05 de setembro de 2018.
Canção a Deus
Aqui
estou na tua frente
E
chorando me torno mais gente
BIS Contigo que eu tanto amei
Contigo
que eu tanto amei
Muito
rezo por meu amigo
E
a ele dou a boa vinda
BIS Se está aqui ou já tenha ido
A
ele dou a minha vida.
Gosto
muito do meu irmão
E
a ele dou a minha mão
BIS A ele que eu tanto amei
A
ele que eu tanto amei.
Procuro
pela minha paz
Certeza
tenho de que me darás
BIS Peço a Ele a quem tanto amei
A
Ele a quem tanto amei.
Simone
Possas Fontana
escritora
gaúcha de Rio Grande-RS,
membro
da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro
correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro
da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora
dos livros MOSAICO, A MULHER QUE RI, PCC
e O PROMOTOR
graduada
em Letras pela UCDB,
pós-graduada
em Literatura,
contista
da Revista Criticartes,
blog:
simonepossasfontana.wordpress.com
Nota da Autora:
- Canção escrita
aos 17 anos de idade.
- Publicada no
blog: simonepossasfontana.wordpress.com.
- Publicada no
Suplemento O Peixeiro, do Jornal Agora de Rio Grande-RS em abril/2013
- Publicada no livro:
VII Coletânea da Academia Riograndina de Letras (Editora Casa Letras, 2013)
Casquinha
de Amendoim
Olá! Aqui estou novamente: Ana, a
faxineira feliz! Vou contar-lhes o que aconteceu na última segunda-feira:
- Ana! Como você consegue varrer e
assobiar ao mesmo tempo? E esse sorrisão? Está feliz por encontrar tanto lixo
para varrer?
- Ô Dona Isabel! Não vejo lixo; vejo
alegria!
- Alegria? Mulher de Deus! Onde está
a alegria? Essa casquinha de amendoim torrado parece que proliferou! Estava no
chão da sala, depois se espalhou para o banheiro e sacada e até nos quartos ela
chegou! Pode me explicar cadê a alegria nisso? – disse minha patroa,
exaltadamente.
- Posso. Vou dar um exemplo: a senhora
está andando na rua e encontra flores espalhadas pelo chão, que caíram de um
ipê, de uma sibipiruna ou outra árvore. O que a senhora vê e pensa?
- Vejo um monte de lixo e penso: -
Nossa! Que calçada suja! Onde andará a dona dessa casa que não a varre logo!
- Pois eu vejo um lindo tapete de
flores! Onde a senhora vê lixo, vejo flores! – expliquei de maneira educada.
- Hum...
- Outro exemplo: - Se a senhora está
fazendo caminhada pelas ruas da cidade e encontra uma calçada muito irregular,
cheia de buracos, lajotas quebradas e com piso levantado pelas raízes das
árvores. O que pensa?
- Resmungo, falo mal e ponho a culpa
nos donos das casas que não consertam as calçadas e no prefeito que não
fiscaliza adequadamente para as pessoas poderem transitar com segurança. – rispidamente
respondeu-me.
- Ham ham. Pois eu vejo aquele
equipamento que tem nas academias... Aquele que a senhora me explicou num dia
desses... Aquele que fica no sobe-e-desce-sobe-e-desce...
- Step?
- Isso! Subo e desço os buracos e
obstáculos das calçadas como se estivesse fazendo exercícios num step da academia!
- Tá. Entendi. E quanto as cascas de
amendoim?
- Vejo essas casquinhas de amendoim
como um sinal de alegria! Aqui neste lar teve alegria ontem, pois sei que houve
reunião da família ou de amigos; se confraternizaram, deram risadas,
conversaram. Já pensou encontrar uma casa sempre limpinha e brilhando? Sem
casquinha no chão? Lembra casa vazia, triste, solitária, apática e depressiva!
– relatei calmamente.
- Ah! Entendi!
- Sabe aqueles gritos das crianças
brincando na quadra de esportes, que sempre lhe incomodam? Para mim lembra
saúde! Criança que fica amuada, retraída num canto pode estar triste ou doente!
- É. Sei disso. Você tem razão, mas
esse é meu jeito! Gostaria de ser como você Ana! – sentando no confortável sofá
e indicando elegantemente com umas batidinhas de mão, para eu sentar ao seu
lado.
- Não diga uma coisa dessas, Dona
Isabel! Imagina! A senhora é uma arquiteta competente. Estudou muito e trabalha
bastante! E eu sou uma simples faxineira!
