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domingo, 1 de outubro de 2017

Minha terra adotiva

Por Marcos Estevão

Já andei por muitas terras
Resolvi parar aqui
Ao ver teus rios multicores,
Provar teu doce pequi,
Seguir as aves faceiras,
Mulheres tão feiticeiras
E coisas feitas por certo
Não me deixaram partir.
Água Clara, Rio Negro,
Rio Verde, Rio Pardo,
Rios Multicores, calcários,
De Corumbá, de Ladário,
Aquidauana, aqui dá peixe,
Do calor de Coxim
Ao frio de Maracaju,
Do misto de Brasil
Ou do Brasil do Mercosul,
Do Paragueiro ou Brasiguaio
De Ponta Porá,
Que Bela Vista
Das Grutas e Aquários
De Bonito.
Três Lagoas, Paranaíba,
Eu que vim lá de riba,
Lembro Ribas de cá perto,
Com o Tuiuiú adormeço
E com Tuiuiú desperto,
Sentar à noite na porta,
Tomar tereré na calçada,
Jogar Bozó sem ver o tempo passar,
Reunir nos altos da Afonso Pena,
Curtir tua pele morena
Bronzeada no quintal
Bem longe do litoral
Mas, perto do mar de A-mar,
Do espetinho, do sobá,
Yakisoba, yakimeshi
Na barraca de Dadá
Na feira de São Francisco
Na quase manhã de Domingo,
Seguir tuas pernas ligeiras
Como são as corredeiras
De tuas águas pantaneiras,
Caminhar no Parque das Nações,
Despachar no Parque dos Poderes,
Que poderes tenho eu
Pra ousar ser teu
Campo Grande, grande coração,
Que me recebeu de braços abertos,
Braços que se abrem
Em todas as direções,
Quer venha de Cuiabá,
De São Paulo, de Goiânia,
De Minas Gerais, de Brasília,
De Terenos, Sidrolândia
Por terra, por rio, por ar.
O certo é que aqui chegando
Se é convidado a ficar,
Tua ternura, tua candura
Não permitem te deixar,
Eu que vim lá do Pará
Aqui parei pra ficar,
Fazer parte do teu povo
Ser teu velho sangue novo,
Para minha e tua alegria
Ser parte da tua magia
Não saindo mais daqui
E se isso é coisa feita
Quero morrer enfeitiçado
Pelo feitiço de ti.

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