sair daqui correndo. Não gostei nada deste lugar. Povo meio estranho. Estou com medo.
            - É agora... – pensa Tânia. – Nunca acreditei em videntes, mas já que estou aqui, porque não? Aí deve ter uma mesinha com uma bola de cristal, velas e baralho...
            Entram na sala e se deparam com uma jovem magra que está experimentando um vestido bege com listas douradas.
            - Gostaram de meu vestido novo? Está ficando lindo, não? Minha mãe é que está costurando para eu ir numa festa! – diz sorridente a irmã caçula do rapaz magrinho, dando uma volta em torno de si, fingindo estar desfilando.
            - Lindíssimo! – as moças concordam.

(Continua mais tarde ou você pode terminá-lo para mim. Aceita o desafio? Aguardo sugestões para o final).


Simone Possas Fontana
escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com



Baita Saudade

            Que alegria eu senti ao ouvir o lindo sotaque gaúcho do taxista do aeroporto de Porto Alegre-RS até a Rodoviária. Quanto calor humano! Em poucos minutos atualizou-me sobre a greve dos caminhoneiros, a morte por atropelamento em São Sepé-RS de um dos caminhoneiros, sobre o Grenal no próximo domingo, sobre a chuva, a temperatura, o preço do tomate, o trânsito, as obras da cidade, praias. Comentou até sua idade, 53 anos e que é pai de três filhos.  Ao chegar ao destino eu já tinha até explicado-lhe como chegar a Barra de Ibiraquera em Imbituba-Sc, praia tranquila, ideal para famílias com crianças. Baita saudade!
            Que saudade estava de pisar nos paralelepípedos da minha antiga cidade de Rio Grande-RS! Para matar a saudade de andar por essas ruas, fiz caminhada de 90 minutos! Baita saudade!  Meu coração foi inchando... Inchando... Parecia que iria logo explodir de tanta felicidade.
            Que saudade ao abraçar minha amada tia Dilma. Naquele abraço revi todos os momentos de alegria e muitas gargalhadas de toda nossa vida. Baita saudade!
            Que saudade ao abraçar minhas primas, as gêmeas Milena e Melissa, agora com suas filhas. Revi toda nossa infância e juventude na Praia do Cassino. Baita saudade!
            Que saudade da prima Miralice, das nossas conversas, confidências e amizade! Baita saudade!
            Que saudade do primo Tales Marx! Ao abraçá-lo revi também nossas caminhadas pelas areias da Praia do Cassino e pela Avenida Rio Grandes, na mesma praia. Baita Saudade!
            Quanta saudade dessa família maravilhosa (agora maior com seus maridos, esposas, filhos e netos). Baita saudade!
            Em cada abraço, a pressão aumentava; o coração já ia explodir em lágrimas, as quais disfarcei muito bem com sorrisos. Baita saudade!

Simone Possas Fontana
(escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
autora dos romances MOSAICO, A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
formada em Letras, pós-graduada em Literatura
contista da Revista Criticartes,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com)

Minhas Anotações:
- Texto escrito em março/2015.
- Publicado no blog: simonepossasfontana.wordpress.com
- Publicado no site: www.recantodasletras.com.br


Maio de 2018


Praia

O mar
O ar
O sol
O céu
O vento
O calor
O sossego
O bar
O camarão
O peixe
O siri
O chope
Os amigos
A onda
A maré
A brisa
A areia
A duna
A orla
A ostra
A lagosta
A lula
A paz
A alegria
Isso é praia e basta!

Simone Possas Fontana

(escritora gaúcha de Rio Grande-RS,)





A Perfeccionista

            Não sou chata. Sou perfeccionista!
            No salão de beleza, se o esmalte nas unhas ou o corte de cabelo não ficaram perfeitos, reclamo. Reclamo para mim mesma, em casa, dizendo que a unha não ficou quadrada do jeito que pedi ou que ficou um fio de cabelo fora do lugar. Não falo para a manicure e nem para a cabeleireira! Não quero ser chata! Perco dinheiro, mas não a amizade! Sou perfeccionista!
            Saio da costureira dizendo que ficou tudo lindo, mas ao chegar em casa, faço meu desabafo íntimo dizendo que as mangas da camisa ficaram compridas demais ou o vestido ficou largo (vou ter que usá-lo com um cintinho) ou que as calças ficaram curtas. Perco dinheiro, mas não perco a amizade! Sou perfeccionista!
            Perfeccionismo também na disposição geométrica nos travesseiros sobre a cama, nas roupas e calçados do closet, nas cadeiras em volta da mesa, na louça do armário, nos talheres da gaveta, nas toalhas dos banheiros, nos livros da estante, nos vinhos do aparador... Enfim, tudo no seu devido lugar e perfeitamente alinhados. Já disse: sou perfeccionista!
            As filas do supermercado, banco ou casa lotérica são sempre tortas; ninguém consegue ficar atrás do outro de forma retilínea! Tremendamente difícil saber quem está na frente de quem! Sou perfeccionista!
            Está bem! Rendo-me e assumo: sou chata!