- Uma faxineira feliz! Como
consegue?
- Ah Dona Isabel... É como se eu tivesse
recebido um convite para levar alegria aos outros! – disse-lhe humildemente.
- Um convite? Como assim?
- É... Não sei explicar direito. É
como se eu tivesse essa missão: transformar as casquinhas de amendoim em
alegria!
- Mas você não tem problemas para
resolver?
- Tenho minhas necessidades,
fraquezas e angústias – como todos têm!
- E não fica triste nunca? – quis
saber mais.
- Fico às vezes. Hoje mesmo ainda vou
ao hospital visitar minha neta, mas quero chegar alegre! Sei que lá tem médicos
e enfermeiros competentes e que está recebendo o tratamento adequado. Procuro
sempre ver sempre o lado bom das coisas! Mas quer saber quando fico mais triste?
Quando enfrento o coração de pedra e cabeça dura de muitos. É essa dureza no
coração que tento quebrar com minha alegria e otimismo.
- É essa sua “missão”, como você
diz?
- Sim! É nas fraquezas, nas
injúrias, nas necessidades, nas perseguições e nas angústias sofridas que sinto
uma vontade enorme de dar uma palavra de carinho. É para os empobrecidos e
rejeitados da sociedade! – tentei explicar-lhe.
- Mas isso é missão das autoridades,
Ana!
- Pode até ser, Dona Isabel, mas eu
coloco essas autoridades e todos os responsáveis pelo bem comum, nas minhas
orações para que sejam conduzidos na justiça e na honestidade; para que as
lideranças das comunidades sejam acolhidas e valorizadas.
- Isso é bonito de se ouvir...
- Bonito seria se conseguisse livrar
os corações da arrogância e do orgulho... Isso alimenta o desprezo por pessoas e
grupos. Sei que isso não é fácil, mas queria ser uma luz na vida das pessoas...
Transmitir amor...
- Mas você é uma luz, minha querida!
Você é uma sábia, mesmo sem ter frequentado uma universidade! – disse-me.
- Pois é... As pessoas se admiram como
a senhora e outras até se escandalizam ao ouvir falar de amor. Como uma simples
faxineira pode saber usar palavras adequadas para transmitir a paz? Sou gente
simples. Meu trabalho é manual; não tenho tempo para meditar e pensar em Deus,
mas eu digo: para falar de amor não precisa ser especialista!
- Estou lhe entendendo, mas você
fraqueja às vezes? Pergunto por que quero mudar, mas tenho medo...
- Enfrento obstáculos... Algumas
pedras no caminho, mas é preciso superar os preconceitos, mudar a mentalidade,
ver além da aparência e enxergar as pessoas como irmãs.
- É muito difícil para mim... Acho que
isso é para padres e freiras.
- Aí você se enganou, pois
independe de religião! Têm pessoas que ajudam aos outros fazendo arte com as
mãos ao esculpir madeira, pintar, escrever, curar doentes... Outras ajudam
com música e assim por diante. E eu? Aproximo-me das pessoas e conto
histórias...
-... e transforma casquinhas de
amendoim em alegria! – completou alegremente.
- Isso mesmo!
- Como posso ser útil? – disse-me
segurando minhas mãos.
- Dona Isabel! Sua vida é um convite
para ir além! Com sabedoria e no suor de cada dia, invista em favor dos outros!
Desdobre-se no amor generoso!
E continuei: - É importante não se esquecer de agradecer. Eu
AGRADEÇO A OPORTUNIDADE DE AGRADECER! E lembre-se sempre das alegrias das
CASQUINHAS DE AMENDOIM.
Simone
Possas Fontana
escritora
gaúcha de Rio Grande-RS,
membro
da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro
correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro
da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora
dos livros MOSAICO, A MULHER QUE RI, PCC
e O PROMOTOR
graduada
em Letras pela UCDB,
pós-graduada
em Literatura,
contista
da Revista Criticartes,
blog:
simonepossasfontana.wordpress.com
Final de Semana
19 horas. Sábado. Estamos saindo da
igreja. Felizes e com as almas lavadas. Alma lavada mesmo, porque a missa foi
tão boa que ficamos emocionados. Eu e o G
soltamos as vozes nas canções. Foi muito
bom!
Vamos ao aniversário do D, primo do G que mora próximo a nossa casa. Toca o celular. G atende sem parar o carro. É minha cunhada E querendo dicas de barzinho com música ao vivo. G indica o bar e combina que nos
encontraremos lá em 1 hora. Acho que esse telefonema foi abençoado! Já faz
algum tempo que estávamos esperando por essa oportunidade de encontrar a
família, bater papo e nos divertir.
