sábado, 28 de outubro de 2017

Minha viagem ao Haiti




Em 2011, membro da comitiva do Centro de Avaliação de Adestramento do Exército (antigo CAAdEx – atual Centro de Adestramento Leste) estive em visita de instrução ao Haiti. Ainda na aeronave, já em procedimento de pouso, avistei as favelas haitianas e confesso que tomei um susto diante de tanta calamidade. Mas, foi patrulhando a pé que constatei o que vinham nos relatando ao longo de anos de missão dos nossos queridos soldados brasileiros nas Forças de Paz no Haiti. Algumas cenas jamais sairão de minha memória como a de crianças haitianas de 7 a 11 anos, idades de meus filhos Mateus Menez Trindade e Ana Clara Durand Trindade, confeccionando biscoitos de barro que, depois de virarem pedras nos ofereciam em troca de um cantil de água potável. Impossível conter as lágrimas diante do descaso público com àqueles menores isolados a mercê da vontade política.

Em reflexão diante do caos decidi naquele momento que deveria no futuro, quando a oportunidade surgisse relatar o que vi ao máximo de jovens possíveis a fim de abrir seus corações para pulsarem mais forte a força da caridade e debruçarem sobre causas sociais tão necessárias e significantes no mundo contemporâneo. A luz deste livro é mostrar a você amigo jovem, em especial, brasileiros, que em suas mãos encontram-se o futuro de nossos irmãos mais necessitados. O individualismo nos afasta cada vez mais da realidade caótica dos povos mais sofridos do planeta. Quem conhece a história triste dos menores africanos e haitianos? Espero que, a partir desta leitura despertem seus interesses afetivos de utilizarem os meios diversos da tecnologia digital para unirmos esforços em prol dos povos sofridos, desnutridos e desprovidos das fontes primárias da vida.

Nunca seremos os donos da verdade, mas podemos sim, como fizeram nossos brilhantes jovens do passado, cobrar da comunidade internacional àquilo que é direito a todo ser humano ao nascer: A VIDA. Em síntese, a nossa dignidade e respeito é estudar nossas legislações, integrarmos esforços aos que com muita abnegação vem carregando os fardos da caridade voluntária e contribuir, ainda que com uma semente singela, com a mudança da realidade triste que assolam os países com irrisórios índices de desenvolvimento humano.

Irmãos haitianos saibam que enquanto estiver vivo, vou em voz alta alertar, a quem posso dentro de minha ética e responsabilidade como cidadão brasileiro, sobre as mortes injustas de vossos irmãos por imaturidade daqueles que deveriam mas não fazem a mudança necessária de suas condições mínimas de sobrevivência. Todos, sem exceção, dos soldados brasileiros que aí estiveram, dos mais antigos generais aos mais modernos praças, tiveram orgulho de ajudá-los a despertar o sonho de uma vida mais justa e digna.

Major EB Wagner Trindade – Poeta Arara Azul (organizador do livro Haiti – memórias em poesias)

Um comentário:

  1. Agradeço a presidência da ALB MS a publicação de meu artigo "minha viagem ao Haiti".

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