Simone Possas Fontana
(escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com)


           
           GABI E O “PENTACOSTA”

            - Tia! Tia! – gritando, entrou correndo porta adentro, a pequena Gabi.
            - Minha criança! O que foi? O que houve? – agachei-me a sua frente, acariciando seu rosto e seus cabelos, tentando acalmá-la.
            - Tia! É amanhã! A senhola tem que se aplessá! – respondeu-me na linguagem infantil.
            - Ei linda! Olhe para mim... Respire... Se acalme.
            - Mas tia! A senhola não tá entendo! – sacudindo nervosamente as duas mãozinhas gordas com as palmas voltadas para cima.
            - Claro que não estou entendendo. Porque essa pressa toda? O que aconteceu?
            - Ele chega amanhã, tia! – disse quase chorando.
            - Ele quem, princesa?
            - O pentacosta. Minha mãe disse que amanhã é o dia dele e que nesse dia muitas coisas acontecelam.
            - Hã? Quem chegará amanhã? – a partir desse momento entendi o porquê dessa grande confusão que Gabi havia feito e tentava não rir.
            Sentei no tapete peludo e puxei-a para perto de mim e disse-lhe suavemente:
            - Meu bem! Não precisa ficar amedrontada. Vou tentar lhe explicar. Amanhã é o dia de Pentecostes. Pentecostes era uma festa!
            - Festa?
            - Sim. As pessoas se reuniram na cidade de Jerusalém para celebrar a colheita e agradecer a Deus pela comida providenciada. E nesse dia, há muito tempo atrás, os amigos de Jesus estavam reunidos conversando numa casa em Jerusalém. De repente, o Espírito Santo veio até eles e fez com que eles falassem em outras línguas. Lembra que nós já conversamos sobre o Espírito Santo?
            - Só lembo um pouquinho.
            - Vou te relembrar: naquele dia eu falei que se você tem Deus no teu coraçãozinho é por força do Espírito Santo; se você tem um dom é por força do Espírito Santo...
            - Tia! Eu tenho algum dom? – interrompeu-me.
            - Pequena! Você tem um montão assim ó de dom – fiz um gesto com os dois braços bem abertos formando um grande círculo – e um deles é fazer aos outros felizes.
            - Hã hã. – consentiu sorrindo.
            - Então... Você pode realizar um montão de atividades e são todas por força do Espírito Santo! O Espírito Santo se manifesta em cada pessoa de maneira diferente, mas tudo com o objetivo de um bem comum. Assim ó: você tem esta perninha esquerda e esta perninha direita... E este bracinho e mais este... – disse beliscando-a delicadamente - e estes pezinhos e estas mãozinhas... Todas estas partes juntas formam o teu corpo! Assim também é com o Espírito Santo!
            - Tá. Entendi. E o pentacosta?
            - Gabi! É Pentecostes e não pentacosta!
            - Ah é! Diculpa! Conta mais!
            - Bem, nessa cidade – Jerusalém - estavam pessoas de vários lugares que vieram participar da festa e que falavam diversas línguas. Ficaram confusos e até espantados quando perceberam que os amigos de Jesus estavam falando diversas línguas!
            - Conta mais! Conta mais!
            - À noite, Jesus chegou para conversar com seus amigos que ficaram alegres ao revê-lo. E sabe qual foi a primeira coisa que ele desejou para seus amigos?
            - Não sei. Qual foi?
            - Ele desejou a paz!
            - A paz?
            - Sim. A paz. A paz é a plenitude da vida. Se estivermos em paz conosco, estaremos plenos. A humanidade é carente de paz e essa é uma possibilidade de devolver aos medrosos a coragem para gritar que têm Deus no coração. Talvez a paz esteja cada vez mais longe porque não somos corajosos suficientemente para levar adiante o projeto de Jesus. 
            - Ah que lindo! O que mais tia? O que mais?
            - Bem... Soprou sobre eles o Espírito Santo e disse que a partir desse dia, eles deveriam sair pelo mundo e cumprir uma missão.
            - Qual missão?
            - De perdoar os pecados.
            - Assim como o pade faz?
            - Assim como o padre faz.
            - Foi Jesus quem mandou fazê isso?
            - Sim! Assim como Deus enviou Jesus, Jesus enviou seus amigos! Esses amigos se espalharam pelo mundo durante séculos e até hoje essa missão continua: animar a comunidade a viver a reconciliação.
            - Re-con-ci-li-a-ção? Eu ouvi essa palava lá em casa... Do meu pai e da minha mãe...
            - É... Eu soube... É uma palavra um pouco difícil para você pronunciar, mas pode ser substituída por paz e harmonia. Que tal?
            - E aleguia!
            - E alegria! Isso mesmo!
            - Paz, hamonia e aleguia! E todos voltam a sorri assim como meu pai e minha mãe.
            - Sim! Com o Espírito Santo tudo é possível! É uma força que cria e renova o íntimo das pessoas. É o mesmo Espírito que sustentou a missão de Jesus para realizar o projeto de Deus.
            - Mas tia! As pessoas guitam no tânsito, bigam na escolinha... Isso é tiste...
            - Criança... Nossa sociedade está marcada pela intolerância e violência, mas você, eu e toda a comunidade, estamos convidados a fazer parte dessa corrente do bem: levar esses valores que fazem parte da comunidade cristã – paz, harmonia, alegria e reconciliação.
            - Tia! Eu quelo fazê pati dessa colente do bem! – disse isso e saiu correndo porta a fora.
            - Linda! Aonde você vai com tanta pressa?
            - Vou contá essa estólia plá minha mãe e fazê ela sorri! – respondeu-me gritando lá do fundo do corredor.