Chegamos à casa do primo do G, mas ficamos pouco tempo. Apenas
cumprimentamos o aniversariante, fizemos uma horinha por ali e corremos para o
bar. Estávamos ansiosos para encontrar meu irmão, cunhada e sobrinho.
Fomos ao bar Toda Hora. Cerveja
gelada... Música ao vivo... Músicas das antigas... Voltamos ao passado,
recordando nossa adolescência.
Cunhada E, com seu novo corte de cabelo e macacão tomara-que-caia preto e
branco (também novo), cantou, sacudiu os ombros, levantou os indicadores,
estava feliz; parecia que havia bebido cerveja, mas ela estava apenas tomando
refrigerante!
Se ela estava feliz, imagina eu!
Meu irmão F, que normalmente é quieto, estava falante e alegre! Contamos
também com a presença do meu sobrinho D,
o qual nos apresentou sua nova namorada. D
também não bebeu cerveja, pois estava tomando remédios, por causa de uma
provável dengue. Estava fazendo os exames solicitados pelo médico e não quis
abusar.
Todos na mesa cantamos e nos
divertimos. Foi uma excelente reunião familiar!
Depois de muita cantoria, decidimos
fazer um lanche numa pizzaria próxima do bar. Estava lotada, mas a cerveja
gelada, a pizza deliciosa e o ambiente agradável da nossa mesa não deixaram o
mau humor chegar, mesmo com a demora da segunda pizza!
Combinamos almoçar um churrasco na
casa do mano F no domingo próximo.
Domingo levantamos cedinho, como
sempre fazemos. Tomamos chimarrão, lanchamos e fui para o computador esperar
chegar às 10 horas, que era o horário combinado para o churrasco, mas às 9
horas o G já queria ir! Cedinho ele
comprou a carne e refrigerante (já havíamos bebido bastante cerveja na
véspera)! Estava muito ansioso. Parecia uma criança. Não posso negar que eu
também estava “louca” para ir. Então fomos!
Não me arrependi de ter ido cedo,
porque estava tudo muito gostoso.
Ao chegarmos, mano F tinha acabado de passar café; D e E
estavam acordando. Fomos à área de lazer porque o F já iria aprontar as carnes nos espetos.
Quando acordaram, após os cumprimentos
normais, dei à E um jogo de paninhos
estampados com frutas, coloridos, para enfeitar a cozinha dela. Havia comprado
o pano na cidade de Pedro Juan Caballero-PY no feriado de carnaval quando lá
estive. Cortei os paninhos e fiz bainha. Disse-me que vai fazer bicos de crochê
ao redor de cada pano. Fiquei feliz porque gostou de minha lembrancinha.
Enquanto o “churras” estava assando,
F perguntou se eu queria tomar chimarrão
e rapidamente a E já o preparou para nós.
D ligou o videocassete e assistimos
um DVD muito engraçado do Guri de Uruguaiana. Soltei o riso... Deixei correr
frouxo... Na verdade, dei muuuuuuuuuuuitas gargalhadas! Estava muito divertido!
Minha sobrinha C e seu marido C chegaram
mais tarde, um pouco antes do almoço, na hora do tira-gosto: coraçãozinho de
frango e linguiça.
E
preparou arroz branco, mandioca e uma salada MA-RA-VI-LHO-SA: rúcula, azeitonas
verdes, pepinos em conserva. Pelo menos acho que era isso que continha a
salada; porque só vi de longe; não quis me servir porque não gosto de rúcula (Ah
se fosse almeirão!). Nada falei para minha cunhada porque a salada estava tão
bonita e todos comiam com tanto gosto, que tenho certeza de que estava
deliciosa!
Após o almoço, E foi lavar as louças. Ajudei a retirar a mesa e a terminar de
limpar a cozinha. Ficamos apenas os dois casais: eu/G e F/E, batendo papo ao redor da mesa,
enquanto os outros dois casais: D/namorada
e C/C foram para a sala de televisão.
Aí bateu aquela preguiçazinha
pós-almoço e fomos embora.
Sabe qual foi nosso comentário
dentro do carro ao retornarmos para casa?
- Estava muito bom! Não é, nega?
Ambiente tranquilo... Gostoso...
- Sim amor! Estava excelente! Fazia
muito tempo que não passávamos um final de semana tão bom assim!
