Hoje
     
    Hoje eu quero todas as folhas soltas
    Voando pelo vento
    Como o meu pensamento
    De sempre ser feliz.
    Hoje eu quero ver no espelho
    O meu sorriso de menina,
    Sair cantando feito criança
    E cair na dança.
    Hoje eu quero ver o meu olhar
    Atravessando a janela,
    Enxergando a vida além dos muros
    Que eu nem construí.
    Hoje eu quero que Djavan
    Escreva a canção mais bela,
    Que nasçam lindas rosas no meu quintal
    E que a vida se faça florir.
    Clarisse da Costa é cronista e poetisa em Biguaçu Santa Catarina
    Contato: clarissedacosta81@gmail.com
     
     
    Selei
     
    Adormeço pensando em você! Todo esse amor é infinito,  não sei se é delírio, ou realidade, mas queria estar em seus braços, me render  a você. Sinto-te tão distante, e todo esse desejo aflora-se, então, ouso a  sonhar com você. 
    Invadiu-me sem permissão, sinto sua essência de  longe, minhas lágrimas de dor não cessam, me embriaga de paixão. E, todo esse  amor me faz viver, sonhar, acalenta-me, mesmo distante. Suplico! Não me deixe,  preciso lhe sentir, dentro do meu coração, palpitando de amor! 
    Sou aquela mulher que te ama, mesmo sendo proibido!  Fiz de você, meu amor, melhor amigo, a calmaria dos meus dias de tormento...  Eternizei, selei, ficou marcado para sempre no meu corpo, como tatuagem...!
    Meu  anjo...!
    Fabiane  Braga Lima: texto e argumento
    Contato: bragalimafabiane@gmail.com
    Samuel da  Costa: texto e revisão 
    Contato:  samueldeitajai@yahoo.com.br
     
     
    Entre lágrimas, silêncio e o amor…!
     
    Que os ventos da natureza me levem para onde eu  possa repousar. Que os horizontes se abram acalentando os meus versos feito com  alma e coração. Que nada possa estar vazio, mas cheio de luz, para serem lidos  com o indelével amor. 
    Que a poesia arranque todas as dores de minha alma  e coloque no lugar amor. Que em cada palavra escrita e recitada tenha  sentimentos, mesmo feito em lágrimas e cicatrizes que um dia se findou, se  iludiu e se curou. 
    Que o vento sopre e me mostre toda a verdade de  quem um dia se calou, mas em lágrimas chorou. Que na beleza da vida, cada verso  composto, dito, contado, recitado e declamado possa se encaixar, fazendo  assim a epopeia do poeta em dor. 
    Fabiane  Braga Lima é poetisa e cronista em Rio claro São Paulo
    Contato: bragalimafabiane@gmail.com
     
     
    Eu falo entre estátuas!
    Para a poetisa Clarisse da Costa
    ''Deleito-me em terras férteis
    Que me levam para longe do caos.
    Escuto o ruído,
    Tira-me o sossego.
    Tendo o mar como inspiração vejo
    No meu inconsciente, águas negras,
    E um céu estrelado.''
    Fabiane Braga Lima
               