Simone Possas Fontana
escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com

Junho de 2018.

AMIGO (poema escrito aos 17 anos de idade)

                                         
                                       Amigo é aquele companheiro
                                        Que vê na alegria muita dor;
                                        Vê rosas no espinheiro,
                                        Vê perfume em cada flor.

                                        Não dá importância para cor,
                                        Não dá importância para o dinheiro;
                                        Age com toda a sua vigor,
                                        É o amigo verdadeiro.

                                        Darei a você meu amigo
                                        Tudo de bom que há na vida:
                                        Desde o mais simples pedido
                                        Até a mais pura alegria!



Nota da Autora:
- Poema publicado no blog: simonepossasfontana.wordpress.com.br
- Publicado no Suplemento O Peixeiro do Jornal Agora, de Rio Grande-RS em fevereiro/1981 e setembro/2012

- Publicado no site: www.recantodasletras.com.br


Festa da É

            A festa estava muito boa. Muita gente conhecida, pessoas da família, alegres e bonitas. Era o aniversário da É, amiga de trabalho de minha mãe. É fez essa festa numa espécie de mini-shopping. Cada proprietário das lojinhas coloca para alugar o pátio central para fazer a festa, nos sábados à tarde, quando as lojas estão fechadas. Esse mini-shopping tem um formato de “L”. Há uma entrada na parte menor do “L” e a outra entrada (ou saída) fica na parte maior, que dá para outra rua, pois esse “L” atravessa o quarteirão. A festa da É estava sendo realizada na parte menor do “L”. Ao entrar no mini-shopping se via do lado esquerdo e direito várias lojas enquanto no centro estava sendo realizada a festa.
            Quando já estava na hora de ir embora, procurei minhas irmãs para despedir-me e encontrei a B no fraldário, trocando as roupas da pequena F (colocou uma linda roupa jeans com apliques de tecido colorido) e a N trocando as fraldas do bebê G.
            Após as despedidas, continuei caminhando até a quina do “L” e já estava virando para a direita quando a jornalista I, minha amiga desde a infância chamou-me dizendo que iria me acompanhar até a saída. Fomos caminhando, conversando e logo chegamos onde estava localizada a saída, a qual estava bloqueada por uma moto, um jet-ski e um pequeno trator, que estavam em exposição para venda.
            - Puxa vida! E agora? Temos que voltar todo o percurso? – reclamei.
            Aí a I segurou na traseira da moto, arrastando-a para um canto, dando espaço para uma pequena abertura na porta – e por ali eu saí.
            Saí para a rua e já estava escuro.
            - E agora? Qual rumo tomar? Lado esquerdo ou direito? – pensei.
            Era a primeira vez que saía por aquele lado do “L” e desconhecia aquela rua.             Resolvi sair para a direita. Andei uns quatro quarteirões pelo meio da rua porque a calçada era muito esburacada e a noite estava bastante escura. Senti que vinha uma pessoa caminhando atrás de mim e vi um vulto. Fiquei com medo. Acabou a rua; não dava mais para ir em frente porque havia algumas casas; só poderia ir para a esquerda ou direita. Acabou o asfalto esburacado, a rua agora era de terra. O vulto virou para a direita e eu optei então em virar à esquerda.
            Agora não havia mais calçada e fui andando pela rua de terra batida, de salto alto, amassando o barro, pulando as várias poças de água que conseguia enxergar e entrando naquelas que não via. As lâmpadas dos postes de luz estavam queimadas. Escutei vozes atrás de mim. Era um bando de garotos, uns a pé e outros de bicicleta. Fiquei com medo novamente. Passaram por mim correndo, brincando, gritando e rindo. Alarme falso.
            Estava apavorada porque estava perdida... Cansada de caminhar... Desconhecia aquele lugar... E não sabia como chegar à rodoviária! Após andar uns três quilômetros nessa escuridão e lama cheguei à esquina de uma rua bastante iluminada e movimentada por veículos. Parei um táxi e suspirei aliviada.
            - Amanhã vou telefonar para a É e tranquilizá-la informando que cheguei bem, apesar desse bobo susto. – pensei.