OBRIGADA MANO F, E, D E C!
ESPERAMOS PODER RETRIBUIR A
HOSPITALIDADE EM BREVE!
Simone
Possas Fontana
escritora
gaúcha de Rio Grande-RS,
membro
da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro
correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro
da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora
dos livros MOSAICO, A MULHER QUE RI, PCC
e O PROMOTOR
graduada
em Letras pela UCDB,
pós-graduada
em Literatura,
contista
da Revista Criticartes,
blog:
simonepossasfontana.wordpress.com
Não
sei SOBRE o que escrevo.
Talvez
fale das matas e dos rios.
Também
não sei se devo
Falar
do verde e ar puro.
Será
que todo mundo viu?
Não
sei POR QUE escrevo.
Talvez
para desabafar,
Talvez
um pouco de medo
Que
tudo irá acabar.
Não
sei ONDE escrevo.
Será
em casa, na rua,
No
quintal, no arvoredo.
Minha
cabeça não é a mesma.
Será
melhor a tua?
Não
sei QUANDO escrevo.
Ao
clarear ou entardecer.
Será
tarde ou será cedo?
Será
antes do padecer?
Não
sei COMO escrevo.
Será
em verso ou em prosa?
Não
quero parecer um peso,
Nem
quero ficar famosa.
Não
sei QUANTO escrevo.
Verso
muito ou verso pouco.
Demais
não sei se devo,
Serei
considerado um louco.
Tentarei
de várias maneiras
Escrever,
pois estarás lendo.
Cuidarei
não sairá besteira,
Pois
gentil estarás sendo.
Simone
Possas Fontana
escritora
gaúcha de Rio Grande-RS,
membro
da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro
correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro
da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora
dos livros MOSAICO, A MULHER QUE RI, PCC
e O PROMOTOR
graduada
em Letras pela UCDB,
pós-graduada
em Literatura,
contista
da Revista Criticartes,
blog: www.simonepossasfontana.wordpress.com
Nota
da Autora:
-
Poesia escrita em julho/1980, aos 18 anos de idade
-
Publicada no suplemento O Peixeiro do Jornal Agora, de Rio Grande-RS em
março/1981
-
Publicada no blog: www.simonepossasfontana.wordpress.com.br
HOJE FIZ ALGUÉM
SORRIR
(texto escrito aos 17 anos de idade)
-
HOJE FIZ ALGUÉM SORRIR,
pois
visitei uma velhinha esquecida pelos filhos e netos. Seu marido faleceu há
alguns anos. É muito solitária.
-
HOJE FIZ ALGUÉM SORRIR,
pois
fui gentil com um idoso que pedia informações na fila do Correio. Ficou muito
agradecido e até vi lágrimas em seus olhos.
-
HOJE FIZ ALGUÉM SORRIR,
pois
dava ajuda necessária a todos que me pediam, sempre com um sorriso nos lábios,
mesmo que tivesse que forçar um pouco, porque estava cansada no final de
expediente.
-
HOJE FIZ ALGUÉM SORRIR,
pois
deixei entrar em minha casa uma menina muito pobre. Viu televisão e lanchou. Ao
se despedir, meio encabulada falou: “- É a primeira vez que alguém não me trata
como mendiga.”. Essas poucas palavras fizeram-me refletir: quantas vezes
poderíamos fazer as pessoas felizes e não o fazemos por falta de tempo?
Preguiça talvez? Ou ainda, quem sabe, por vergonha???
-
HOJE FIZ ALGUÉM SORRIR,
pois
ajudei minhas irmãs nas tarefas escolares, mesmo que isso me fizesse perder meu
programa favorito na tv ou deixar de ir a uma festinha. E confesso: senti-me
muito mais feliz de ver a felicidade estampada nos rostinhos agradecidos de
minhas irmãs do que se tivesse assistido a algum filme ou ido a alguma festa!
-
HOJE FIZ ALGUÉM SORRIR,
e
esse alguém era minha mãe. Ela sorriu porque tem orgulho de me ter como filha.
Não por ser o que sou, mas por amá-la tanto quanto me ama.
- HOJE
FIZ ALGUÉM SORRIR,
ao
sentir que uma amiga estava com problemas. Deixei ela se abrir e desabafar. Não
lhe dei conselhos porque acho que não tenho capacidade para tanto. Apenas a
escutei, deixe desabafar e contei-lhe alguns detalhes de minha vida, que também
não é perfeita. Depois de agradecer e abraçar-me, ela chorou.