    A longa e suntuosa limusine negra, como  a noite mais escura, parou defronte a um prédio de aparência decrépita, lá de  dentro do automóvel luxuoso um austero homem idoso, com as duas mãos enrugadas  postada em uma bengala de madeira Paolo Santo e cabo de marfim ricamente  decorado com a cabeça de uma águia. Impaciente, o senhor aguardou o condutor  sair do carro e abrir a porta do veículo. No assento do motorista, o chofer que  estava bem alinhado, aguardava e aguardava, o trabalhador, mesmo não sabendo  bem o que de fato aguardava. 
    Lá atrás, o passageiro do luxuoso  veículo blindado esbravejou ao telefone interno: — A porta seu imbecil, abra a  maldita porta! — Constrangido o motorista aperta o botão ao volante. A porta  traseira se abriu, o homem idoso se levantou com certa dificuldade esbravejando  contra o chofer.
     Ao lado da limusine estavam em  prontidão dois homens, pareciam irmãos gêmeos, eram negros enormes de  ascendência africana, estavam bem vestidos com seus de ternos pretos bem  ajustados e gravatas vermelhas. Os homens estavam armados, embaixo dos ternos  negros de linho, lá estavam as afiadas facas militar Zakharov Quitaúna, as  modernas pistolas Berettas 92F com as seus respectivos silenciadores e as  mortais miras a laser, as práticas e leves submetralhadoras Blowback  semiautomáticas, também com seus respectivos silenciadores acoplados. Todas as  armas eram customizadas e adaptadas para seus usuários. Também vestiam óculos  escuros personalizados e estavam municiados com seus respectivos coletes a  prova de balas. Um estava em alerta, olhava para todos as direções de forma  discreta, como quem aguardava uma agressão, já o outro com zelo, dava atenção  ao senhor de idade avançada.
                —  Voltem para o hotel agora mesmo e substituam este imbecil ao volante! Não quero  vê-lo novamente, nunca mais! — O homem idoso não escondeu o mau humor.
                — Mas  senhor...
                —  Sumam das minhas vistas, agora! Eu quero ficar sozinho! — Gritou a plenos  pulmões e no meio da rua, contrariando assim as vestes europeias que  vestia.  
                Os  dois experientes homens de armas se entreolharam, assentiram com as cabeças em  uma perfeita assimetria, ordens não são contestadas, não são contrariadas, são  de pronto cumpridas e de imediato e pronto. Ambos, levaram os punhos às bocas e  simultaneamente repassaram as ordens, um se comunicou com o motorista da  limusine e o outro com os outros veículos de apoio. Falam no idioma italiano e  com um forte sotaque de Roma. Um dos seguranças se encaminhou para substituir o  motorista da limusine, o motorista com seu impecável uniforme inglês e seu  quepe na cabeça ficou na calçada sem saber o que fazer enquanto via o carro  luxuoso ia embora.  Já o outro se dirigiu para o carro blindado que fica a  poucos metros à frente da limusine, entrou nele e seguiu a limusine. O outro carro  de apoio que estava atrás da limusine deu marcha ré, seguiu em direção  contrária aos outros dois veículos e a poucos metros entrou em uma revisão  paralela e desapareceu por completo. A limusine se dirigiu para um hotel cinco  estrelas e os outros cinco veículos de apoio se dispersaram, partiram para  pontos diferentes não muito longe do perímetro, pararam e seus ocupantes  aguardavam.     
                O homem  idoso se moveu com elegância de aristocrata, com certa dificuldade devido ao  peso da idade e se dirigiu para a entrada do prédio semi-decadente. O senhor de  idade avançada de abrupto levou a mão esquerda aos olhos e conferiu as horas e  notou que estava no horário. Dali para frente estava sozinho, sem comunicação,  sem apoio e em terreno desconhecido. E se fosse cristão ou mesmo, se  acreditasse em quimeras vagas, que homens e mulheres oram, clamam, rezam e  ficam de joelhos, pelo menos. Mas nem isso ele tinha àquela hora extrema.
                O  homem caminhou poucos metros e se deparou com uma pequena escada de madeira de  ébano, eram somente três degraus e avançou trôpego pelo piso de mármore negra.  A frente um portal de madeira ornado à moda do medievo europeu, ao lado haviam  dois pedestais, duas peças renascentistas de bronze em tamanho natural. Duas estátuas  de mulheres nuas choravam em desespero e o artista colocou uma enorme carga  dramática e sensual nas obras gêmeas. Cada uma em uma lateral da entrada e  entreolhando-se no mais completo desespero na equidistância.
                As portas  se abriram assim que o homem idoso se aproximou, ele notou a falta de câmeras  de segurança ou interfone na entrada, assim como caixa de correios. Assim que  passou pelo portal de entrada, ele se deparou com uma versão modernista da  entrada com duas estátuas de mármore branca, um tapete artesanal e colunas  jônicas. E depois um enorme espaço vazio no que seria um salão de festas,  saltava os olhos o negro piso de madeira artesanal, o espaço sem cadeiras,  mesas e exaustores de ar. Sem janelas, e um sofisticado e moderno sistema de  climatização, um atualizado jogo de iluminação de festas imperava no céu do  lugar como se fosse uma constelação. O espaço era negro como noite mais escura  e no final o salão um pequeno palco para apresentações.
                Um  conjunto de luzes verdes na lateral esquerda formava uma trilha e o homem idoso  seguia a trilha que levava ao lado do palco. As luzes eram frias e a cada um  que o homem passava o ambiente ficava mais e mais frias, contratando com o  calor tropical de fora do prédio. O senhor idoso avistou uma escada em caracol,  ao lado do palco, o homem reconheceu logo um trabalho artesanal, planejado e  executado por um paciente, artesão do oriente médio ou de algum país do  mediterrâneo.
                Até  aquele momento as estranhas misturas arquitetônicas e estéticas, mistura entre  as novas tecnologias e os velhos métodos do velho mundo não chocaram o homem de  idade avançada. A curiosidade precedia as estranhezas, era, e é assim que a  comunicação entre o novo mundo em formação e velho mundo decadente. Ali, tudo  parecia que fora planejado e moldado com muitas mãos sedentas e provavelmente,  permeado de muitas brigas e fortes discussões estéticas. E recursos  financeiros, ali também não seria um problema de imediato. Um espaço sombrio,  multiuso e adaptável para audiências variadas era o que passou na cabeça do  homem que se atreveu a aceitar o convite de adentrar naquele ambiente  ignoto. 
                 Desolado, o senhor idoso olhou para o alto da escada e percebeu que tinha um  longo caminho para onde queria chegar. Os joelhos doíam, as palmas dos pés  latejavam, os calçados apertavam e ele pensou na ideia de estar armado não  seria ruim. E então ele se recompôs e recomeçou a caminhada, a subida até o  céu.      
    Samuel da  Costa é contista e funcionário público em Itajaí, Santa Catarina
    Contato: samueldeitajai@yahoo.com.br