Simone Possas Fontana
escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com


FAXINEIRA FELIZ

            Oi! Aqui estou eu novamente: Ana, a faxineira. Hoje ao fazer minha caminhada diária de 2 km, fiquei muito feliz, porque não vi desperdício de água como nas outras vezes. Será que as vizinhas do bairro leram meus textos de desabafo na Internet? Kkkkkkkkkk.
            Não sei, mas sei que isso me deixou mais feliz do que já sou.
            Fiquei tão feliz que resolvi aumentar em 400 metros o percurso da caminhada. Claro que dei uma tonteada, mas coloquei a mão numa parede e prossegui. O coração acelerou, diminui a velocidade das passadas. Fiquei com sede, engoli saliva para disfarçá-la.
            Minha patroa que me fala: - Aninha, está com raiva do mundo?  Transforma tudo em energia, libera tudo isso nas caminhadas, nos textos e na faxina, mas não chega muito cedo, pois não quero barulho até às 8 horas!
            É o que faço. Vou caminhando no ritmo da música que canto em pensamento: “Vou cantando, ninguém vai me calar, vislumbrando o sol da manhã. Vou partilhando a canção que unirá o mundo todo num único cantar...”.
            Lembrei-me agora que estou com raiva do governo por causa dos escândalos de corrupção, mas hoje não quero pensar nisso. Eles não vão conseguir entristecer-me!
            É o meu jeitinho.


Simone Possas Fontana
escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com
 EU AMO


Eu amo…
            Amo tudo o que me cerca; desde o mais simples inseto ao mais lindo pássaro.
Eu amo...
            Amo tudo o que me cerca; desde a mais simples planta a mais linda flor.
Eu amo...
            Amo tudo o que me cerca; desde o mais simples ser humano ao mais requintado.
Eu amo...
            Amo meu irmão pobre que com sua humildade e pureza leva sua pacata vida, sustentando sua família.
Eu amo...
            Amo meu irmão rico: rico em posses monetárias, mas desprendido das mesmas, para ajudar o necessitado.
Eu amo...
            Amo aquela velhinha a quem dei uma pequena ajuda, a qual retribuiu com um beijo em meu rosto. Que beijo! Aquele beijo deixou-me com lágrimas nos olhos! Aquele beijo foi como o beijo de Madalena, a pecadora arrependida! Aquele beijo ficará marcado para o resto da vida em meu coração.
Eu amo...
            Amo muito todos meus amigos, principalmente aquele que me ajudou quando caí; que me deu conselhos quando estava na fossa; que está comigo nas horas alegres e me apoia nas tristes.
Eu amo...
            Amo os prisioneiros e os libertos; os jovens e os velhos; os felizes e os infelizes; a todos, principalmente a você!
Eu amo...
            Amo porque compreendo as fraquezas dos outros; porque devemos nos amar uns aos outros; porque é bom amar; porque me sinto em paz.
Eu amo...
            Tenho a vontade de sair à rua e, beijando a todos, gritar: EU TE AMO!
Eu amo...
            Porque sou amada!

Simone Possas Fontana
escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com

Nota da Autora:
- Texto escrito aos 18 anos de idade
- Publicado no Suplemento O Peixeiro do Jornal Agora, de Rio Grande-RS, em novembro/2013
- Publicado no site: www.recantodasletras.com.br em novembro/2013
- Publicado no blog: simonepossasfontana.wordpress.com.br

Chorar (texto escrito aos 17 anos de idade)


Não sei por que choro.
Não tenho dor, nem qualquer sofrimento.
Estou em paz com tudo e com todos.
Estou em paz principalmente comigo.
Já chega de tanto ódio, desilusões,
Egoísmos e traições.
Hoje vou hastear a bandeira do amor
E da paz em meu coração;
Empunhar a espingarda da vida
E suicidar-me no amor.
Hoje estou em paz!
Mas choro. Choro de alegria!
Meu chorar é agradecer.
Meu chorar é aceitar.
Meu chorar é... Amar.
Choro porque amo tudo o que me cerca.
Choro de alegria por saber amar.
Choro porque sou amada.
Recordo os bons momentos de minha infância
Passados com minha família e amigos.
Lembro-me desses instantes de amor
E deixo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto
Deliciando-me com o sabor das lembranças.
Hoje, passados alguns anos,
Continuo quase a mesma garotinha travessa,
Mas com outra mentalidade, novos ideais,
Mente aberta, vontade de vencer.
Quero Te agradecer por tudo isso,
Principalmente por me teres dado
O dom de saber chorar.
E a você leitor que ama
Está comprometido em aceitar tudo.
Se sentir vontade de chorar e não souber,
Conversa com Deus, pois se sentirá em paz.
Sentir-se-á tão feliz como eu sou!