- HOJE
FIZ ALGUÉM SORRIR,
e
descobri o que é ser amigo já que fiz o bem para algumas pessoas. Como é bom
saber amar! Gostaria de ter um alto-falante em minhas mãos para poder gritar a
todo volume como é fácil ser gentil e amável com as pessoas. Repito: como é bom
saber amar!
- HOJE
FIZ ALGUÉM SORRIR,
Porque
eu amei!
Simone
Possas Fontana
escritora
gaúcha de Rio Grande-RS,
membro
da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro
correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro
da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora
dos livros MOSAICO, A MULHER QUE RI, PCC
e O PROMOTOR
graduada
em Letras pela UCDB,
pós-graduada
em Literatura,
contista
da Revista Criticartes,
blog:
www.simonepossasfontana.wordpress.com
Hoje Recebi Um
Sorriso
(texto escrito com 17 anos de vida)
Hoje recebi um sorriso…
Esse sorriso foi como um aperto de
mão, uma palavra amiga, um abraço fraterno.
Hoje recebi um sorriso...
E foi um momento muito bacana para
mim. Imagine a cena: estou trabalhando e nesse trabalho às vezes tenho que lidar
com dinheiro. Faço contas... E mais contas... E ao final da contagem, percebo
que está faltando uma certa quantia. Fico preocupada (na verdade, apavorada!).
Retorno ao Banco e noto que o erro não foi meu e é aí que recebo um sorriso da
atendente de caixa, funcionária novata. Seu sorriso é um pedido de desculpas.
Retribuo o sorriso, desculpando-a!
Hoje recebi um sorriso...
De uma recepcionista em um
consultório médico. Estava nervosa e preocupada, mas ela, com seu sorriso meigo
e com muita bondade, conversou comigo deixando-me calma, serena, tranquila.
Agradeço a essa moça e a tantas outras que sabem, com seus sorrisos, deixar os
pacientes à vontade enquanto esperam o momento de serem atendidos pelos
médicos.
Hoje recebi um sorriso...
De um conhecido que não via há
bastante tempo. Passou rápido por mim, cumprimentou-me e sorriu! Foi como se
tivéssemos parado na rua, nos abraçássemos e ele me dissesse: “- Poxa cara!
Quanto tempo faz que não batemos um papo?”. Obrigada aquele companheiro que
sabe a importância de um sorriso para um amigo distante!
Hoje recebi um sorriso...
Foi dos componentes do grupo de
jovens o qual participo. Sorrisos sinceros e alegres que diziam: “Como é bom te
ver novamente! Como é bom te termos aqui!”. Obrigada a esses amigos que, com
seus sorrisos, sabem se fazer cativar.
Hoje recebi um sorriso...
De dois amigos que estavam num
ônibus, prontos para viajarem para uma cidade distante. Acenaram e sorriram.
Sorriram com lágrimas, já sentindo saudades mesmo antes de partirem. Nessa
conversa silenciosa, na troca de sorrisos, captei a mensagem: “Não te
preocupes. Voltaremos logo”. Sorri de volta de maneira fortalecedora e encorajadora,
como um tapinha nas costas a dizer: “Boa viagem. Vão com Deus!”
Hoje recebi um sorriso...
Que me deixou feliz pelo resto do
dia: foi o sorriso de minha mãe! Aconteceu assim: estava de mal comigo mesma,
pois tudo o que fazia dava errado e compreendia o porquê minha mãe estava
zangada comigo. Tinha toda a razão! Algo mudou. Foi uma troca de carinho mútua.
Pela manhã ela sorriu e retribuí amigavelmente. A partir daí, tudo mudou, pois
entendi que aquele sorriso era como uma bandeira branca em tempo de guerra. Ela
só queria mais amor! Só queria paz! Nada como um sorriso para pedir isso!
Obrigada mãe! Obrigada por teres entendido que o sorriso que dás é muito
importante para quem o recebe principalmente para alguém que a ama, como eu!
Como seria bom que todos
transmitissem amor através do sorriso! Ao acordar pela manhã, se me levanto com
um sério semblante, todo o meu dia será em vão, pois sinto que não estarei
disposta a amar, mas se recebo um sorriso, tudo muda! Por outro lado, se me
levanto sorrindo, sei que o meu dia de trabalho terá somente alegrias, pois
saberei suavizar os problemas que surgirem.
