Robert Esponja estreia sequência de filmes adaptados ao público adultoRobert Esponja: o pé d’água se sobressai imensamente, promovendo Toninho Pirassununga a um panteão promissor do cinema mundial.Nesta newsletter, resgatamos textos publicados no Jornal RelevO e já devidamente esquecidos. Dessa vez, trazemos as centrais da edição de outubro de 2024. SÉTIMA ARTERobert Esponja estreia sequência de filmes adaptados ao público adultoRobert Esponja: o pé d’água entra em cartaz em novembro, mas somente depois do turno das 22h. ![]() Jornal RelevO, edição de outubro de 2024. Diagramação: Bolívar Escobar. Leitura mística de pelo pubiano, continuidade do uso do cartão de crédito para bets ou volta do gol qualificado fora de casa. Nada disso. Sem vender nenhum curso, o RelevO mostra qual será a verdadeira febre dos próximos meses: a produção de filmes supostamente adultos para histórias supostamente infantis. A nova tendência, empolgada com senhores de 35 anos que se comportam como se tivessem 20 e gostam de filmes para a faixa dos 10, acompanha o movimento de um mercado cansado de fazer dinheiro com nostalgia (com N, não com B). “Chega de fantasia: agora é imposto, boleto e bomba”, promulga o cineasta Arnaldo Labor, que acaba de entregar o roteiro de Rio Mil Grau, a continuação de Rio 2, em que a ararinha Blu tem de lidar com o comércio indiscriminado de pods, streamings piratas e o aumento do custo da bebida no Paraguai. “O espectador não aguenta mais filme de bichinho fofo que não trabalha, não acorda cedo, não é convidado a se desligar da firma”, alega Labor, ele mesmo um resultado do último passaralho da Rede Globo. Rio Mil Grau terá uma versão dublada em carioca, sem censura, com todos os palavrões naturais ao contexto da trama, e outra em brasileiro, com adição de bossa nova gerada por inteligência artificial. Desde O Menino Realmente Maluquinho, de Christopher Rola, narrando um universo paralelo em que Ziraldo cheira pó com o físico Bobby Oppenheimer, a Rei Leão: O Imposto Mora ao Lado, em que Joseph Padulha investiga os meandros perversos da União, a produção mais aguardada, sem dúvidas, é Robert Esponja: o pé d’água. Dirigido por Toninho Pirassununga e patrocinado pela Ambev, Robert Esponja (Sheldon Mello) é um reles atendente de Itajaí que um dia já foi cheio de sonhos e alegria, mas agora se encontra imerso no pesadelo da vida adulta, sem dominar seus novos vícios e desolado pela perda da namorada para o melhor amigo. Como funcionário não muito exemplar da rede de fast food Boob’s – um vacilo da produtora, que não pediu autorização de uso da marca representada em troca de alimentação para o elenco – e agora apelidado de João de Barro pelos colegas em função da fama de único pássaro corno da natureza, ele descobre que a verdadeira batalha não é contra os galhos. É contra o relógio-ponto, o café de baixa qualidade da firma e o chefe de equipe de 23 anos, com MBA em Liderança Fast e convicto de que a medicalização psiquiátrica entre jovens é apenas uma conspiração da indústria farmacêutica. O caminho da redenção? Paraísos aquáticos artificiais. Se no começo Robert acreditava que o segredo do sucesso era o bom atendimento e uma pitada de diversão sem grandes preocupações, agora o nem-tão-jovem precisa lidar com a vontade de beber todo dia, logo que acorda, enquanto testemunha e quem sabe fomenta pequenos golpinhos no fechamento do caixa, surta com os e-mails diários da gerência e seus conteúdos motivacionais e as dificuldades para não chegar todo dia 15 minutos atrasado por conta do trânsito. E como resistir às longas jornadas de trabalho sem um estimulante…? “É uma fábula moderna”, declara Pirassununga, também escritor do roteiro, que, segundo ele, não guarda similaridades com a sua trajetória, embora a equipe de reportagem do RelevO saiba de sua passagem por certo grupo de apoio com acrônimo de pilha depois de... “pera lá, fui detido, não preso”, defende-se, já batendo nos bolsos em busca de um cigarro. “Reduzi para uma carteira por dia”. Na história repleta de muita vida comum, depois do expediente, Robert se junta a outros funcionários no posto de gasolina mais horroroso da região para uma rodada de chope duplo e aguado. Entre um desconto na folha de pagamento e a troca de broncas com o chefe por ter esquecido a touca higiênica, Esponja percebe que a vida adulta é como uma figurinha ridícula de WhatsApp – e tão efêmera quanto. Despontando como um dos grandes talentos de sua geração, Pirassununga abre a caixa de ferramentas para retratar a passagem da vida do triste Robert, que de turno em turno – e de gole em gole –, por um motivo ou outro, não consegue largar seu emprego. Assim, acompanhamos o protagonista ao longo de décadas, observando seu descenso moral, físico e de ponto eletrônico. A esponja seca. O trabalho de maquiagem realizado na caracterização de um Sheldon Mello idoso, surpreendentemente assinado por Tião Brabo – muito atuante nas redes sociais por ser “apenas um cara hétero que curte maquiagem (‘curto futebol e cílios, oras’)” –, venceu o Perikito de Ouro em Gramado. A trilha sonora, composta pelo DJ experimental C_D_SKy – que cobrou bem barato diante da ameaça da IA –, mescla a influência do K-pop com a brasilidade do chorinho com sons repetidos de latas se abrindo (o grupo Stomp foi contratado, depois demitido antes mesmo de entrar no estúdio, apenas pelo prazer vingativo da produtora executiva, que desde a quarta série sonhava em barrá-los de alguma coisa). O crítico Rubens Waltinho aprovou a trilha, classificando-a como “o grande happy hour do ano” nos escombros da Pitchfork. De fato, Robert Esponja: o pé d’água está longe de ser bait pra millennial cringe, apesar das (fracas e desnecessárias) alusões ao famoso desenho da esponja num oceano cheio de mutações genéticas por acidente nuclear (se a gente dispara uma bomba nuclear no mar é realmente um acidente?). Outro destaque não positivo fica com o longo plano-sequência em que Robert se tranca no banheiro da firma para ver, no YouTube, 26 minutos de “Os bêbados mais engraçados da internet”. Apesar de excessos como esses, Robert Esponja: o pé d’água se sobressai imensamente, promovendo Toninho Pirassununga a um panteão promissor do cinema mundial. Ele já tem recebido ofertas da A12 – spinoff da A24 com metade do orçamento, mas sediada em Curaçao – para dirigir o thriller gastronômico (Agora eu sei) Quem mexeu no meu queijo, previsto para 2026. Ouça o RelevO: filmes supostamente adultos para histórias supostamente infantis vieram para ficar. Ao menos por uns oito minutos. |
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terça-feira, 8 de abril de 2025
Robert Esponja estreia sequência de filmes adaptados ao público adulto
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