Simone Possas Fontana
escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com


Cadeira Mágica


            Parecia uma cadeira comum: o encosto e o assento estofados em napa preta, sem os apoios laterais para colocar os braços; quatro pés de ferro com cerca de 40 centímetros de altura.
            Parecia comum, mas era mágica. Ela voava e era minha. Apenas eu tinha essa cadeira. Podia ir onde quisesse com ela: para cima, para baixo, para esquerda, para a direita, em círculos, devagar ou rapidamente. Adorava voar sobre os carros, árvores e telhados das casas.
            Nem precisava falar; apenas pensar e ela prontamente obedecia-me! Se pensasse: “Quero ir ao hospital.” Pronto! Bastava sentar na cadeira e ela ia levantando do chão até se situar acima das casas. Então me segurava no assento que era o único lugar que havia, já que ela não tinha o apoio para os braços. Apertava bem as mãos nele, com mais força quando fazíamos uma curva para um lado ou para o outro. Dava uma vontade enorme de ir gritando de alegria, sentindo o vento lamber meu rosto e sacudir meus cabelos.
            Mas ela tinha um segredo: somente funcionava se eu tivesse o pensamento voltado para Deus ou a uma obra de amor a Ele relacionada.
            Num dia qualquer, estava sentada em minha cadeira mágica, curtindo a sombra de uma árvore, próximo à esquina. Dobrando a esquina apareceram vários rapazes que vinham caminhando e gritando pelo meio da rua. Eram dez menores desordeiros que queriam bagunçar a tranquilidade do bairro.
            Aí começou o meu show: dei um voo rasante sobre suas cabeças, depois fiz um círculo ao redor dos dez, subi e desci. Ficaram boquiabertos e queriam saber onde estava o motor da cadeira voadora, onde estava o segredo ou se era alguma mágica.
            - Esta cadeira não tem motor. Funciona apenas com a força do pensamento positivo. – respondi.
            Fiz então uma proposta:
            - Aposto como um de vocês consegue dar ordens para essa cadeira subir, baixar, ir para a esquerda e ir para a direita, mas para isso acontecer tem que ter o pensamento voltado para Deus.
            - Ih! Sai fora, dona! Chô! Não vem falar em Deus prá gente! – respondeu um deles.
            - Então tá. Tchau. – falei, sentei na cadeira e saí voando dando novamente um voo rasante e fazendo um grande círculo ao redor deles.
            - Ei! Pare aí, dona! Eu topo! – respondeu um menino magrinho. – Mas como faço isso?
            - Você está vendo aquela senhora bem velhinha que está parada na esquina tentando atravessar a rua já faz um tempão? Então vá lá e ajude aquela senhora. Mas não deve ir por obrigação ou apenas por causa da cadeira mágica. Deve ir com amor no coração e com o pensamento voltado para Deus. – expliquei.
            Então lá foi ele. Ajudou a senhora a atravessar a rua, retornou com um grande sorriso no rosto e com os olhos marejados de lágrimas.
            - Pode dar ordens à cadeira. – falei.
            E ele começou:
            - Para cima... para esquerda... para a direita... agora para baixo.
            E a cadeira fazia tudo, mas é claro que estava apenas obedecendo aos meus pensamentos. Porém era isso mesmo que eu queria quando havia visto o grupo se aproximar. Eu havia pensado: “Se eu conseguir que pelo menos um desses garotos faça algo de bom, já ficarei feliz.” E consegui!
            Saí de lá com minha cadeira e deixei-os rindo no meio da rua e dando cascudos, de brincadeira, na cabeça do garoto magrinho.
            Fui voando por cima dos carros, virei à esquerda, entrando num pátio de uma casa super-arborizada. Como estava voando baixo, enganchei meus cabelos nos galhos de uma árvore. Dei uma forçadinha e consegui desvencilhar-me. Nos fundos do pátio havia uma casa pequena e simples. Do lado da porta havia uma senhora, sentada numa cadeira de roda, olhando-me. Certamente não estava acreditando no que estava vendo! Em seguida apareceu, saindo de dentro da casa, uma moça gorda, com cabelos curtos e loiros, com cerca de 30 anos de idade. Era a filha da senhora da cadeira de rodas.
            A moça gorda é professora primária, mas não pode sair para lecionar porque tem que cuidar da mãe. Então ela dá aulas particulares em casa, o dia inteiro, para sustentá-las.
            Pedi desculpas pelo transtorno de ter invadido o pátio da casa dela e expliquei que estava com pressa porque iria visitar a ala infantil do hospital de câncer e já estava quase no horário específico para as visitas.
            Ela estava curiosa para saber como eu fazia para movimentar a cadeira. Então expliquei que bastava ter o pensamento voltado para Deus.
            Ela gostou, ficou toda animada, mas logo em seguida “murchou”.
            - Até tento fazer boas ações, mas não tenho tempo. Tenho que ficar o dia inteiro dentro de casa, trabalhando, dando aulas, cuidando da casa e de minha mãe que está inválida.
            - Não faz mal. – respondi. - Se você tem o pensamento voltado para Deus, é isso que importa. Levante seu braço bem esticado para cima.
            Voei com a cadeira até o alto de sua cabeça, estiquei minha mão para baixo e segurei sua mão. Subimos um pouco... giramos... giramos em cima do pátio da casa... sobre as árvores... e ela ria muito! Toda feliz! Depois pousamos suavemente e despedi-me, deixando ambas sorridentes em frente a casa.
            Havia perdido o horário de visitas do hospital, mas não fiquei triste por isso, já que havia feito outras pessoas felizes e havia dado o meu recado.
            O sol estava forte e eu estava com sede. Pousei minha cadeira na porta de uma lanchonete. Na frente do estabelecimento havia uma frondosa árvore sob cuja sombra foi colocada uma mesinha redonda com quatro cadeiras – e lá estavam quatro rapazes tomando cerveja.
            Fui entrando e coloquei minha cadeira perto do balcão enquanto esperava ficar pronto o suco que pedi. Conhecia um dos rapazes que estavam sentados na sombra. Ele veio até o balcão onde eu estava.
            - Moni, qual é o segredo dessa famosa cadeira? Conta aí, vai!
            Enquanto bebia meu suco, contei o simples segredo: fazer o bem sempre tendo o pensamento voltado para Deus.
            Quando ele foi contar o segredo para os amigos da mesa, peguei minha cadeira mágica e voei!