É tão agradável chegar a algum lugar
e ser recebida com um sorriso! É como um sinal de boas vindas! É a certeza de
ser querida naquele lugar!
Ainda bem que existem pessoas que
distribuem amor através do sorriso!
Desejo que o meu sorriso seja também
um meio para levar o amor e o carinho às pessoas que necessitem.
Simone
Possas Fontana
escritora
gaúcha de Rio Grande-RS,
membro
da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro
correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro
da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora
dos livros MOSAICO, A MULHER QUE RI, PCC
e O PROMOTOR
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pós-graduada
em Literatura,
contista
da Revista Criticartes,
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04 de outubro de 2018.
Metamorfose
Mundial
Tenho dezessete anos e este é meu
desabafo!
Estou impressionada e decepcionada
com o mundo atual. Tudo gira em torno de dinheiro. DINHEIRO, DINHEIRO E MAIS
DINHEIRO!
Queria que houvesse mudança: uma
metamorfose mundial!
Se vou ao médico queixando-me de um
resfriado, ele aceita e receita alguns remédios, sem avisar-me que esses
medicamentos são fortes, que podem causar distúrbios intestinais, problemas no
fígado, etc., e não adianta reclamar, pois o dinheiro da consulta já está nas
mãos desses profissionais desumanos que não se importam com o sacrifício que
fazemos para pagá-los. Parece que não sabem que é necessário trabalhar metade
do mês para pagar o que se gasta em uma hora num consultório médico. Isso sem
falar que o preço das consultas cresce assustadoramente!!!
Só querem o dinheiro. DINHEIRO,
DINHEIRO E MAIS DINHEIRO!
E assim vai aumentando minha raiva
do mundo. Este mundo cão onde só o potencial é aceito, onde a fama é
glorificada, onde tudo gira em torno do dinheiro, onde o pobre é massificado
cada vez mais e sufocado por esse bando de desumanos como canibais esfomeados.
Se vou ao dentista para obturar um
dente, saio de lá com várias consultas marcadas para extrair um aqui, ajeitar
um ali, tratar uma pequena cárie ou um canal, etc. E assim vai todo nosso
esforço quinzenal em uma cadeira de dentista.
Tudo gira em torno do dinheiro. DINHEIRO,
DINHEIRO E MAIS DINHEIRO!
Aí eu me pergunto: por que não
existem mais profissionais honestos? Profissionais humanitários? Por que tornar
as coisas mais difíceis? Poderiam ser tão fáceis! Tão simples! Talvez a
resposta do porquê esteja acontecendo tantas barbaridades contra nós, seja que
eles (os poderosos) já tenham passado por isso; já tenham sofrido o bastante e
agora queiram se vingar, escravizando o pobre operário. É a única razão que
encontrei!
Algumas pessoas culpam a Deus, mas
Ele não tem culpa do que está acontecendo. Ele nos deu um mundo maravilhoso
onde só existia paz, onde tudo era amor e harmonia. O mundo está mudado!
Acontecem muitas lutas e imperam o ódio, o rancor e o egoísmo. O capital reina.
Violência gera violência e assim o pobre fica por baixo de toda essa podridão,
onde o superficial domina. Pobre esse que tem que fazer milagres para sustentar
sua família e, ainda por cima, existe um tipo de profissional que tira,
desonestamente, desse infeliz para encher os próprios bolsos e gastar em
supérfluos, apenas para dizer que possui.
Estou com raiva deste mundo! Tenho
vontade de chorar, gritar, de falar tudo o que tiver vontade para esses falsos
profissionais. Sei que se fizer isso certamente serei processada por calúnia ou
difamação. Estou cansada de ver tanta gente humilhada pelos poderosos que se
dizem profissionais.
Tudo gira em torno do dinheiro. DINHEIRO,
DINHEIRO E MAIS DINHEIRO!
Estou procurando um lugar onde não se
precise de dinheiro. Talvez encontre.
Quem sabe encontre no campo?
Convidar minha família para passar algumas horas no campo. Livres,
despreocupados e agradecer por esse tempo de permanência juntos, sem falar em
dinheiro.
Quem sabe encontre na criança? Ela é
pureza e alegria. Não existe maldade. Passar a tarde brincando com essa
criança, talvez me liberte, me sinta mais gente e esqueça um pouco esse
terrível problema.
Quem sabe encontre no ombro amigo?
