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terça-feira, 3 de outubro de 2017

Personagens Bíblicos - Agripa I, o tetrarca romano


Agripa I foi nomeado tetrarca duma região denominada “Felipe”, pelo então imperador romano Caio César Calígula. TETRARCA era a denominação de cada um dos quatro reis ou governadores duma região dominada por Roma. TETRARQUIA era cada uma das quatro partes em que dividiam as províncias, regiões ou territórios conquistados pelos romanos. Agripa I tinha uma irmã chamada Herodias, que era casada com outro tetrarca romano, de nome Antipas.
Após a nomeação de seu irmão (Agripa I) como tetrarca, Herodias repreendeu o seu marido (Antipas), alegando que ele não obtivera sua nomeação para um reinado maior que a tetrarquia, em razão de sua própria indolência administrativa. Argumentou que seu irmão nunca tivera posto de governante, e galgara tal posição sem muita dificuldade, enquanto que ele (seu marido) estava há muitos anos na posição de tetrarca, sem receber nenhum outro cargo de maior importância.
Influenciado por Herodias, Antipas foi a Roma solicitar a Calígula um posto maior que o tetrarcado. Calígula não gostou da solicitação, por julgá-la ambiciosa e imerecida. Mesmo porque, nessa época corria um boato de que Antipas tinha-se aliado a Sejano (romano que tinha conspirado há vários anos contra o imperador Tibério César) e aos partos (antigos inimigos de Roma). Tal aliança não agradava ao imperador romano.
Assim, Agripa I foi consultado sobre o assunto, vez que era cunhado de Antipas. Aproveitando o ensejo, Agripa I confirmou tal suspeita ao imperador Calígula, que não só destronou Antipas do seu tetrarcado, como o baniu de Roma, enviando-o para servir na cidade de Lião, na Gália (depois França). Parte dos territórios que foram governados por Antipas (Galiléia e Peréia) foram anexados ao tetrarcado de Agripa I, como prêmio pelo seu testemunho.
Por ser irmã de Agripa, Herodias tinha a possibilidade de escapar ao desterro do marido. Ela poderia permanecer em Roma, caso o seu irmão pedisse tal favor ao imperador. Porém, ela ficou tão revoltada com a atitude do irmão, ao acusar o seu marido, que acompanhou Antipas na mudança. Tempos depois, Antipas foi transferido da Gália para a Espanha, aonde veio a falecer. Com sua morte, toda a sua fortuna, assim como a de Herodias (sua viúva) foram transferidos para Agripa I.
É interessante observar que Herodias foi a responsável por duas grandes desgraças na vida de Antipas. Primeiramente, antes de assumir Herodias como esposa, Antipas foi casado com a filha de Aretas, rei da Arábia, cuja capital era a cidade de Petras. Numa de suas viagens a Roma, Antipas visitou seu meio-irmão Herodes Filipe, o qual era casado com Herodias. Antipas apaixonou-se por Herodias, e vice-versa. Essa paixão resultou em adultério, fazendo com que Antipas levasse a cunhada para a sua tetrarquia, aonde se divorciou da filha de Aretas, para casar-se com Herodias. O repúdio da filha por Antipas fez com que a Aretas declarasse guerra a Antipas, e invadisse o seu território. Nessa época quem governava o império romano era Tibério César, que socorreu Antipas enviando tropas contra Aretas, vencendo-o, e expulsando-o do território sob a dominação romana. Porém, a partir dessa época, Antipas passou a perder seu prestígio perante Tibério e seus sucessores, o que veio a agravar-se durante o reinado de Calígula.
Quanto a Agripa I, ele estava em Roma quando Calígula foi assassinado, em 41 AD. Assim, ele teve a oportunidade de negociar com o senado romano a nomeação de seu amigo Cláudio como sucessor de Calígula. A negociação deu certo. Em gratidão, no novo imperador Cláudio ampliou o poder de Agripa I, dando-lhe o reinado das regiões de Lisânias, da Judéia e de Samaria. Com isso, Agripa I passou a reinar sobre uma região quase tão extensa quanto a que fora governada pelo seu avô: Herodes, o Grande.
Com o aumento de seu prestígio junto a Cláudio, Agripa I pediu ao imperador a nomeação de seu irmão (também chamado Herodes, a exemplo do avô) para o reinado de Cálcis, uma pequena região localizada na encosta oeste da Cordilheira do Antilíbano. 
Durante o seu reinado, Agripa I foi bem aceito pelos judeus, por sua descendência asmoneia, em razão de ser neto de Mariamne (uma das esposas do rei Herodes, o Grande). E também pelo fato de ter-se declarado adepto do Judaísmo. Porém, ao mesmo tempo em que agradava aos judeus, ele perseguia os cristãos. Foi o mandante da execução de Tiago (irmão de João) e da prisão do apóstolo Pedro (Atos 12.1-29). 
Porém, o fim do reinado e da vida de Agripa I ocorreu de forma trágica: durante uma solenidade em homenagem ao imperador romano, na cidade de Cesareia, Agripa I proferiu um discurso público em que basicamente declarava-se um “deus”. Tal discurso não agradou aos presentes. Em especial, às caravanas dos emissários das cidades de Tiro e de Sídon, que estavam em Cesareia para celebrar um tratado de paz com ele. Houve exclamações de discórdia ao discurso de Agripa I. Ele sentiu-se mal, foi retirado da tribuna pelos seus assessores, e adoeceu gravemente. Dias depois veio a falecer prematuramente, com o corpo repleto de vermes (Atos 12.1-23).
A morte de Agripa I ocorreu no ano 44 AD. Ele tinha 54 anos de idade. Havia reinado por três nãos sobre toda a Judeia, Samaria e Lisânias. Deixou quatro filhos: um varão chamado Herodes Agripa (que reinaria com o título de Agripa II) e três varoas: Berenice; Drusila (que seria a esposa do governador Félix), e Mariamne III (em homenagem à sua avó). Pelo grau de parentesco, a dinastia dos “Agripa” se confunde com a dinastia dos “Herodes” (Atos 24.24; 25.13).

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