Simone Possas Fontana
escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com
Nota da Autora:
- Conto escrito em abril/2010
- Publicado no blog: simonepossasfontana.wordpress.com
- Publicado no livro MOSAICO (Editora Gibim, 2011)
- Publicado no site: www.recantodasletras.com.br em abril/2013



Cada Qual Com Seu Cada Qual

            Cada macaco no seu galho, cada um com seu cada um, cada um na sua, cada um no seu quadrado, cada qual com seu cada qual... Não importa o jeito que se diga, são expressões populares que significam que cada pessoa deve preocupar-se apenas com aquilo que lhe diz respeito.
            As pessoas são diferentes umas das outras no modo de ser, de pensar, de existir e, portanto, cada um age de uma maneira. Não precisamos ser todos iguais; não precisamos concordar com o que o outro faz, mas principalmente, não deve nos interessar o que o outro faz, pelo menos não deve ser importante a ponto de nos tirar o sono e nos deixar irritados: cada qual com seu cada qual!
            Observando-as, consegui identificar dois grupos, que aqui vou chamá-los de grupo 1 e grupo 2.
            No grupo 1 podemos encontrar pessoa:
            - que se sente superior ao outros;
            - que ordena, pois não sabem pedir;
            - que elogia com falsidade e/ou ironia;
            - que presenteia com intenção de comprar sentimento;
            - que doa o pão, mas não aperta a mão suja do pobre;
            - que não demonstra afeto através de um abraço (não se sente bem com contato físico);
            - com palavras ásperas que ferem como o fio da espada;
            - infeliz; triste, incompleta e sugadora;
            - pessimista, solitária, amarga e amargurada;
            - irritada, mal humorada, depressiva e baixo astral.
            Se fosse personagem de estória em quadrinhos, seria aquela pessoa que sempre tem uma nuvem negra sobre sua cabeça, semblante fechado, carrancudo, sem sorriso. Está sempre de mal com a vida e com todos. Pessoa desse grupo 1, muitas vezes nem percebe que assim é, mas trata os outros com superioridade, desprezo e arrogância. Sofre sem perceber!
            Mas, como diz o título desta crônica: cada qual com seu cada qual!
            No grupo 2, encontrei característica de pessoa:
            - que sabe pedir com educação e humildade;
            - que elogia com sinceridade e com intenção de agradar;
            - que presenteia por prazer;
            - que doa com alegria (se não doar, entristece);
            - que se utiliza de palavras amáveis e enaltecedoras;
            - otimista, feliz, completa e desprendida;
            - bem humorada, alto astral e em paz;
            - sorridente e rodeada de amigos sorridentes;
            - amorosa, afetuosa e com abraço apertado.
            A pessoa do grupo 1 não aceita a pessoa do grupo 2; tem inveja, ciúme, desprezo, repulsa. Não consegue entendê-la! Não acredita que possa existir alguém assim. Acha que é tudo fingimento. Então critica, critica e critica a pessoa do grupo 2.
            Cada qual com o seu cada qual!
            A pessoa deve reconhecer o seu lugar, sem se intrometer em assuntos alheios, dos quais não lhe compete, ou seja, “cuide de sua vida que eu cuido da minha”. Cada um com seus problemas. Sempre respeitando a todas as diferenças: não importa se usa sandálias no inverno e botas no verão; se mistura prata com ouro ao se enfeitar; se gosta de sair para se divertir com um grupo de amigos ou prefere se divertir sozinha; se usa roupa artesanal ou de grife famosa; se bebe vinho importado ou vinho de mesa; se usa salto ou chinelo; com maquiagem ou sem maquiagem; se prefere fruta gelada ou natural; se tem bom gosto ou não; se é gordo ou magro; baixo ou alto; pobre ou rico, e por aí vai.
            Cada qual com o seu cada qual!
            Observando mais introspectivamente sinto-me feliz ao fazer parte do grupo 2 e digo à pessoa que se identificou como sendo do grupo 1:
            - Abra um sorrisão, desarme-se e venha para o grupo 2! Aqui são todos bem vindos! Mas não quero lhe incomodar. Não critico! Se preferir, continue como está. Afinal... Cada qual com o seu cada qual!