Tenho muitos amigos e orgulho-me disso. Sempre que precisam correm a pedir meu
auxílio e sempre que noto que precisam de ajuda, vou socorrê-los. Só que desta
vez, eles estão com o mesmo problema que eu: procuram um lugar onde não se fale
somente em dinheiro; onde o dinheiro não seja o essencial; onde exista paz!
Já sei onde encontrarei essa paz que
procuro: EM MIM! No silêncio do meu coração converso com Deus! Não preciso de
hora marcada para chegar nem para sair. Não preciso pagar consulta, pois a
única forma de pagamento que Ele exige é amor! E amor tenho bastante para
distribuir a todos! Conversamos mansamente. Será uma consulta onde a palavra
dinheiro não entrará em cogitação. Somente amor, muito amor.
Nessa conversa silenciosa agradeço Sua
existência; agradeço por este “lugar” só nosso onde consigo me sentir em paz,
longe do barulho ensurdecedor das máquinas de fabricar dinheiro!
Agradeço por existirem os campos, as
crianças, os amigos e, sobretudo, por Você existir. Você é minha segurança, minha
paz, o meu TUDO!
Simone
Possas Fontana
escritora
gaúcha de Rio Grande-RS,
membro
da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro
correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro
da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora
dos livros MOSAICO, A MULHER QUE RI, PCC
e O PROMOTOR
graduada
em Letras pela UCDB,
pós-graduada
em Literatura,
contista
da Revista Criticartes,
blog:
www.simonepossasfontana.wordpress.com
Meu Tio Elcyr
Na verdade, ele não é meu tio; não
tem meu sangue, mas é meu tiozinho de coração, de amor e de família!
Foi casado durante muitos anos com
minha tia (esta sim, tia verdadeira) e me deu três primas-lindas-amigas. Vejam
que alegria! E como se isso não bastasse, casou-se novamente e me deu mais duas
primas-lindas-amigas. Alegria novamente!
Recordo-me com muita saudade desse
tio tão querido; dos meus tempos de infância, quando chegou a Rio Grande-RS
para visitar-nos. De longe já se sabia que era ele quem havia chegado, pois
trazia sempre pendurado no cinto, um chaveiro com muitas chaves, que faziam
muuuuuuito barulho (hehehehe).
Uma vez chegou com seu carro (um
Chevette cor de caramelo), todo faceiro, ansioso para mostrar o novo som que
havia instalado. Entramos no carro, estacionado em frente a nossa casa, no
Bairro Lar Gaúcho. Ele ligou o carro e disse: “- Olha como é potente! Escuta só
como é bom este som! Ele circula dentro do carro, fazendo a volta nos quatro alto-falantes!
É estéreo! Uma maravilha!”. Eu ficava como se estivesse encantada; de olhos (e
ouvidos) bem abertos!
Sempre que meus pais e eu íamos a
Pelotas, passávamos na casa dele para visitá-lo. E como eu ficava feliz quando
isso acontecia! Ele era pura gentileza, alegria, elogio, contentamento e
amizade! Adorava conversar com as filhas – minhas primas Adriana, Andréia e
Carla – e eu adorava ficar escutando essa conversa. Nunca o vi brigar, gritar
ou bater nelas; apenas conversava, explicava a diferença entre o certo e o
errado e dava conselhos.
Meu tio é sabedoria, paciência,
alegria, gentileza, elogio e... música! Ah! Ele adora ouvir uma boa música!
Mesmo não sabendo tocar qualquer instrumento, sabe ouvi-la. É versátil! Gosta
tanto de guarânia, polca paraguaia e música sertaneja de raiz quanto gosta de
rock e música clássica. Nos nossos passeios de carro, sempre cantava uma música
que era mais ou menos assim: “Lua bonita
se tu não fosses casada, eu pegava uma escada para ir no céu te beijar. Porque
casar-se com um homem tão sisudo que come, dorme e faz tudo dentro do teu
coração?...”.
Há uns três anos, tive a satisfação
de recebê-lo em minha casa. Eu e meu marido tivemos a oportunidade de viajar
com ele. Essa é outra de suas paixões: viajar! Sempre achei engraçado quando
passávamos em alguma cidade com cemitério pequeno e ele dizia: “- Ah! Aqui eu
quero morar! Não morre quase ninguém nessa cidade! Olha só o tamanho desse
cemitério!”
Minha infância foi muito feliz por
vários motivos – e um deles foi a existência do tio Elcyr! Ah! Se toda criança
tivesse a alegria de ter a presença dele em sua vida! Tenho certeza de que sua
infância seria bem melhor! EU TIVE ESSE PRIVILÉGIO!