Simone Possas Fontana
(escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO, A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR,
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com)




Cadeira Mágica


            Parecia uma cadeira comum: o encosto e o assento estofados em napa preta, sem os apoios laterais para colocar os braços; quatro pés de ferro com cerca de 40 centímetros de altura.
            Parecia comum, mas era mágica. Ela voava e era minha. Apenas eu tinha essa cadeira. Podia ir onde quisesse com ela: para cima, para baixo, para esquerda, para a direita, em círculos, devagar ou rapidamente. Adorava voar sobre os carros, árvores e telhados das casas.
            Nem precisava falar; apenas pensar e ela prontamente obedecia-me! Se pensasse: “Quero ir ao hospital.” Pronto! Bastava sentar na cadeira e ela ia levantando do chão até se situar acima das casas. Então me segurava no assento que era o único lugar que havia, já que ela não tinha o apoio para os braços. Apertava bem as mãos nele, com mais força quando fazíamos uma curva para um lado ou para o outro. Dava uma vontade enorme de ir gritando de alegria, sentindo o vento lamber meu rosto e sacudir meus cabelos.
            Mas ela tinha um segredo: somente funcionava se eu tivesse o pensamento voltado para Deus ou a uma obra de amor a Ele relacionada.
            Num dia qualquer, estava sentada em minha cadeira mágica, curtindo a sombra de uma árvore, próximo à esquina. Dobrando a esquina apareceram vários rapazes que vinham caminhando e gritando pelo meio da rua. Eram dez menores desordeiros que queriam bagunçar a tranquilidade do bairro.
            Aí começou o meu show: dei um voo rasante sobre suas cabeças, depois fiz um círculo ao redor dos dez, subi e desci. Ficaram boquiabertos e queriam saber onde estava o motor da cadeira voadora, onde estava o segredo ou se era alguma mágica.
            - Esta cadeira não tem motor. Funciona apenas com a força do pensamento positivo. – respondi.
            Fiz então uma proposta:
            - Aposto como um de vocês consegue dar ordens para essa cadeira subir, baixar, ir para a esquerda e ir para a direita, mas para isso acontecer tem que ter o pensamento voltado para Deus.
            - Ih! Sai fora, dona! Chô! Não vem falar em Deus prá gente! – respondeu um deles.
            - Então tá. Tchau. – falei, sentei na cadeira e saí voando dando novamente um voo rasante e fazendo um grande círculo ao redor deles.
            - Ei! Pare aí, dona! Eu topo! – respondeu um menino magrinho. – Mas como faço isso?
            - Você está vendo aquela senhora bem velhinha que está parada na esquina tentando atravessar a rua já faz um tempão? Então vá lá e ajude aquela senhora. Mas não deve ir por obrigação ou apenas por causa da cadeira mágica. Deve ir com amor no coração e com o pensamento voltado para Deus. – expliquei.
            Então lá foi ele. Ajudou a senhora a atravessar a rua, retornou com um grande sorriso no rosto e com os olhos marejados de lágrimas.
            - Pode dar ordens à cadeira. – falei.
            E ele começou:
            - Para cima... para esquerda... para a direita... agora para baixo.
            E a cadeira fazia tudo, mas é claro que estava apenas obedecendo aos meus pensamentos. Porém era isso mesmo que eu queria quando havia visto o grupo se aproximar. Eu havia pensado: “Se eu conseguir que pelo menos um desses garotos faça algo de bom, já ficarei feliz.” E consegui!
            Saí de lá com minha cadeira e deixei-os rindo no meio da rua e dando cascudos, de brincadeira, na cabeça do garoto magrinho.
            Fui voando por cima dos carros, virei à esquerda, entrando num pátio de uma casa super-arborizada. Como estava voando baixo, enganchei meus cabelos nos galhos de uma árvore. Dei uma forçadinha e consegui desvencilhar-me. Nos fundos do pátio havia uma casa pequena e simples. Do lado da porta havia uma senhora, sentada numa cadeira de roda, olhando-me. Certamente não estava acreditando no que estava vendo! Em seguida apareceu, saindo de dentro da casa, uma moça gorda, com cabelos curtos e loiros, com cerca de 30 anos de idade. Era a filha da senhora da cadeira de rodas.
            A moça gorda é professora primária, mas não pode sair para lecionar porque tem que cuidar da mãe. Então ela dá aulas particulares em casa, o dia inteiro, para sustentá-las.
            Pedi desculpas pelo transtorno de ter invadido o pátio da casa dela e expliquei que estava com pressa porque iria visitar a ala infantil do hospital de câncer e já estava quase no horário específico para as visitas.
            Ela estava curiosa para saber como eu fazia para movimentar a cadeira. Então expliquei que bastava ter o pensamento voltado para Deus.
            Ela gostou, ficou toda animada, mas logo em seguida “murchou”.
            - Até tento fazer boas ações, mas não tenho tempo. Tenho que ficar o dia inteiro dentro de casa, trabalhando, dando aulas, cuidando da casa e de minha mãe que está inválida.
            - Não faz mal. – respondi. - Se você tem o pensamento voltado para Deus, é isso que importa. Levante seu braço bem esticado para cima.
            Voei com a cadeira até o alto de sua cabeça, estiquei minha mão para baixo e segurei sua mão. Subimos um pouco... giramos... giramos em cima do pátio da casa... sobre as árvores... e ela ria muito! Toda feliz! Depois pousamos suavemente e despedi-me, deixando ambas sorridentes em frente a casa.
            Havia perdido o horário de visitas do hospital, mas não fiquei triste por isso, já que havia feito outras pessoas felizes e havia dado o meu recado.
            O sol estava forte e eu estava com sede. Pousei minha cadeira na porta de uma lanchonete. Na frente do estabelecimento havia uma frondosa árvore sob cuja sombra foi colocada uma mesinha redonda com quatro cadeiras – e lá estavam quatro rapazes tomando cerveja.
            Fui entrando e coloquei minha cadeira perto do balcão enquanto esperava ficar pronto o suco que pedi. Conhecia um dos rapazes que estavam sentados na sombra. Ele veio até o balcão onde eu estava.
            - Moni, qual é o segredo dessa famosa cadeira? Conta aí, vai!
            Enquanto bebia meu suco, contei o simples segredo: fazer o bem sempre tendo o pensamento voltado para Deus.
            Quando ele foi contar o segredo para os amigos da mesa, peguei minha cadeira mágica e voei!


Simone Possas Fontana
escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com
Nota da Autora:
- Conto escrito em abril/2010
- Publicado no blog: simonepossasfontana.wordpress.com
- Publicado no livro MOSAICO (Editora Gibim, 2011)
- Publicado no site: www.recantodasletras.com.br em abril/2013

08 de agosto de 2018.

COMUNICADO EM VERSO

                    Comunico com satisfação que, sem aborrecimento,
                    Você ficará livre, pelo menos por um tempo,
                    Da propaganda ferrenha e de azucrinamento,
                    Para meus livros o seu divulgamento:
                    MOSAICO e A MULHER QUE RI.
                    Aproveito a oportunidade e o deferimento
                    Para lembrar-lhe que esses compilamentos
                    Ainda podem, pelo ajustamento,
                    Serem adquiridos sem ressentimento,
                    No site da Editora Life com acompanhamento.
                    Comunico ainda que dia 15 de setembro
                    Fiz do meu livro PCC, seu lançamento.
                    A Cafeteria Fran's Café teve seu envolvimento
                    Como a Life Editora seu comprometimento
                    Numa noite sem qualquer desapontamento.
                    Se tiver curiosidade para ter seu conhecimento
                    Adquira um exemplar do PCC sem arrependimento
                    Na minha página do Facebook com discernimento
                    Ao preço de R$ 25,00 como faturamento.

COMUNICADO EM PROSA

1º –    Tenho a satisfação de comunicar que não mais o incomodarei (pelo menos por enquanto) com aquela propaganda ferrenha e poderosa para vender os livros MOSAICO e A MULHER QUE RI, mas aproveito a oportunidade para lembrar-lhe que os mesmos ainda podem ser adquiridos através do site www.lifeeditora.com.br ou através da minha página no Facebook.

2º –    Comunico também que dia 15/09/2015 fiz o lançamento do meu livro “PCC” (Editora Life), no Fran's Café e foi uma noite de sucesso!
          Se tiver curiosidade para conhecer mais sobre o PCC, adquira seu exemplar através da minha página no Facebook, ao preço de R$ 25,00.

          Obrigada,
         
          Simone
          Setembro/2015
Simone Possas Fontana
escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO,  A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,

blog: simonepossasfontana.wordpress.com


5 comentários:

  1. Parabéns minha amiga/irmã...qdo lançar o outro livro, guarda um exemplar para mim...sou sua fã...

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    1. Certo querida Lidia! Em 2018 será a vez do PEDRO OTÁVIO - O PROMOTOR. Quero sua presença de sempre no lançamento!!

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