Pois esse meu tio querido do coração
foi acometido de uma grave doença e esta manhã recebi a notícia de que está
hospitalizado. Por esse motivo estou triste. Deus sabe o que faz! Se Ele achar
que meu tio já cumpriu sua missão aqui na Terra, vai levá-lo para usufruir de
sua companhia. Que vá em paz e até breve!
Por outro lado, se Deus achar que
meu tio querido deve permanecer aqui conosco e continuar a nos alegrar com sua
companhia, que seja assim: vamos continuar viajando – Foz do Iguaçu, Ponta
Porã, Concepcion, Assunção, etc. Venha logo! Estamos lhe esperando!
Então, até breve tio: seja aqui na
Terra ou lá no Céu!
Simone Possas Fontana, manhã de 25/02/2010.
Observação: Tio Elcyr faleceu na tarde deste mesmo
dia, após eu ter escrito o texto acima.
Simone
Possas Fontana
escritora
gaúcha de Rio Grande-RS,
membro
da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro
correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro
da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora
dos livros MOSAICO, A MULHER QUE RI, PCC
e O PROMOTOR
graduada
em Letras pela UCDB,
pós-graduada
em Literatura,
contista
da Revista Criticartes,
blog:
www.simonepossasfontana.wordpress.com
Minhas Anotações:
- Conto escrito em fevereiro2010 em
homenagem ao meu tio Elcyr Fernandes Mesemburg
MILTON
E VERINHA
Ela o avista da
sua sala e criando coragem encaminha-se até ele.
- Oi. – riscando
o chão com o bico do sapato e olhando o que desenhou.
- Oi. O que foi?
Nunca viu alguém do lado de fora da sala de aula? – ele responde rudemente, com
as mãos cruzadas nas costas e encostado na parede.
- Sim. Já o vi
várias vezes encostado nesta parede e sempre fiquei curiosa para saber porque
você ficava aqui fora ao invés de lá dentro? O que faz aqui?
- A professora
me mandou sair.
- Você estava
incomodando a aula?
- Ah! Ela disse
que sim. Estava tudo muito quieto, mas queria dar um cascudinho na cabeça de
um, beliscar o outro, queria falar, falar...
- Ah tá! Queria
chamar a atenção, né?
- Você acha?
Pois que seja! – diz emburrado.
- Como se chama?
- Milton.
- Milton, se eu
fosse psicóloga ou terapeuta diria que você vem de um lar turbulento, com um
pai que bebe muito e após beber fica violento. Violento ao ponto de bater na
esposa e nos filhos. Acertei?
- Hã? – diz o
menino arregalando os olhos. – Até parece que você vai lá na minha casa e
assiste as brigas!
- Viu? Acertei!
Mas não fique triste, não! Deixe as brigas para o ambiente de sua casa, já que
não pode evitar. Para cá traga apenas seus livros e a vontade de aprender, seu
bobo! Está perdendo seu tempo!
- Hã hã.
Obrigado Verinha. – diz de cabeça baixa, desta vez sem arrogância.
- Verinha? Como
você sabe meu nome?
- Vi seu nome
naquele cartaz ali. – apontando com o queixo para o cartaz na parede com fotos
e nomes dos melhores alunos da escola. – Você é a melhor em tudo, né?
- Não Milton.
Não sou melhor em tudo, mas gosto de estudar e aqui me sinto segura e
tranquila. Não importa se tenho problemas em casa ou não. Quando aqui chego, me
transformo. Vejo minhas amigas, conversamos, trocamos ideias, estudamos, damos
risadas!
- Hum... Que
bom. – responde o menino
- Temos um grupo
de estudo todas as segundas, quartas e sextas-feiras. Se você quiser
participar, será bem vindo.
- Verdade? Mas
não sei nada! Não vou ajudar em nada!
- A princípio
você vai aprender! Leva suas dúvidas e vamos ajudar a fazer as tarefas!
- Verinha... Tem
uma professora na porta de sua sala, com cara de brava, com os braços cruzados,
olhando para cá.
- Oh! É minha
professora! Nossa! Já se passaram quinze minutos que estamos conversando!
E voltou
correndo para a sala de aula.
(Milton
tornou-se engenheiro químico de uma importante multinacional e Verinha é
escritora).
Simone Possas Fontana
(escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do
Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia
Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de
Escritores,
autora dos livros MOSAICO, A MULHER QUE RI e PCC,
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Cultura do Mundo,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com)
Muito bom.Parabéns.
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